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    Pedro Paiva

    Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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    Nos EUA, Biden é confrontado por manifestante sobre apoio a Israel

    'No próximo sábado acontecerá, em Washington, uma Marcha Nacional por Palestina Livre. Joe Biden deve sentir pressão', escreve o colunista Pedro Paiva

    Joe Biden e a Faixa de Gaza, território palestino bombardeado por forças de Israel (Foto: Reuters)

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    Na última quarta-feira (01), Joe Biden foi confrontado por uma manifestante durante um discurso em Northfield, no estado de Minnesota. O objetivo da viagem era anunciar novos fundos de apoio a agricultores.

    Enquanto falava sobre o conflito na Palestina, Biden foi interrompido pela Rabina Jessica Rosenberg, que gritou: “senhor presidente, se você se preocupa com o povo judeu, como rabina, eu preciso que você ordene um cessar-fogo agora mesmo”.

    O público, formado por apoiadores do ex-presidente, gritou para que a rabina se calasse enquanto cantavam palavras de ordem em apoio ao democrata que respondeu: “Eu acho que precisamos de uma pausa. Uma pausa significa dar tempo para tirar os prisioneiros”.

    Dentro do espaço, os apoiadores silenciaram a rabina, mas do lado de fora centenas de manifestantes ecoavam a mesma exigência. Os manifestantes exigiam um cessar-fogo em Gaza e o não envio de US$ 14 bilhões para o Estado de Israel.

    Esse é apenas o mais novo episódio que mostra o crescente descontentamento de uma parcela do eleitorado progressista com a posição da Casa Branca em relação ao conflito Israel-Palestina. Parcela esta fundamental para o presidente na reeleição do ano que vem.

    Na matemática eleitoral, muçulmanos podem se vingar de Biden

    Minnesota é um estado tradicionalmente democrata. A última vez que um republicano levou os delegados de lá em uma eleição presidencial foi em 1972, com Richard Nixon. Em 1984, Minnesota foi o único estado onde Ronald Reagan perdeu durante sua campanha pela reeleição. Nos últimos anos, porém, esta hegemonia vem diminuindo.

    Em 2016, Hillary Clinton venceu em Minnesota por menos de 45 mil votos (2,1%). Em 2020, Biden aumentou a margem para 233 mil votos (7,12%), mas a situação não é confortável. A prova disso é que o presidente está viajando para lá para fazer campanha.

    Uma má notícia para o presidente é que Minnesota é o sétimo estado com maior população muçulmana per capita do país: aproximadamente 115 mil (2% da população total). Em uma eleição apertada como a de 2024 deve ser, essa margem pode ser decisiva.

    Na manifestação em Minneapolis, a maior cidade do estado, líderes da comunidade muçulmana, que apoiaram Biden em 2020, afirmavam que não o apoiarão no ano que vem. “Não estamos apenas decepcionados, estamos indignados”, disse Jaylani Hussein, diretor executivo da seção de Minnesota do Conselho de Relações Americano-Islâmicas.

    Uma situação semelhante acontece em Michigan. O estado é um dos mais disputados e, por lá, a comunidade muçulmana representa 2,4% da população, com mais de 240 mil pessoas. Biden venceu em Michigan por 2,78 pontos percentuais e Hillary perdeu em 2016 por 0,23 ponto percentual. Os líderes muçulmanos do estado também estão retirando o apoio ao democrata.

    No próximo sábado acontecerá, em Washington, uma Marcha Nacional por Palestina Livre convocada por mais de 130 organizações políticas diferentes. A poucos metros da Casa Branca, Joe Biden deve sentir a pressão que só cresce no país.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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