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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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    Não se trata de derrotar só Bolsonaro. É extirpar o bolsonarismo

    Ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro (Foto: Mídia Ninja)

    Olá, companheiros e companheiras. Todos bem? Em outubro teremos a eleição mais decisiva da história do Brasil, considerando todos os momentos que o país teve uma democracia. No entanto, o pleito vai além da não-eleição do Bolsonaro. E necessário nos debruçarmos na derrota do bolsonarismo.

    Este termo, bolsonarismo, deve morrer ao longo dos anos. A tendência é que Bolsonaro seja chutado para o rodapé da História a partir do momento que deixar o Palácio do Planalto. No entanto, o processo de podridão da política encampado pelo atual presidente ainda irá sobreviver por muitas e muitas décadas. E isso é perigoso. 

    Há um ponto positivo nisso tudo: a ascensão de Bolsonaro trouxe à tona o reacionarismo que existe na sociedade brasileira. Tchau, tchau a ideia de “homem cordial” que a sociologia tentou pintar do brasileiro ao longo de todo século XX. Nossa sociedade tem guetos podres, que reproduzem tudo de ruim já produzido pela humanidade. 

    Um dos pontos é a luta pela liberdade de expressão plena (e vou abordar em outro artigo). O bolsonarismo prega a “liberdade de expressão” elevada à enésima potência justamente para poder emitir os comentários mais preconceituosos e asquerosos que são possíveis de um ser humano dizer. Por isso essa saga, quase religiosa, em torno da destruição das travas legislativas que proíbem o racismo, a homofobia e outros preconceitos. 

    A chave para acabar com o bolsonarismo passa pela educação. Pode parecer clichê, mas não há outra saída. O Brasil é um dos poucos países do mundo que busca uma educação universal. Ou seja, que todo brasileiro e brasileira tenha acesso a uma educação básica. Isso é algo muito desafiador e que não se tem exemplos mundiais que possamos usar como exemplo. 

    O saldo da Ditadura Militar foi de 33% de analfabetismo. Atualmente essa porcentagem gira em torno de 6,6% (pode ter aumentado na pandemia). Ou seja, em pouco mais de 30 anos, reduzimos drasticamente um dos piores problemas sociais. E com uma população que não para de crescer e sem um modelo educacional que fosse planejado a longo prazo. É algo muito sintomático da capacidade brasileira de fazer grandes projetos, tal qual o SUS. Precisa aprimorar, claro, mas não se pode negar: sonhamos alto.

    E é através da educação que vamos conseguir erradicar o bolsonarismo. Não é à toa que eles atacam os professores e propagam desinformação sobre o ensino. É tudo calculado. Faz parte do projeto. Porque eles sabem que a educação é a melhor ferramenta para enterrar todo o ódio que eles destilam. 

    Por isso é necessário que o campo democrático, e aqui compreendo a faixa que vai das esquerdas brasileiras até as direitas, se unam para que o bolsonarismo vire apenas uma mancha triste da nossa história. E não volte em um futuro próximo. É necessário contar todas as barbaridades proferidas pelo atual presidente e de seus proto-fascistas ao longo das próximas gerações. 

    É preciso também um trabalho de base, abandonado pelas esquerdas brasileiras, que volte a trabalhar a formação de lideranças populares e que levante as pautas da periferia e das áreas de vulnerabilidade social. Entregamos de mão beijada estes segmentos para a Igreja Neopentecostal que reproduz toda a ordem de preconceitos nestas regiões. 

    O trabalho, lógico, tem que ser passo a passo. Mas não podemos separar uma coisa da outra. Primeiro derrota o Bolsonaro. Depois partimos para derrotar o bolsonarismo, ou qualquer outro nome que possa surgir ao longo do tempo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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