Nenhum país permitiria a candidatura de um traidor
Nenhum país permitiria a candidatura à presidência da república de um traidor, que trabalhou para um país estrangeiro. No Brasil, uma mídia tão venal quanto Moro tenta normalizar sua atuação e procura fazer com que os brasileiros se esqueçam do mal que este juiz ladrão causou.
Nenhum país decente permitiria que um agente público que trabalhou para uma potencia estrangeira se candidatasse à presidência do país.
A maior parte das pessoas que critica a candidatura do polêmico ex-juiz Sérgio Moro, chefe da Lavajato, o acusa de juiz parcial, ou “juiz ladrão”. De fato, em um país minimamente funcional sua evidente parcialidade seria suficiente para uma punição exemplar, provavelmente com longa temporada de prisão. Infelizmente, desde o golpe de 2016, o Brasil deixou de ser um estado nacional minimamente normal. Para qualquer observador mais atento, é evidente que até mesmo a democracia liberal deixou de ter as suas regras respeitadas, desde 2013 e que instituições, que deveriam ser republicanas. caíram como abutres sobre o governo federal, para executar o famigerado golpe de 2016.
Na origem e no cerne dos processos que viabilizaram o golpe está a Operação Lavajato, que envergonha todo o país e não apenas os operadores da justiça brasileira. Hoje se sabe, que no comando da operação estava Sérgio Moro.
A Lavajato, agora também é evidente, tinha o objetivo de amputar a democracia brasileira; prender o candidato favorito para as eleições de 2018; arrasar o mais forte partido de esquerda da América Latina; assassinar a reputação de políticos aliados ao projeto popular; demolir o principal núcleo da economia nacional – a Petrobras e as empreiteiras, que movimentavam a maior cadeia produtiva dos países emergentes, sendo responsáveis por mais de 50% do PIB do Brasil –; e desorganizar de todas as maneiras o país.
O estrago que a Lavajato fez no Brasil está diretamente ligada ao empobrecimento dos brasileiros; assim como ao assustador desemprego; a cruel informalidade – inclusive daqueles que foram convencidos de que são “empreendedores”, porém sofrem como todos os abandonados –; a acelerada volta da miséria; e à tragédia da fome.
LAVA JATO QUEBROU A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE PODER NO BRASIL
O resultado perverso da Lavajato foi obtido através da quebra das relações de poder no Brasil, que ainda eram muito injustas, porém avançavam. O Brasil conseguiu erradicar a fome; incluir 30 milhões de miseráveis; abrir as portas das universidades para grupos sociais cada vez mais amplos; proporcionar mais moradias, ampliar a qualidade e o acesso à saúde; proteger minorias, deter a destruição da Amazônia e pode registrar diversas outras conquistas.
No plano econômico, o país chegou a ser por um breve período a quinta economia do mundo, superando o Reino Unido e se estabilizou na sexta posição no ranking. Diversos projetos industriais de ponta atraiam profissionais, técnicos, professores e cientistas para o país. A Petrobras entrou no grupo das cinco maiores empresas do mundo, antes ainda de começar a extrair o pré-sal. As construtoras brasileiras eram líderes mundiais no setor e mantinham grandes contratos em todo o mundo, derrotando suas concorrentes em disputas internacionais. Algumas dessas empresas, como a Odebrecht, investiam em indústrias de alta tecnologia, como a indústria militar, para produzir mísseis, equipamentos de comunicação, radares, drones, sistemas de inteligência artificial, navios avançados e outros itens, o que ameaçava a posição internacional de tradicionais fabricantes estadunidenses e europeus.
Certamente existiam os corruptos, como ocorre em qualquer instituição. Quanto maiores forem as instituições mais difícil é o controle dos desvios. Entretanto, como foi provado no longo processo judicial sofrido por Lula, que resultou na sua completa absolvição, a corrupção nunca foi política de governo e jamais foi aceita pelos governos do PT. Ao contrário, nunca se fez tanto contra os malfeitos como durante o período de Lula e Dilma.
Antes nem depois de Lula e Dilma as instituições de justiça, como por exemplo a Polícia Federal e o Ministério Público, tiveram tanta autonomia para atuar.
Infelizmente, houve juizes, procuradores e policiais federais que abusaram da confiança dos governos Lula e Dilma, assim como dos brasileiros. Traindo a confiança recebida essas instituições destruíram a economia, provocando a catástrofe social que empobrece e penaliza quase a totalidade da população.
E a receita que utilizaram para o suspeito combate à corrupção foi a mais perverso possível. Ao invés de prender os eventuais corruptos, os integrantes da Lavajato desestruturaram a Petrobras e destruíram as empreiteiras, o que exterminou suas cadeias de fornecedores, resultando nos milhões de desempregados e uberizados, que sofrem em todo o país.
