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    Adilson Roberto Gonçalves

    Pesquisador científico em Campinas-SP

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    Nuances nas eleições municipais

    Não consigo entender por que convidam Pablo Marçal para os debates, uma vez que a legislação eleitoral não obriga

    Debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução/YouTube/Jornal da Record)

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    A Folha de S. Paulo mudou de opinião em relação à diminuição da velocidade nas vias expressas de São Paulo, passando a defender “menos velocidade, menos mortos e feridos”. Fernando Haddad, quando prefeito da capital, foi duramente criticado quando implementou tais medidas, provando que estava correto na diminuição do número de acidentes e mortes. De qualquer forma, é importante um estudo aprofundado das implicações de mobilidade em uma cidade em que o trabalhador gasta cada vez mais tempo para se deslocar, estudo que o atual prefeito e os congêneres candidatos da direita não estão fazendo.

    O mesmo jornal, por outro lado, cometeu grave ato falho. Ou seriam suas explícitas preferências? Ao falar das windbanners, ou aviõezinhos, que substituíram os cavaletes na propaganda eleitoral nas ruas, a Folha mostrou oito de Nunes, quatro de Marina Helena, três de Boulos (outras duas estão escondidas), três de Tábata, três de Datena e duas de Marçal. Como elas estão espalhadas em profusão pela cidade, a escolha das imagens foi exclusiva do fotógrafo e de seu editor, certo? 

    Todos os herdeiros do bolsonarismo desprezam a mobilidade e também o planejamento urbano. O urbanismo parece ser matéria teórica, pois a prática de ocupação dos espaços vai contra todos os ensinamentos e a lógica da mobilidade e justiça social. Os arranha-céus não podem ser símbolo de progresso quando não são equacionados quem e por quanto tempo os ocupam. Elevador passou a ser meio de transporte de disputa para sair de casa. E nos chega o absurdo do km (em minúsculas, corretamente) do tamanho do prédio proposto pelo “coach” candidato a prefeito.

    Nessa questão, chama à atenção também a crise hídrica pela qual estamos passando. A seca impera próximo às eleições municipais e muitos prefeitos estão fazendo o rodízio branco, em que os candidatos à reeleição, para não ficarem mal com a população, estão interrompendo o fornecimento de água sem aviso. O voto fala mais alto do que a economia de água. Além disso, não é possível fazer denúncias com fotos e vídeos de gente lavando calçada, porque o que vale é o consumo mensal. Os que possuem imóvel em outro lugar, na praia por exemplo, se dão ao luxo de desperdiçar sem medo de multas.

    Por fim, não consigo entender por que convidam Pablo Marçal para os debates, uma vez que a legislação eleitoral não obriga. Querem literalmente ver sangue no “debate e apanha”? Alguns normalizam o fascismo de suposto influenciador como agressividade. Não é. Disfarçado de moleque do mal, o candidato está ali para subverter e conturbar o processo democrático, fortalecer o bolsonarismo raiz e ganhar dinheiro com sua atuação digital. Lembremos que ovos de serpente costumam eclodir.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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