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    Roberto Moraes

    Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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    Musk da Tesla expõe a relação dos financistas e das corporações com a geopolítica dos EUA

    Elon Musk negocia com grupo israelense de inteligência artificial Cortica (Foto: Stephen Lam / Reuters)

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    Neste sábado (25/07/2020) tomamos conhecimento que o empresário americano, Elon Musk, 7°pessoa mais rica do mundo pela lista da Bloomberg, dono da Tesla, a companhia dos carros elétricos assumiu sua participação direta no golpe político na Bolívia. (saiba mais aqui).

    Musk que é controlador de uma holding com outras empresas além da Tesla, como uma companhia de painéis solares, sempre recebeu polpudos subsídios e incentivos fiscais do governo americano, afirmou ainda que não adianta reclamarem que ele continuará a agir desta forma e sob seus interesses.

    Pois bem. Assim temos aí a plutocracia assumida.

    É oportuno lembrar que a Bolívia tem grandes reservas de lítio, metal fundamental para as baterias que são usadas nos carros elétricos, exatamente, o negócio de Musk, que ainda faz o discurso ambientalista modernoso.

    E ainda há quem chame as interpretações sobre os movimentos e interesses de agentes dos setores corporativos e financeiros, como teoria da conspiração.

    Mais claro impossível.

    Temos aí a América Latina com suas veias abertas (Eduardo Galeano) e como quintal dos interesses das corporações e geopolítica do Norte.

    Ainda sobre o Elon Musk da Tesla, a professora, pesquisadora e escritora, Mariana Mazzucato, autora do excelente livro "O Estado empreendedor" postou mais cedo em seu twitter outra crítica ao dono da Tesla sobre suas posições contra apoio governamental às vítimas da crise criada com a Pandemia nos EUA: 

    "Musk julga que o governo dos EUA não deve socorrer as pessoas na pior crise econômica desde a Grande Recessão, mas não vê problemas em recolher subsídios governamentais e incentivos fiscais para o seu bolso". 

    Mazzucatto traz ainda um link (aqui) de uma matéria do Los Angeles Times, em 30 de maio de 2015: "O crescente império de Elon Musk é alimentado por US$ 4,9 bilhões em subsídios do governo". 

    Aliás, o tema estimula a leitura do livro da Mazzucato, O Estado empreendedor. A publicação apresenta uma farta pesquisa empírica e bela análise sobre papel do Estado no fomento às grandes corporações que coloca por terra o discurso neoliberal do sujeito-empreendedor liberal que advoga o "Estado mínimo" para os outros e máximo para si.

    Voltando ao tema da exploração dos minerais raros, sugiro a quem se interessar em aprofundar o conhecimento sobre a exploração e o potencial dos minerais e terras raras na América Latina e na África, conhecer a pesquisa da professora Mônica Bruckmann, da UFRJ, cujo trabalho conheci e debati junto com o professor Theotônio dos Santos, de quem a peruana professora Mônica é viúva.

    A pesquisadora Mônica Bruckmann tem farto material, mapas, gráficos e tabelas sobre a geoeconomia dos recursos naturais e sobre o potencial destes minerais e sobre a guerra do império pelo controle da destes recursos naturais e sobre o que ela já chamava da "geopolítica do lítio no século XXI".

    Nos sites de buscas é possível localizar vários textos e vídeos com aulas e palestra sobre o tema que se relaciona diretamente com a notícia da participação do Musk nos movimentos do golpe político na Bolívia em 2019. Um destes vídeos no YouTube e pode ser visto aqui. Se trata de uma conferência em março de 2018, na UFSC, Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA), sobre o tema "Imperialismo e Recursos Naturais na América Latina".

    Enfim, um caso real sobre relação dos financistas e das corporações com a geopolítica dos EUA, a plutocracia (governo dos ricos e para os ricos) e imperialismo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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