O baile dos 37
O que a quadrilha dos 37 não sabia, no entanto, é que o coringa-mor não tinha “cojones” para assumir a autoria do plano
A democracia não foi convidada para o “baile” organizado e encabeçado por trinta e sete (por enquanto, pois há muitos mais) criminosos fardados e civis, que tinham como objetivo básico assassinar o Presidente da República, Lula e o Vice-presidente Alckmin, eleitos democraticamente nas eleições de 2022. Além deles, também seria assassinado com requintes de crueldade, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Tudo o que se sabe até agora é resultado das investigações conduzidas pela Polícia Federal, “concluídas” e colocadas à disposição da sociedade brasileira e internacional. Entre os trinta e sete indiciados pela PF, vinte e cinco são militares, incluídos aí seis generais.
Nada como começar um novo parágrafo com uma perguntinha retórica. Ei-la: o que aconteceria com esses seis generais e seus subordinados, caso um plano nefasto como esse fosse descoberto na Rússia ou na China? Mas, como dizia minha avó materna: “o boi sabe onde fura a cerca”. E a turba fardada, que recebe salários altíssimos, que rega sua ociosidade com champagne, salmão e leite condensado à vontade, que dispõe do dinheiro público para seus comprimidinhos e próteses penianas para “resolver” seus problemas de impotência sexual, e que deixa pensões milionárias hereditárias às filhas solteiras, sabe onde e quando “furar a cerca”, pois confia plenamente, como em 1964, na impunidade. Se assim não fosse, nenhum desses senhores ousaria sequer pensar em tamanho absurdo.
O que a quadrilha dos 37 não sabia, no entanto, é que o coringa-mor não tinha “cojones” para assumir a autoria do plano e liderar seus malucos e aloprados, preferindo, como todo covarde, agir nas sombras e fugir do país para assistir de longe o resultado. A crença na impunidade e a certeza de que o golpe daria certo permitiu que a bandidagem deixasse as provas do crime (áudios, documentos impressos, imagens etc) espalhadas pelo caminho, facilitando assim, o excelente trabalho dos investigadores. Selva!
A partir da divulgação do relatório da Polícia Federal começou a surgir um festival de narrativas e ações estapafúrdias, com o objetivo de tentar desviar a atenção do caso (como a aprovação da PEC do Estupro, por exemplo). Enquanto políticos, empresários, “artistas”, padres e grupos de mídia esperneiam e se desesperam, o Exército Brasileiro, mesmo atolado até o pescoço nesse lamaçal, faz cara de paisagem, como se seus generais e seus “kids pretos” não lhe fossem parte, e que teriam agido por conta própria, quando qualquer pessoa sabe que dentro das forças militares há uma hierarquia que é rigidamente seguida, ou seja, as ordens são dadas por alguém que está acima daquele que as recebe. Em resumo, subalternos não têm vontade própria dentro de uma força militar. Se isso ocorreu no caso em questão, deduz-se que os subordinados não obedecem mais à hierarquia e, consequentemente, deveriam ser imediatamente enquadrados no RDE - Regulamento Disciplinar do Exército, aquele mesmo Regulamento sempre usado para expulsar e destruir a vida de recrutas, meninos de 18 anos, que cometem delitos leves durante o serviço militar.
Terminada a investigação (ainda vem muita coisa por aí) e decorrido todo o processo legal, com amplo direito de defesa a todos os envolvidos, como deve ser nas democracias, os civis, se condenados, devem pegar uns bons anos de cadeia pelos crimes de alta traição e abolição do Estado de Direito, entre inúmeros outros crimes previstos em lei. Os militares, por sua vez, deverão ser exonerados a bem da disciplina (ou isso só serve para praças e soldados?), com perda de salários, pensões e, imediatamente presos. Nenhum desses criminosos pode ficar impune. Se qualquer um deles sair livre, não há o menor sentido na manutenção da prisão, por exemplo, da idosa golpista de Tubarão nem das demais “buchas de canhão” com “síndrome do Coringa”, que cumprem pena nos presídios brasileiros por ordem do STF.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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