A destruição de suas principais empresas jamais sequer foi cogitada em nenhuma sociedade organizadamoderna. Nem mesmo na Alemanha, Japão e Itália, países derrotados na guerra mais mortífera do mundo uma barbárie como essa foi admitida. Grandes empresas, como a Mercedes, Bayer, BASF, Siemens, Fiat, Aermachi, Oto Melara, Mitsubishi e diversas outras continuaram existindo, mesmo culpadas por crimes de guerra ou contra a humanidade, e seus empregos foram preservados.
Os maiores episódios de corrupção da história envolveram empresas dos Estados Unidos. O maior dele foi o da Lockheed, que distribuiu propina por toda a Europa Ocidental, Japão e Arábia Saudita. Dois executivos foram afastados, o governo estadunidense aprovou uma lei para proibir processos de países estrangeiros contra seus cidadãos, e a empresa continua sendo uma das maiores fornecedoras das forças armadas dos EUA.
O BRASIL JÁ ESTAVA PRONTO PARA O CLUBE DOS MAIORES
O projeto para o petróleo do pré-sal recorria aos exemplos da Noruega e Canadá, que utilizaram suas riquezas do subsolo como uma escada para um futuro de bem-estar para suas populações. Como todos lembram, Dilma Rousseff pretendia utilizar a maior parte dos recursos obtidos com as novas jazidas para investir na educação e na saúde.
Com os vastos recursos obtidos neste projeto, principalmente na educação, o Brasil poderia pagar seu bilhete para entrar no clube dos principais países do planeta, sendo capaz de oferecer uma vida justa, digna, produtiva e prazerosa para todos os seus habitantes.
O Brasil registrava avanços, tinha projetos, sonhos e esperanças. Os brasileiros confiavam que entregariam para seus filhos um país muito melhor do que aquele no qual viveram. Até que se abateu a tragédia desencadeada pela Lavajato.
O resultado da Lavajato é um país destruído em suas forças vivas, culturais e produtivas mais valiosas. O Brasil está em uma situação de aniquilamento semelhante à de um país que perdeu uma guerra e vai sofrer muito, durante décadas para se recuperar.
BRASIL PERDEU UMA GUERRA E ESTÁ SOB OCUPAÇÃO
O Bolsonarismo, que é produto do lavajatismo, atua como um exército de ocupação do Brasil. Bolsonaro e seus aliados das milícias criminosas, militares e nazifascistas, são como invasores que nada fazem pelo país, somente destroem – como o próprio miliciano confessou em uma de suas primeiras falas em Miami, depois de eleito.
Tal grau de destruição não ocorre por acaso, muito menos pode ser causado por um grupo de provincianos operadores da justiça, sem cultura, capacidade intelectual ou preparo técnico relevante. Como apresentado em artigo anterior ( https://ocontexto.org/2021/11/12/moro-e-candidato-a-prisao-por-traicao-ao-brasil/ ), a Lavajato é um artifício da geopolítica dos Estados Unidos para desorganizar o Brasil. Como se pode ver no artigo acessível pelo link acima, as autoridades estadunidenses não têm pudores em assumir, que participaram ativamente da cooptação, do treinamento, da organização, do fornecimento de informações, do balizamento estratégico e da orientação dos integrantes da Lavajato. Eles também não escondem que havia o interesse dos EUA em enquadrar e enfraquecer o Brasil, que estava se tornando uma pedra no sapato do império informal estadunidense, como é classificado por Moniz Bandeira, Giovanni Arrighi, Feix Vidal, Prashad, Jane Burbank, Frederick Cooper e Peter Kuznick.
Thomas Shannon, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, entre 2010 e 2013, é explícito ao declarar publicamente que “o projeto brasileiro de integração regional suscita preocupação no Departamento de Estado estadunidense, considerando-se que o desenvolvimento da Odebrecht é parte do projeto de poder do PT e da esquerda latino-americana” (Bourcier e Estrada, 2021).
Os que alegam que as intervenções dos Estados Unidos são “teoria da conspiração” estão simplesmente cegos para a história e a realidade. São do mesmo tipo de gente que negou, durante décadas, que os EUA comandaram o golpe de 1964, até que a desclassificação dos documentos dos arquivos governamentais estadunidenses provou o contrário.
As intervenções dos Estados Unidos nos países das Américas são fatos comuns, desde a independência das 13 colônias. Metade do México foi engolido pelo império estadunidense, que somente não tomou todo ou parte do Canadá do Império Britânico, porque, quando tentou, foi derrotado em uma guerra, em 1812.
Na América Central e Caribe – incluindo Colômbia e Venezuela – as tropas estadunidenses oficiais ou mercenárias se transformaram em “arroz de festa” de sucessivas invasões, para instalar seus ditadores favoritos.
