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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Neoliberais querem amarrar mãos de Lula na crise climática para evitar sua vitória em 2024 e reeleição 2026

Sem essa renda mínima, transferida pelo Estado aos que ficaram despossuídos de tudo, a crise econômica se aprofunda.

Lula (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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Os neoliberais querem a todo custo impedir o protagonismo político e econômico do Estado nacional sob comando de Lula para impedir sua vitória nas eleições municipais, em 2024, e seu reflexo na eleição presidencial de 2026, que o presidente venceria, folgadamente, se não se submeter ao neoliberalismo rentista que tenta lhe impor o Banco Central Independente (BCI).

Essencialmente, no momento, os neoliberais querem a mercantilização da recuperação da tragédia climática gaúcha para interromper o protagonismo estatal petista que produziria vitória eleitoral massiva.

A dialética da tragédia une, inelutavelmente, o Estado e a população despossuída pelas águas torrenciais do Guaíba.

Quem tem os recursos para distribuir aos miseráveis afetados pelo crash climático é o Estado para que disponham de renda mínima para gastarem no comércio, que compra da indústria, da qual dependem os setores de serviços etc.

O setor privado gaúcho, como ficou comprovada a visita dos empresários industriais, na sexta-feira, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, está quebrado e precisará da demanda dos consumidores cuja renda é a que o governo federal está distribuindo para os mais pobres.

O dinheiro do pobre é o que faz a festa dos ricos.

Sem essa renda mínima, transferida pelo Estado aos que ficaram despossuídos de tudo, a crise econômica se aprofunda.

 

VARIÁVEL ECONOMIA INDEPENDENTE

 

Portanto, o governo, com o dinheiro que distribui ao povo, representa a única variável econômica verdadeiramente independente no contexto do capitalismo gaúcho, que foi para o espaço com as enchentes, capaz de puxar a demanda global e criar empregos.

O setor privado, com sua poupança acumulada na exploração histórica da mais valia, está vendo, em desespero, a destruição do seu patrimônio acumulado ao longo de vidas empresariais, duramente construídas.

Tudo vazou nas águas do Guaíba, cuja manutenção os neoliberais destruíram em nome de ajustes fiscais.

Ele, o setor privado, está de joelhos, sem poupança, sem renda, sem base produtiva consistente, diante do Estado nacional, o único que, com sua moeda inconversível, pode salvá-lo, para irrigar a circulação capitalista de mercadorias.

O caos produzido pelas enchentes, semelhante a uma guerra, somente, será superado pela moeda estatal emitida pelo Estado, que se transforma em poder político sobre coisas e pessoas, a refletir, decididamente, no panorama político das eleições municipais e, depois, na eleição presidencial, de acordo com as regras ditadas pela Democracia.

Trata-se, fundamentalmente, de uma contingência histórica.

 

NOVO PARADIGMA ECONÔMICO

 

Mais do que nunca a classe produtiva, agrícola, industrial e comercial gaúcha – pode-se dizer, também, de grande parte do Brasil, quiçá da sua totalidade, em geral, mergulhado na crise climática – está economicamente prostrada e, consequentemente, dependente do poder estatal emissor de moeda nacional, para tirá-la da crise de realização de lucros.

Como, então, esse setor privado destituído de capital, afogado na sua dependência dos credores, que movimentam suas ações especulativas, no espaço econômico gaúcho, poderá sobreviver, senão apelando para o Estado, para o seu comandante institucionalmente eleito, o presidente Lula?

Imediatamente, Lula perdoou a dívida pública gaúcha, o que, naturalmente, levará os demais estados a reivindicar o mesmo, passada o vendável e a tormenta.

Os empresários gaúchos tentaram fugir de Lula; agiram, enviesadamente, em Brasília, com pedidos desesperados de socorro.

Não foram ao presidente da República ou ao seu braço direito no governo para socorro aos despossuídos, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o segundo homem mais poderoso da Esplanada, para pedir dinheiro, mas ao vice-presidente, que, institucionalmente, não tem poder decisório.

