Não normalizem Donald Trump
"A extrema-direita só precisa de mais uma peça para se transformar em uma máquina de guerra: Trump como presidente", alerta Eduardo Guimarães
Como a esquerda foi alijada da política dos Estados Unidos? Simples: usando níveis estratosféricos de uma burrice arrogante vista em toda a sua "majestade" com o ataque do partido Democrata a Joe Biden, o que também puxou o tapete de todos os "liberais" norte-americanos.
Donald Trump venceu de novo. Agora pode dizer que não mentiu quando disse que Biden era um péssimo candidato; os próprios democratas avalizaram. E o que foi que ele fez de tão grave para ser linchado pelos dois lados do espectro político? Teve lapsos de memória que empanaram completamente números vistosos na economia, como um crescimento de 8,03% e uma enxurrada de empregos bem-remunerados.
O diabo do cabelo amarelo, porém, venceu sem mérito nas duas vezes. O disparo que o atingiu de raspão o favoreceu ao torná-lo "herói" por ter erguido teatralmente o braço após ser atingido e pedido "luta" -- o que, na boca do patrono do 6 de janeiro de 2021, tem um significado perigoso. Já a defenestração de Biden foi "mérito" da burrice dos democratas, que deram ao adversário o poder de dizer que estava certo.
O que espanta e atemoriza é ver que o Brasil está trilhando a mesma estrada dos EUA. Até 2013, a esquerda brasileira reinava soberana e não havia perspectiva de tirá-la do poder. A centro-direita tucano-pefelê havia perdido três eleições presidenciais seguidas e não tinha discurso para ser erguer.
Eis que um grupo microscópico da esquerda paulistana teve a brilhante ideia de fustigar Fernando Haddad após míseros seis meses governando a capital paulista. Com renda crescendo, pleno emprego, economia bombando, pobreza e desigualdade despencando, 20 centavos no aumento no preço das passagens de ônibus e metrô ressuscitaram a extrema-direita.
Corte rápido para 2022. Só foi possível tirar a extrema-direita do poder com uma frente ampla que reproduz, em certa medida, o espectro político norte-americano, com uma coalizão de centro-esquerda-direita para enfrentar os fascistas treinados pelo trumpismo do Sorocabannon e do Eduardo Bolsonaro.
Quem criou Bolsonaro foi junho de 2013. Seu filho Eduardo Bolsonaro disse isso em uma entrevista a uma rádio bolsonarista há cerca de seis meses. Mas quem tornou a extrema-direita um poder incontrastável na internet foi Donald Trump e seu estrategista Steve Bannon.
Os laços entre os dois fascistas, Trump e Bolsonaro, estreitou-se muito durante a pandemia, com ambos mentindo sincronizadamente sobre medidas sanitárias para conter a Covid e forjando tratamentos ineficazes com a única e exclusiva finalidade de não permitir que os grandes empresários tivessem prejuízos com o "fique em casa".
Trump e Bolsonaro mataram centenas de milhares de pessoas para manter o lucro do Capital.
Ambos tentaram dar golpes de Estado idênticos, ambos insuflam o armamentismo desvairado que tantas tragédias provoca lá e aqui. E ambos são financiados, também, pela indústria armamentista leve.
Normalizar Trump é normalizar Bolsonaro, Viktor Orbán, Marine Le Pen, Maximilian Krah (AFD) e outros exemplares perigosos do nazifascismo contemporâneo.
A Internacional extrema-direita só precisa de mais uma peça na sua máquina de guerra ideológica para se transformar em uma máquina de guerra militar: Donald Trump como presidente da maior potência econômico-militar da Terra. Eis que surgiria a maior ameaça à humanidade no século 21.
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