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    Alberto Militanque

    Alberto Militanque é militante do PT

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    Não tem mais brincadeira, começou a Longa Marcha pelas instituições

    O PT precisa reagir com sua força partidária e basta de resoluções e notas à imprensa. Sendo “campanha”, tem que ir para os bairros, para o porta em porta, para as rodoviárias, pontos de ônibus e fazer a defesa do partido e do governo

    O PT precisa reagir com sua força partidária e basta de resoluções e notas à imprensa. Sendo “campanha”, tem que ir para os bairros, para o porta em porta, para as rodoviárias, pontos de ônibus e fazer a defesa do partido e do governo (Foto: Alberto Militanque)

    1 – Quem obteve 50 milhões de votos coloca 1 milhão na rua. Alguns círculos de esquerda já alertavam isso após as eleições, quando foi anunciado, pela oposição, que haveria, sim, “terceiro turno” das eleições presidenciais. Getúlio enfrentou mais do que isso, enfrentou um exército dito constitucionalista armado pelo governo de SP e financiado pelos cafeicultores paulistas derrotados na Revolução de 30.

    2  -O momento, então, exige aposta nos 53 milhões de votos que reelegeram a presidenta Dilma não o vacilo em reconhecer as manifestações do dia 15/03 como “expressão da sociedade” e passar uma semana pensando em que sinais devem ser emitidos como “resposta”. Em Junho/13 este erro foi cometido, com muitos falando em “defesa das ruas”. Lá, como agora, quem ocupou as ruas foi a “UDN” histórica. A direitona.

    3 – A batalha “sociedade x sociedade” foi perdida pela esquerda, isto é, não adianta mais usar o mesmo método dos atos deste domingo, tentando aparentar manifestações “sociais” não-partidárias como os arremedos de ato do dia 13, encampados pelas centrais sindicais. É preciso uma reação profundamente política, com Lula no comando, com os ministros  na linha de frente, que expresse a coalizão de centro-esquerda governante, pondo nos palanques Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros, Kassab junto com Roberto Amaral, o PC do B, com presidentes e ex-líderes dos países da Unasul etc, além dos nossos tradicionais movimentos: CUT, UNE, MST e tantos outros.

    4 – O recado, no nível da mobilização, tem que ser o de uma ampla frente democrática, a la Diretas Já, a la a festa da vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral, a la Comício da Central do Brasil, de Jango.

    5 – Ou esta reação ocorre, nestes termos, já, ou a oposição, com apoio coordenado da embaixada dos EUA, colocará nos próximos dias ainda mais gente sua – sua! – nas ruas. E, com a mídia orientando os atos a partir de uma cobertura ampla, política e parcial, a base do projeto governante será convencida de que a direita marchante é a própria “sociedade brasileira” e o governo vai ser encurralado, aceitando o programa neoliberal ou, mesmo, caindo ante uma fórmula de “união nacional”. Um PMDB desamparado pode se aventurar a servir a isso. Com milhões na rua, a oposição não terá porque esperar quatro anos e os próximos atos não serão mais “difusos”. Neste domingo, a Globo disse que era coisa pacífica, democrática, familiar, quando as imagens e áudios mostraram “Impeachment”, “Intervenção Militar”, “Fora Dilma e Leve o PT Junto”. Puro ódio. Isso, com exceção da segunda consigna, aparecerá não só nas ruas, como abertamente na grande imprensa.

    6 – Se houver um engano na forma de reagir, esta perspectiva será bem sucedida e o dia seguinte será o PT rachando em “cinco” sobre compor ou não a “união nacional” e a extrema-direita (não Bolsonaro, mas quem tem força nas bancadas do PSDB, DEM, PPS e outras siglas) tensionando pela cassação do registro do PT e tentando “pegar” Lula e Dilma pressionando o Judiciário numa correlação de forças, aparentemente desfavorável ao projeto governante. O roteiro foi exposto com clareza no “ensaio geral” da crise do Mensalão.

    7 – Engana-se quem pensa que a crise será resolvida só nas ruas. Parte fundamental da luta se dará no Congresso Nacional. Mais do que nunca, é hora de recompor com o PMDB, com os líderes da base aliada em termos administrativos e na reformulação da linha política, discurso e agenda de governo. Goste-se ou não, este foi o acúmulo institucional do PT até aqui e não é hora de fazer giros: a estratégia de centro-esquerda deve ser reafirmada e radicalizada, além de amplamente esclarecida decentemente de forma política. A eleição de Cunha não mostrou o “custo PMDB”, mostrou o que ocorre sem eles e ninguém quer que, agora, Cunha vire expressão dessas ruas udenistas.

    8 – No campo puramente social, existe um ativo imprescindível: os beneficiários dos programas sociais, que não podem mais deixar de serem urgentemente mobilizados e organizados pelo PT, esquerda, centro democrático e pelo governo. O fórum de movimentos sociais é o pilar de partida, mas não será suficiente.  

    9 – Outro ativo é o espírito da vitória eleitoral pela esquerda. É preciso “engolir” o ajuste fiscal, reformar o ministério de modo a contemplar a coalizão e dar fortes sinais simbólicos à base lulo-dilmista e colocar, com anúncio em cadeia nacional, um conjunto de medidas coerentes com a campanha para recoesionar os setores que garantiram a vantagem de 3%. Não tem saída: do ponto de vista do governo a presidenta tem que liderar.

    10 – A linha governo-sociedade tem que ser clara: em defesa das cotas, ProUni, Minha Casa Minha Vida, Bolsa-Família, Bancos Públicos, Petrobrás, dos BRICS, da integração latino-americana, dos empregos e salários, além da reforma política. Sobre esta última, há que se construir o consenso mínimo com a coalizão, seja ele qual for. Não pode ser uma “lista de compras”, tem que ter foco: é proibição do financiamento empresarial? É o que? É “terceiro turno”, ou seja, infelizmente, pelo menos no âmbito da retórica e do discurso político, segue havendo aquele mesmo embate de temas, ideias e propostas. A linha política levada a cabo para reagir e derrotar duas eleições em uma, primeiro Marina, depois Aécio, deve ser resgatada: chamar as coisas pelo nome, passar a mensagem clara, seja por meios governamentais, seja na propaganda gratuita audiotelevisiva dos partidos.

    11 – Também não há mais espaço para titubeios. É baixar o “espírito” da III Internacional: nós contra eles. Só que “nós” é a centro-esquerda democrática, os herdeiros da abertura, não uma frente que possa ser vista como uma aliança de “radicais”. “Chicos Juliões” do século XXI servem para facilitar a ampliação do apoio à oposição e à unidade desta. O envolvimento dos artistas mobilizados nas eleições é fundamental para criar esse ambiente de confronto entre a política x  golpe.

    12 – O PT precisa reagir com sua força partidária e basta de resoluções e notas à imprensa. Sendo “campanha”, tem que ir para os bairros, para o porta em porta, para as rodoviárias, pontos de ônibus e fazer a defesa do partido e do governo e não só em “grandes temas”, mas, sobretudo, os microtemas da gestão do dia-a-dia: gasolina, juros etc.

    13 – O PT também deve virar sua mesa interna: menos palcos para ouvir Lula e Dilma, o que é super importante neste momento, mas também ouvir sua nova geração, de 18 a 45 anos, do segundo, terceiro escalão dos governos, das assembleias legislativas e câmaras de vereadores, dos movimentos sociais. Há ingredientes ativos na “cozinha” e na “juventude” que devem servir para melhor temperar o “prato” da reação e ofensiva.

    E, “pelamor”, #ChamaoPedroCaroço.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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