O fato, porém, é que, sem o OK do chefe da nação, sob pressão social dos despossuídos pelas águas do Guaíba, ou seja, os trabalhadores mais pobres, para distribuir a eles recursos, os capitalistas gaúchos não sobreviverão, dada a insuficiência de capital próprio para sair da crise puxando os próprios cabelos.

 

DINHEIRO EM CIRCULAÇÃO DERRUBA JUROS

 

A classe capitalista do Rio Grande do Sul evidenciou o óbvio: só o Estado pode salvá-la e para que isso ocorra, efetivamente, o governo Lula, primeiro, terá, como está já fazendo, colocar dinheiro no bolso dos pobres, para que tenham renda capaz de comprar dos mais ricos.

Mais do que nunca, portanto, os empresários precisam do crédito barato, que não existe no país, dominado pela tirania financeira especulativa, exercida pelo Banco Central Independente (BCI), mediante Selic extorsiva de 10%, a reproduzir, cruelmente, nas demais linhas de crédito ao comércio e às indústrias, o dobro ou o triplo desse percentual, inviabilizando a retomada da economia em bases sustentáveis.

Como reduzir os juros, agora, como demanda essencial, dramática, da classe empresarial, frente à catástrofe climática?

Terá, então, o governo, obrigatoriamente, de fazer o que fizeram os governos,  norte-americano e europeus, na crise de 2008: adotar receita keynesiana, para tirar a economia da tendência paralisante.

Trata de exercitar o poder estatal emissor (a variável econômica independente), a fim de 1) reduzir a taxa de juros, 2) perdoar dívida contratada a prazo, 3) elevar relativamente os preços e 4) diminuir, relativamente, os salários, no giro do capitalismo produtivo no processo de acumulação capitalista.

Somente assim, o governo capitalista produtivo criaria, conforme disse Keynes, a eficiência marginal do capital, isto é, o lucro, que leva, novamente, os empresários aos investimentos.

 

DESESPERO NEOLIBERAL

 

Não é, portanto, à toa que os neoliberais mobilizam a mídia conservadora para tentar parar o governo Lula, que, agindo nesse sentido, ganharia, folgadamente, as eleições municipais deste ano  e a eleição presidencial de 2026.

A forma de parar Lula, agora, seria alardear, como já estão fazendo, que a economia corre perigo mortal, se não se cuidar do déficit fiscal, que ameaça a dívida pública, caminhando para 85% do PIB etc.

Ora, esse argumento caiu por terra, quando se comprovou, na crise de 2008, que o aumento da quantidade da oferta monetária, pelos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa, diminui, em vez de aumentar, a taxa de juro, que ficou negativa, levando à redução da dívida pública e não ao seu crescimento.

O que os neoliberais e a mídia conservadora dizem deixou de ser verdade, como argumenta o economista André Lara Resende.

Para ele, ex-neoliberal, um dos pais do Plano Real, na Era FHC, o que está em cena, na realidade econômica mundial, depois do crash de 2008, é o oposto do que pregam os neoliberais.

Vigora, agora, depois do crash, nos países mais ricos, nova política monetária de caráter funcional, que remove os obstáculos ao crescimento criados pelo modelo neoliberal, ancorado na restrição da oferta de moeda na economia.

A restrição monetária neoliberal serve, tão somente, para continuar produzindo escassez de dinheiro na circulação capitalista, cujas consequências são aumento dos juros e vida boa aos rentistas, que impedem o desenvolvimento econômico sustentável.

Mutatis mutandis, Lula tem a oportunidade histórica de repetir o que fez em 2008: elevar a oferta de dinheiro para vencer o crash que a crise climática gaúcha está produzindo, não, apenas, no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, visto que se trata do quarto maior Estado da Federação, com seus vasos econômica e financeiramente comunicantes com todos os demais estados.

Parar o Brasil, como querem os rentistas, em plena crise climática, sob argumento furado do déficit fiscal como produto de eventual maior oferta monetária, para vencer o desafio do crash gaúcho, é desculpa para impedir Lula de alcançar terceiro mandato e levar a economia à sustentabilidade.

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