Nos países um pouco mais organizados do Cone Sul das Américas, as invasões explicitas poderiam ter efeito contrário, ao despertar o nacionalismo (como os britânicos aprenderam na sangrenta reação à invasão de Buenos Aires, em 1806). Assim o método preferido foi o do estímulo aos golpes militares.
No Brasil, Argentina e Uruguai, o forte interesse britânico manteve os Estados Unidos afastados, até o colapso do Império na Segunda Guerra Mundial. A partir de 1945, assim como no resto do mundo não alinhado com a União Soviética, os agentes dos EUA se refestelaram em movimentações golpistas. As duas quedas de Getúlio estão inseridas neste contexto.
O método dos golpes militares, além da atração de oficiais das forças armadas, incluía ainda a cooptação de veículos de mídia para manobrar a opinião pública e a compra de políticos, que seriam os responsáveis por dar um verniz de legalidade ao crime de lesa pátria.
A ferocidade monstruosa dos militares e mudanças no mundo, após a queda da União Soviética, impuseram mudanças no enredo tradicional. Os militares foram retirados do papel de tropa de choque dos movimentos golpistas, sendo o lugar deles ocupado pelos operadores da justiça – em geral oriundos das oligarquias mais conservadoras dos seus países, ou figuras integradas a estes grupos. Joaquim Barbosa é um exemplo clássico, ele foi integrado a um ambiente oligárquico, sem pertencer a este grupo, então, para ser aceito, ele se comportou com truculência maior do que seus novos pares.
Os jecas da Lavajato também cabem neste exemplo. Como está sendo descoberto, os integrantes da operação organizada para trair o Brasil também miravam vantagens pecuniárias, ou seja, engordar suas contas bancárias e ascender socialmente; no entanto aquelas pessoas periféricas, de mentes frágeis, sentiram-se como heróis da baixa literatura, lutando por seu admirado Estados Unidos, contra os mestiços brasileiros (principalmente aqueles comunistas do PT).
Nas cabeças pequenas de Moro e sua turma eles eram personagens de um enredo comum na literatura de propaganda dos Estados Unidos: os mocinhos do bem da “América” contra os feios comunistas do mal. Isso está nas séries, filmes, histórias em quadrinho e na baixa literatura distribuída pelas transnacionais de entretenimento dos Estados Unidos para o mundo inteiro. É esse conteúdo cultural sob encomenda que os lavajatistas consomem e, a partir dessas bobagens compreendem o mundo.
Desta forma, por dinheiro, poder e pela sua degenerada percepção da realidade, Moro e os lavajatistas não têm, nenhum pudor em trair o Brasil. Na sua percepção deformada do mundo, eles acreditam estar fazendo a coisa certa. Essa gente acredita que seu país e a “América”, mesmo que nunca sejam plenamente aceitos como tal, por isso não vêm problemas em trais o Brasil.
Moro traiu o Brasil no comando da Operação Lavajato, continuou traindo na conspiração para levar Bolsonaro ao poder e tentou se colocar com mais evidência no governo do miliciano para fortalecer a sua posição de traidor. Ao ser apeado do governo bolsonarista, também antinacionalista e traidor, o ex-juiz ladrão pediu guarita aos seus verdadeiros chefes, que o acolheram o protegeram, até decidir que ele deveria ter uma nova missão.
APOIAR BOLSONARO QUEIMA O FILME
Bolsonaro é um traidor do Brasil e atua a serviço dos interesses estadunidenses. Porém o miliciano é uma figura execrável. Queima o filme da propaganda de bom mocismo do atual governo Biden manter relações públicas com um gangster, como Bolsonaro.
Pela importância do Brasil no mundo, por tamanho, população e riqueza natural (biológica e mineral), a propaganda dos EUA precisa no governo brasileiro de uma figura mais apresentável. Com a fraqueza da terceira via, composta integralmente por candidatos alinhados com Washington, é preciso tentar uma ação desesperada.
Essa é a missão de Moro, um agente dos Estados Unidos: ser uma terceira via com possibilidades eleitorais, escorado no seu desgastado discurso conservador de combate à corrupção. Pode dar certo, provavelmente não, pois Moro é uma figura lamentável.
Pode ser também que ele esteja nesta empreitada por conta própria. Não há como saber. O que hoje se sabe com certeza é que o ex-juiz ladrão atuou a serviço dos Estados Unidos, conforme reconhecem as próprias autoridades estadunidenses. Sua ação desestruturou o Brasil em todos os campos. O que ele fez é traição.
Nenhum país permitiria a candidatura à presidência da república de um traidor, que trabalhou para um país estrangeiro. No Brasil, uma mídia tão venal quanto Moro tenta normalizar sua atuação e procura fazer com que os brasileiros se esqueçam do mal que este juiz ladrão causou.
Como Moro é um projeto de Washington, todos os que o apoiam estão traindo o Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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