Nos 44 anos do PT o antipetismo é a antipolítica: as instituições e as regras para os conflitos no Brasil do séc. XXI
A guerra política contra o PT foi feita pela direita e pela mídia a seu serviço
Neste fevereiro de 2024 o PT comemora 44 anos de existência, como o maior partido do Brasil. O partido fundado em 1980, ficou identificado com a campanha “Diretas já” em 1984, e esteve em todos os segundos turnos presidenciais desde a redemocratização brasileira: de todos os nove pleitos presidências desde 1989, o PT esteve no segundo turno sempre que ele ocorreu, tendo perdido quatro (1989, 1994, 1998, 2018) e venceu cinco vezes (2002, 2006, 2010, 2014, 2022). Em todas as quatros vezes em que perdeu o segundo turno o PT respeitou o resultado das urnas e seguiu na luta política de cabeça erguida. E assim se confirmou na história como a maior instituição política do Brasil hoje.
Mas apesar deste sucesso, ou por causa dele, a direita se aglutina, historicamente, no Brasil num combate contra o “pete”, acusando-o de ser um instrumento antidemocrático, de ser “hegemonista”. Tal guerra política contra o PT, foi feita pela mídia corporativa, essa sim, hegemônica, no mau sentido de ser expressão do capital financeiro, exigindo uma narrativa única da história do tempo presente. Tal “guerra santa” dessa mídia monopólica, foi a expressão orwelliana contra a política real, logo, contra a própria democracia. Desde o começo dos governos do PT toda mídia corporativa fez oposição ao PT. Começaram em 2003 numa falsa lua-de-mel, para na “crise do mensalão” (2006) inventarem uma crise para criarem uma “escadalização seletiva” contra o PT. E nunca mais pararam sua guerra narrativa contra o maior partido do Brasil.
O “mensalão” foi uma criação da mídia, pois sempre existiu, mas era escondido por essa mesma mídia, que resolveu criar sua “escandalização seletiva” para defender seu projeto econômico anti-soberanista, ultraliberal. O Lobby legalizado nos EUA é um “mensalão”! A compra de votos para a reeleição durante o governo FHC foi um “mensalão”. Mas toda uma história da política BURGUESA foi esquecida por uma mídia manipuladora, mídia que criou uma agoridade, um presente constante, numa cobertura sem passado (logo, sem futuro!), para idiotizar um povo alijado da sua história.
A máxima narrativa dessa mídia, seu dogma norteador, é que a história tem “um fim”, um “certo”, um “caminho único”, a democracia pode ocorrer, a política pode ocorrer, mas desde que seja respeitado esse “caminho único”, conhecido em inglês como TINA (there is no alternative). Logo, a democracia é permitida, desde que só haja como “opção” o ultraliberalismo econômico. Obviamente, isso não tem nada de democrático! Por isso a invocação ao George Orwell aqui: que criou no livro 1984 um mundo em que as palavras diziam o oposto do que de fato eram, como nos lemas: “guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força”
A guerra da mídia contra o PT, que derrubou a presidente Dilma e prendeu o Lula, sempre arrotou o “combate contra a corrupção” como seu lema (ladainha típica desde Carlos Lacerda contra o nacionalismo de Vargas), chegando ao cúmulo de prender o então ex-presidente Lula por “uma cobertura no Guarujá” (uma manipulação de um símbolo típico da ambição de uma classe média baixa paulista, ressentida de suas dificuldades, enquanto sonha com símbolos de consumo de luxo): cobertura esta que nunca foi dele! Tal “cobertura no Guarujá” toda ferrada, em obras, era mostrada no jornal nacional toda noite, gerando o clima para um juiz que combinava sentenças com a promotoria prender Lula.
