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Givanildo-Giva M. da Silva

Educador, Indígena do contexto urbano, articulador da 1ª Conferência livre popular nacional de indigena do contexto urbano, idealizador da Tv Imbaú, organizador do livro Desmilitarização da Polícia e da Política: uma resposta que virá das ruas.

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O carnaval e a resistência indígena! A resistência indígena e o carnaval!

"Mesmo sofrendo as dores e violência da invasão colono-capitalista, nunca deixamos de ofertar a nossa esperança no ser humano", escreve Givanildo da Silva

Carnaval de Olinda em 2020 (Foto: Prefeitura de Olinda)

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 “Minha carne é de carnaval

 O meu coração é igual

 ….

 Aqueles que têm uma seta

 e quatro letras de amor

 por isso onde quer que

 eu ande em qualquer pedaço

 eu faço

 um campo grande

 …

 Eu não marco toca

 eu viro toca

 eu viro moita”

 Swing de Campo Grande

 Os Novos Baianos

Saúdo e agradeço a possibilidade de adentrar esse espaço. Principalmente porque é o período de Evoé, quando a vida é festejada a exaustão, que é uma honra ocupar esse espaço em tempos de afirmação da vida depois de 6 longos exaustivos anos, que atacou profundamente, todas as possibilidades de humanização, entre elas a alegria, que tem na área cultural, a expressão organizativa das manifestações que afetam a nossa subjetividade, que impulsiona a nossa reflexão para as dinâmicas do mundo. Logo, o carnaval é essa síntese, acolhendo em grandes proporções as nossas resistências em sucumbir a esse mundo sorumbático, hipócrita, destruidor e desumanizador que a extrema-direita tentou e tenta nos impor, seu mundo “careta e covarde”!  

Antes de passar para o segundo e misturado ponto dessas linhas canhota, quero agradecer o convite de ocupar esse espaço do Portal 247, a pessoa do Aquiles Lins, Secretário de Redação do 247, esperando cumprir o desafio em alcançar as expectativas de um grande público.

Voltemos então, para a tentativa de ser sintético, rompendo com a minha característica prolixa, que terei que duelar firmemente.

Nesse ano que se descortinou, vimos saltar aos olhos uma das maiores atrocidades desses tempos que estamos vivendo, a situação do povo Yanomami, o que infelizmente não chegou ao grande público, foi a reflexão de que essa tem sido uma característica histórica, do Estado contra os povos indígenas, sim do Estado, ou alguém tem dúvidas que o estado não atuou, deixou de atuar e estimulou para ocorresse o genocídio contra os Yanomami?  

Pois então, temos aqui uma brutalidade que se repete há 523 anos contra o povo de Pindó-rama ou mais popular, Pindorama (conhecido como Brasil, que nos torna brasileiros ou seja, carregadores de pau-brasil).  

A marcha da invasão, que a longo dos mais de 5 séculos, nos impôs várias ações genocidas como hoje assistimos aos Yanomami, o fez não sem resistência da nossa parte, desde o primeiro momento até os dias atuais, só lembrando de algumas, fomos os únicos protagonistas ou protagonizamos com outros setores: Cerco de Igarassu - PE (1549), Confederação dos Tamuyas RJ e SP 1554 -1567,Cerco de Piratininga - SP (1562), Guerra dos Aimorés - BA (1555-1673), Guerra dos Bárbaros - PB- RGN (1586-1599), Quilombos, sec 17 e 18, Levante dos Tupinambás-ES e BA (1617-1621), Confederação dos Cariris -PB e CE (1686-1692), Guerrilha dos Muras -AM (século XVIII), Resistência Guaicuru - Mato Grosso do Sul (1725-1744), Guerra Guaranítica - Região Sul (1751-1757), Cabanada - PE e AL (1832-1835) Federação do Guanais-BA (1832), Cabanagem - PA (1835-1840), Balaiada - MA (1838-1841, Motim do Mata-Mata - PE (1847-1848), Revolta do Ronco de Abelha – PB, PE, AL, CE e SE (1851-1854), Levante dos Marimbondos - PE (1852), Revolta do Quebra-Quilos-PB, PE, RGN e AL (1874-1875), Guerra de Canudos - BA (1896-1897). Revolução Acriana - AC (1898-1903),Guerra do Contestado - SC e PA (1912-1916). Sedição de Juazeiro - insurreição política, Ceará (1914), Caldeirão de Santa Cruz do Deserto - movimento messiânico que surgiu nas terras no Crato, Ceará (1937), Ligas Camponesas (1945-1964).

Mas que relação tem essas lutas com o carnaval afinal de contas?

Nesse triste processo histórico, mesmo sofrendo as dores e violência da invasão colono-capitalista, nunca deixamos de ofertar a nossa esperança no ser humano e oferecemos para alegrar essa vida de lutas e esperança: o Maracatu, o Coco, a Ciranda, o Caboclinho, o Frevo entre outros elementos que oferecemos juntos e misturados, para continuar a festejar o nosso esperançar popular, que o nosso dia vai chegar e que queremos bailar em homenagem aos nossos ancestrais, aos que lutaram e lutam e desejam lutar, sem perder a alegria de viver e de sonhar!

Evoé!

Oriba!

Mais um pouco dessa prosa:

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