No simulacro bolsonarista, Eduardo é um exilado político
"O objetivo de seu pseudo-exílio é ajudar na edificação deste simulacro da realidade brasileira que constrói a extrema-direita", diz Luis Mauro Filho
Eduardo Bolsonaro, deputado federal eleito com mais de 700 mil votos nas eleições de 2022, se declarou um exilado político e fugiu para os Estados Unidos nesta quarta-feira (19).
Ele afirmou ser perseguido pelo Supremo Tribunal Federal, sobretudo pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que começará a julgar seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na próxima terça-feira (25), pela tentativa de golpe de Estado que culminou nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
O terceiro filho do clã bolsonarista representa os interesses da família e da extrema direita brasileira como um todo no âmbito internacional desde a eleição de 2018. É o mais próximo de figuras como Steve Bannon, um dos gurus globais deste neofascismo do século 21.
Eduardo seguiu a cartilha extremista à risca para pautar o debate público brasileiro novamente. Inventou uma suposta perseguição à sua pessoa por parte do judiciário brasileiro, o que não se comprova nem pelo histórico de ações de Moraes ou de qualquer outro ministro contra sua figura, muito menos por alguma tentativa de censura às ideias que prega cotidianamente há anos.
Aliás, quatro dias antes do anúncio de seu pseudo-exílio, dezenas de milhares de apoiadores de seu pai se reuniram na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em uma manifestação que buscava emplacar a anistia para os golpistas de 8 de janeiro no Congresso. Detalhe: deu errado: o público foi consideravelmente menor que o esperado. A organização projetou um milhão de manifestantes na orla da zona sul carioca naquele dia.
Neste caso, o que importa é que nos perguntemos: em que estado de exceção um grupo de oposição ao governo se reúne tão livremente, com ampla cobertura da imprensa, sem sofrer nenhum tipo de repressão por parte de forças do Estado?
O deputado, que já teve afastamento de seu cargo no Congresso oficializado, nunca foi perseguido por nenhuma instância do Estado brasileiro. Pelo contrário, atentou contra as instituições nacionais por diversas vezes, como quando afirmou que, para fechar o STF, bastaria o destacamento de um cabo e um soldado para a missão.
O objetivo de seu pseudo-exílio é ajudar na edificação deste simulacro da realidade brasileira que constrói a extrema-direita. Um duplo do mundo em que vivemos, que teria sido tomado por uma ditadura judicialesca de esquerda, que persegue a ele e toda sua família.
É necessário que continuem alimentando sua base eleitoral com mais mentiras como estas. Somente assim conseguem manter o clima paranoico entre seus apoiadores. Ocorre que, pelo andar da carruagem, esta história esbarrará na realidade dos fatos, e não deve demorar.
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