Mas a mesma mídia depois, com o ex-capitão como presidente, não fez escandalização nenhuma ao ter comprovado que o imundo clã Bolsonaro tinha comprado 51 apartamentos em dinheiro vivo!!!! Coisa típica de bandido de boca-de-fumo!!! Evidência comprobatória de coisa muito errada, bancando a compra não de uma cobertura: mas de 51 imóveis!!! https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/08/31/reportagem-do-uol-revela-que-51-imoveis-comprados-pela-familia-bolsonaro-foram-pagos-em-dinheiro-vivo.ghtml
Assim, a mesma mídia noticia este absurdo fato comprovado, de forma discreta e normalizadora: sem nenhuma escandalização. O que comprova que tal mídia está se lixando para a corrupção. Toda escandalização dessa mídia tem apenas um direcionamento econômico: contra o desenvolvimento industrial/produtivo do Brasil. O projeto liberal é para o Brasil ser um fazendão o mais DESINDUSTRIALIZADO possível!!!
Juízes e procuradores que combinam sentenças são bandidos que trabalham contra as instituições jurídicas, e precisam ser cassados e condenados. Mas a mídia fez do verme político Sergio Moro seu herói de desenho animado, enquanto ele era treinado pelo departamento de justiça dos EUA para “combater corrupção” apenas de empresas brasileiras que atrapalhavam os interesses de empresas norte-americanas. A gigante brasileira Odebrecht foi aniquilada: hoje se passa por onde era seu prédio na marginal Pinheiros, e há lá um hotel. Eis o projeto do Brasil fazendão sem indústrias: apenas serviços...
Nenhuma promotoria, nenhum juiz, nos EUA destruiria parte de seu parque produtivo dessa forma. Aliás, muito ao contrário: o governo dos EUA chega a declarar causas mentirosas para fazer guerra para defender seus interesses econômicos e produtivos (caso das “armas de destruição em massa” que o governo Bush, e Blair, acusaram o Iraque, e que serviu de desculpa para essa invasão sem fim...). Isso não seria caso de corrupção???
Hoje o mundo vive uma crise civilizatória, com eclosão de guerras em cadeia, que nos arrasta para dentro de uma completa crise de governança global. Nesse mundo em guerra crônica que se abre, toda a ladainha liberalóide em economia, repetida como mantra a mais de 40 anos por essa mídia corporativa, mostra-se uma mixórdia vergonhosa: pois é a força o que rege o mercado, a segurança produtiva precisa estar na frente das decisões econômicas acima mesmo da lucratividade. Capacidade produtiva é questão de independência nacional, de segurança nacional!!! Num mundo em crise de transição entre um capitalismo centrado no Atlântico Norte, cada vez mais financeirizado, e um capitalismo industrial ascendente centrado na Ásia, as guerras vieram para ficar, e estão escancarando a fraude que foi discurso único da mídia corporativa sempre defendendo “mais liberalização econômica...”
Nesse mundo em guerra, militar e produtiva, em crise de governança, a esquerda europeia tradicional tem-se mostrado nulificada, paralisada, para propor soluções ao crescente das crises. E isso é expressão da submissão dos partidos tradicionais da esquerda lá, como o Partido Socialista francês, o Social-democrata alemão, e o Trabalhista britânico, ao “discurso único” dessa mídia corporativa mundializada.
Instituições e o PT: respeitar o maior partido do Brasil é respeitar as Instituições
Essa crise de legitimidade da esquerda europeia é fruto da submissão dela ao já lembrado TINA(não há alternativa ao ultraliberalismo): uma esquerda que não disputa as soluções, que segue uma receita de bolo ultraliberal, caminha para tornar seus partidos espectros orwellianos do que deveriam ser, pois passam a defender o oposto ao que se propuseram originalmente.
Esse esvaziamento dos partidos de esquerda na Europa é a morte da Política, pois é o fim do conflito político dentro das regras da Polis, para a solução POLÍTICA dos conflitos e problemas.
