O Arquivo Nacional e a preservação da memória histórica brasileira
Relembre o programa com Ana Flávia Magalhães Pinto na TV 247
A história recente do Arquivo Nacional (AN) ganhou um marco importante nos últimos dois anos, especialmente no que diz respeito à sua relação com o público e à abertura da instituição para novas perspectivas. Em um gesto inédito, a primeira equipe a ser aceita para uma entrevista no Arquivo Nacional foi a nossa, da TV Brasil 247. Nunca antes qualquer diretor(a) do órgão havia aberto suas portas para uma pessoa trans e jornalista. Esse momento se deu na presença de figuras importantes como a pesquisadora e ícone do movimento lésbico carioca Rita Colaço e a atual presidente do Conselho Regional de Psicologia, Céu Cavalcante. Esse encontro simbolizou um marco na inclusão e no diálogo com as diversas realidades sociais do país.
Naquele dia, o Arquivo Nacional demonstrava uma aproximação inédita com o público, quebrando barreiras e tornando-se mais acessível, o que refletiu em uma nova fase de reconhecimento e visibilidade. Nunca o AN esteve tão perto do povo, e nunca sua importância foi tão reconhecida, especialmente nas redes sociais. Esse esforço de aproximação com a sociedade foi uma característica marcante da gestão de Ana Flávia Magalhães Pinto, que à frente do órgão, consolidou ações de visibilidade e engajamento social, impulsionando uma transformação na forma como a instituição se comunica com o público e preserva a memória histórica brasileira. Esse momento de transição é acompanhado de perto por especialistas e servidores, que esperam que o próximo(a) diretor(a) dê continuidade a esse processo de democratização e fortalecimento da preservação documental no país.
A historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora-geral do Arquivo Nacional (AN), deixará seu cargo em fevereiro de 2025, após quase dois anos à frente da instituição. Sua gestão enfrentou desafios? Muitos!
Ana Flávia Magalhães Pinto Defende Avanços na Gestão do Arquivo Nacional e Sucesso na Articulação Política
Em declaração feita nesta terça-feira (08/01), Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora do Arquivo Nacional, refutou qualquer alegação de falhas na articulação política de sua gestão, destacando uma série de realizações no setor, como o aumento orçamentário e a implementação bem-sucedida de estratégias institucionais.
“Não tivemos problema de articulação política. Tudo o que realizamos foi na contramão de qualquer crise política. Quem possui uma boa articulação política consegue recuperar memórias do mundo, trazer à tona informações fundamentais e assegurar o sucesso de eventos significativos, como a Semana Nacional de Arquivos, que este ano quebrou recordes”, afirmou Ana Flávia.
A diretora também ressaltou a importância de sua atuação em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério das Relações Exteriores, destacando o trabalho conjunto com outras instituições para fortalecer as ações do Arquivo Nacional. “Eu saí atuando, trabalhando junto com o CNJ e com o Ministério das Relações Exteriores. Não há problemas na articulação política”, completou.
Em relação ao orçamento, Ana Flávia destacou que, embora não tenha havido custos adicionais, o Arquivo Nacional viu um crescimento significativo em seu orçamento, que saltou de R$ 25 milhões para quase R$ 60 milhões. “Sara não teve custo orçamentário, e a gente não deixou que isso fosse um obstáculo”, explicou a diretora.
Além disso, Ana Flávia enfatizou a relevância do Planejamento Estratégico da instituição, que foi altamente elogiado e resultou na participação inédita do Arquivo Nacional no CLAD (Congresso de Administração Pública da América Latina). “O planejamento foi tão bem recebido que, pela primeira vez, o Arquivo Nacional participou do CLAD. Outras instituições procuraram nosso arquivo para entender como conseguimos implementar essa estratégia”, concluiu a diretora.
A saída de Ana Flávia abre uma nova etapa para a instituição, que, sob a liderança de um novo(a) diretor(a), poderá dar continuidade aos esforços de modernização e proteção do patrimônio documental do país.
