Nath, presente!

As últimas 48 horas foram-me de angústia e sofrimento. Além de trabalharmos durante dois anos toda semana, centenas de horas no ar, juntos fizemos vários programas (Europa 247, Veias Abertas, Globalistas, Mais-Esquerda, etc.). Éramos amigos de conversar quase todos os dias, de desabafar as nossas aflições mais profundas, rimos das nossas asneiras!

Partilhávamos um entendimento sobre o jornalismo, que estava longe de uma profissão tecnicista e imparcial, mas como um modo de intervenção no espaço público e publicado a partir de causas, daqueles e aquelas que não têm as suas vozes e necessidades abafadas e ocultadas. Um jornalismo com verdade, objetivo, rigoroso, mas comprometido com todos(as) os explorados e oprimidos de todo mundo!

O internacionalismo da Nath não era abstrato. Participou ativamente como militante na causa da independência escocesa, da Palestina, anticolonial e africana. Tinha um orgulho em se identificar e se reconhecer enquanto trabalhadora latino-americana, feminista e imigrante, enchia a boca para se referir às suas origens.

Confesso: os últimos anos têm sido bastante duros para mim, mas esses dois dias foram... O seu último áudio a desejar-me feliz aniversário e dizer que quando chegasse em Edimburgo iria me ligar não sai da minha cabeça. Infelizmente, amiga, essa chamada não chegou a tempo!

A sua vida e morte foram um manifesto contra a sociedade capitalista, essa máquina de assassinato social, de empobrecimento e miséria. Foi também um exemplo de caminhada anti-imperialista destemida! Nath, presente!

Obs: o que me deixa ainda mais triste é que nem na hora da sua morte os abutres não deixam a sua memória em paz. Os oportunistas de plantão estão prontos à procura de “likes”!