Pois é exatamente isso que o capital financeiro internacionalizado, vocalizado nessa mídia monopólica, busca fazer hoje com o Partido dos Trabalhadores no Brasil: esvaziá-lo ao ponto dele deixar de ser a expressão maior da luta dos menos favorecidos no Brasil, dos trabalhadores do Brasil. A guerra contra o PT, vinda de forma desenfreada desde 2013, foi uma guerra contra as instituições brasileiras, na forma de uma guerra contra a maior instituição política do Brasil. O PT já pode ser apontado, sem medo de exageros, como a maior força político/partidária da história do Brasil, tendo se consolidado como instituição política definidora da redemocratização da Nova República. Herdeiro modernizado do Trabalhismo varguista, defensor da maior regulamentação do trabalho, do capital produtivo, das Estatais, e de maior colchão social ao Povo, o PT é a maior expressão política do Brasil democrático.
Sendo assim, nesse Lula 3, em que o processo golpista vindo de 2016 tem sido depurado, uma verdadeira reconstrução institucional do Brasil PRECISA passar por uma não só “autocrítica”, mas uma crítica profunda e redefinidora das instituições jurídicas (punindo e cassando os quadros lavajatistas, os que aceitaram treinamento estrangeiro para perseguir o PIB do Brasil), e a outra instituição é a mídia. Não é possível um William Bonner seguir falando na TV, como se fosse alguma autoridade, depois da defesa psicótica que fizeram de uma operação de guerra contra o PIB nacional.
A “autocrítica”, que tantos repetiam que o PT tinha que fazer, se consolida agora como algo que mídia e instituições jurídicas é que estão obrigadas a fazer (para não falarmos das instituições militares, mas isso já seria outro artigo, algo nessa linha já foi aqui escrito: https://www.brasil247.com/blog/institucionalidade-republicana-e-forcas-armadas-pacto-geiseilzista-e-neodesenvolvimentismo).
De toda a crise institucional causada pela guerra contra o PT, o golpe contra a honestíssima presidenta Dilma, a absurda prisão do presidente Lula, e todo o pesadelo vivido naquele processo, exige hoje uma depuração institucional do Brasil. O judiciário está, parcialmente, realizando isso, mas é preciso mais. Contudo, a mídia, segue na sua agoridade sonsa, fingindo que não causaram toda aquela tragédia: a mídia precisa de uma depuração histórica urgente. Senão viveremos outro golpe no futuro.
O mais curioso é que nesta crise toda o PT saiu mais forte do que entrou, se consolidando mais ainda como a maior instituição política do Brasil. O PSDB, por exemplo, morreu nesse processo de tentar matar o PT. A loucura do bolsonarismo, aglutinando a antipolítica que é o antipetismo, tem mantido em leito raso a água podre da irracionalidade da antipolítica, e segue como um espectro no porão da sociedade brasileira. Só conseguiremos “desnazificar” essa população com muito tempo de reconstrução social, com um processo de educação política para VALORIZAR a POLÍTICA. E o PT é expressão e resultado disso. Logo, a sociedade brasileira não pode aceitar forças que preguem o “fim do pete”, pois são forças anti-institucionais, que colocam em risco o edifício político do Brasil.
A mídia orwelliana arrota ser muito preocupada com as “instituições”, mas ataca sempre a instituição por excelência: o Estado. Pois nossa reconstrução institucional brasileira exige uma refundação total dessa mídia, sempre em louca guerra contra o trabalhismo, desenvolvimentismo, industrialismo, do Brasil. Nesse mundo em conflito crônico que se abre neste séc. XXI, ser neoliberal é coisa idiota louco: a ladainha liberalóide MORREU para qualquer pessoa minimamente alfabetizada.
Mídia, judiciário, MP, e Forças Armadas precisam se refundar institucionalmente, tendo por padrão minimamente aceitável reconhecerem que o PT é a força política CENTRAL do Brasil: sua maior instituição política e partidária. Ponto! Fora disso é o retorno ao clima de Guerra Civil dos dias do golpe. Respeitar a Política viva, disputada com projetos vivos, dirimindo os conflitos que sempre surgem de forma negociada, é o caminho para mantermos viva a democracia republicana no Brasil
Nesta reconstrução o Brasil não pode apagar Vargas e o Trabalhismo, assim como o Brasil não pode apagar Lula e o Partido dos Trabalhadores de sua história. Hoje respeitar as instituições passa, inescapavelmente, por respeitar o Partido dos Trabalhadores (PT).
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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