Durante seu período na direção, Magalhães Pinto priorizou a preservação dos acervos históricos e a missão institucional do Arquivo Nacional, que, além de garantir o acesso público aos documentos, desempenha papel central na construção da memória coletiva do Brasil. No entanto, a gestão também enfrentou críticas relacionadas à falta de planejamento e à dificuldade de adaptação a um cenário político e orçamentário complexo. Esse contexto exige uma reavaliação das estratégias do Arquivo Nacional e uma reflexão sobre os rumos da preservação documental no país.
A saída de Ana Flávia Magalhães Pinto também ocorre em um momento significativo para a gestão de documentos na Administração Pública Federal. A estrutura da gestão documental é fundamental para garantir a transparência e eficiência no serviço público. A implementação de protocolos adequados e o controle rigoroso dos documentos produzidos e recebidos são essenciais para manter a organização e o acesso às informações, permitindo que o Estado atue de forma mais eficaz e responsável.
Além disso, um aspecto crucial da preservação da memória histórica brasileira é o envolvimento do Brasil em iniciativas globais, como o Programa Memória do Mundo, da UNESCO. Este programa visa identificar, preservar e promover documentos de valor universal, representando o patrimônio documental mundial. O Brasil tem se engajado ativamente em ações para proteger seu acervo documental, assegurando que peças fundamentais da nossa história sejam preservadas para as futuras gerações.
O país, no entanto, enfrentou desafios significativos durante o governo de Jair Bolsonaro, quando várias ações resultaram na destruição ou no desmonte de estruturas essenciais para a preservação da memória histórica nacional. Órgãos como a Biblioteca Nacional e o Museu Histórico Nacional foram severamente afetados, gerando preocupações sobre a perda irreparável de documentos e acervos fundamentais para a compreensão da história e cultura do Brasil.
Em resposta a esses episódios, esforços de recomposição da Memória do Mundo foram realizados, com o objetivo de restaurar e proteger documentos que são essenciais para a identidade nacional. O Brasil foi reconhecido internacionalmente pelo trabalho de recuperação e preservação desses acervos. Representantes brasileiros foram recebidos em Paris, onde receberam elogios pela forma eficaz como conseguiram restaurar e proteger os registros que formam a base da memória cultural do país. Esse reconhecimento não apenas fortaleceu a imagem do Brasil no cenário internacional, mas também destacou a importância da preservação documental para a construção de uma identidade nacional sólida.
Além desses esforços internacionais, o Brasil continua investindo em uma série de iniciativas para aprimorar a gestão de arquivos em nível nacional. O Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) tem atuado para definir políticas públicas de gestão de documentos e para promover a integração e a padronização das práticas arquivísticas em todo o país. Em agosto de 2025, ocorrerá em Brasília a Conferência Nacional de Arquivos, um evento que reunirá especialistas, gestores e servidores do setor para discutir e promover a política nacional de arquivos.
Em paralelo, o Projeto de Requalificação das Unidades do Arquivo Nacional busca modernizar e melhorar as condições de preservação e acesso aos documentos, incluindo a elaboração de projetos executivos para a reestruturação das instalações do órgão. Além disso, o Plano de Regionalização do Arquivo Nacional visa descentralizar a gestão do patrimônio documental, garantindo que todos os cidadãos, independentemente da região do país em que vivam, possam ter acesso à informação histórica e cultural.
A mudança na direção do Arquivo Nacional, embora seja um momento de transição, também oferece uma oportunidade única para o governo federal reforçar a preservação da memória histórica do Brasil. A escolha de um(a) novo(a) diretor(a) experiente e comprometido(a) com a missão institucional do AN será decisiva para fortalecer a gestão de documentos e a preservação do patrimônio nacional. Especialistas e servidores do setor aguardam com expectativa a nova liderança, que poderá consolidar um futuro mais robusto para o Arquivo Nacional, garantindo sua relevância no cenário político, cultural e social do país.
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