O banditismo está no DNA da extrema-direita

A sensação de nojo e indignação causada pelo ataque misógino e criminoso do deputado pitbull bolsonarista Gustavo Gayer, do PL de Goiás, à ministra Gleisi Hoffmann leva a uma reflexão mais abrangente sobre o banditismo que grassa na extrema-direita.

Por óbvio, não estou afirmando que todo adepto da extrema-direita seja bandido, discuto aqui o apelo ao crime e à violência como tática e estratégia de uma corrente política.

Quando, de forma abjeta e covarde, o parlamentar do partido do ex-presidente Bolsonaro investe contra a ministra, ele está expressando a gênesis criminosa que inspira a ideologia de extrema-direita no Brasil e no mundo inteiro, no passado e no presente.

Explico: em qualquer país civilizado, mentiras ofensivas à honra são tipificadas como crime. Calúnia, injúria e difamação nos cinco continentes costumam levar as pessoas ao banco dos réus.

Pois Steve Bannon e outros formuladores da doutrina extremista que se alastra pelo planeta consagraram justamente a mentira e a agressão mais grosseira à honra alheia como os principais instrumentos de ação política do neofascismo.

Mas, como o hábito do cachimbo faz a boca torta, os ultradireitistas seguem avançando várias casas na trilha da delinquência. A defesa explícita ou implícita da eliminação física de adversários por parte de suas lideranças, já levou, pelo menos, a dois assassinatos políticos de petistas: um na Bahia, na eleição de 2018, outro, no Paraná, em 2022. Fora as incontáveis ameaças feitas nas redes sociais a figuras públicas da esquerda brasileira e a autoridades.

E o terrorismo logo escalou: bomba no aeroporto de Brasília, quebra-quebra e incêndios no dia da diplomação de Lula, destruição das sedes dos Três Poderes,  bombas detonadas em frente ao STF, planos de assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. 

Mas o passeio pelo nosso Código Penal não para por aí.

Acusações de corrupção também pipocam aos montes contra deputados do PL, tais como o uso da verba de gabinete para negócios pessoais e corrupção escrachada na negociação de emendas, inclusive com tentativas de achaques a prefeitos.

Em relação à família Bolsonaro, é necessário usar uma calculadora para precisar a quantidade de acusações de delitos: rachadinhas nos gabinetes, compra de mansão por R$ 6 milhões, roubo de joias dadas de presente para a Presidência da República, falsificação de certificados de vacinação e 51 imóveis comprados com dinheiro vivo. 

Além da mais grave e nefasta de todas as modalidades criminosas, que foi a tentativa de rasgar a Constituição e implantar outra ditadura no Brasil.

Nos Estados Unidos, todos se lembram das investidas difamatórias de Trump contra Hillary Clinton, que tiveram grande peso na sua vitória em 2016, da invasão do Capitólio com um saldo de cinco mortos e das acusações típicas de um meliante ordinário que o presidente norte-americano faz aos imigrantes, tachando de ladrões e terroristas milhões de trabalhadores que contribuíram para a riqueza dos EUA. Logo ele, Trump, um criminoso condenado pela Justiça do seu país.

Moral da história: para além de impedir a anistia para os golpistas brasileiros, a manutenção dos valores democráticos, republicanos e civilizatórios só será possível se nos livrarmos da sanha criminosa da extrema-direita.

O personagem visionário Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, bradava: "Ou o Brasil acaba com as formigas, ou as formigas acabam com o Brasil”.

Muitas décadas depois, o desafio é outro: ou o Brasil esmaga politicamente a extrema-direita, ou a extrema-direita acaba com o Brasil.