Não podemos normalizar os golpes
Ao não cortarmos o mal pela raiz, com a prisão dos mentores de golpes e correlatos, viveremos mais dias de tensão
Queriam matar o Presidente e o Vice-Presidente eleitos. Queriam matar o Ministro do STF e do TSE. Já quiseram explodir o sistema de abastecimento de água de Guandu. Imitaram o RioCentro com explosão “acidental” em frente ao STF, que está sendo forçada como suicídio de um louco. E vamos normalizando golpes e mais golpes e as tentativas de golpes, ouvindo um dos herdeiros de um dos mentores do golpe dizer que são “apenas” situações pontuais.
Querem normalizar o crime ao chamar o terrorista de doente. O atentado pode ter sido fruto de um surto psíquico, mas as evidências mostram planejamento e motivação. Ao não cortarmos o mal pela raiz, com a prisão dos mentores de golpes e correlatos, viveremos mais dias de tensão. Paradoxalmente, quando verdadeiras questões de saúde pública vêm à tona, como o aborto e a dependência química, os mesmos extremistas de direita avocam motivos religiosos e “em defesa da vida” para se oporem.
Que a estapafúrdia PEC da anistia seja enterrada de vez, que mais essa leva de criminosos militares seja devidamente processada, julgada e presa, e que os mentores – que continuam sendo os mesmos e continuam livres! – sejam tirados de circulação, pois estamos em risco institucional.
Incluo uma abordagem para além dos trópicos. Os analistas pós-reeleição de Donald Trump se dividem entre os que forçam um processo democrático corriqueiro de alternância de poder e os que alertam para um extremismo de direita nunca antes visto. Os que normalizam a questão parecem se esquecer do que foi a república de Weimar, na Alemanha, de onde houve a ascensão dos nazistas. Tudo parecia em ordem, democrático, justo e lógico. Deu no que deu.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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