O carnaval e a resistência indígena! A resistência indígena e o carnaval!
"Mesmo sofrendo as dores e violência da invasão colono-capitalista, nunca deixamos de ofertar a nossa esperança no ser humano", escreve Givanildo da Silva
“Minha carne é de carnaval
O meu coração é igual
….
Aqueles que têm uma seta
e quatro letras de amor
por isso onde quer que
eu ande em qualquer pedaço
eu faço
um campo grande
…
Eu não marco toca
eu viro toca
eu viro moita”
Swing de Campo Grande
Os Novos Baianos
Saúdo e agradeço a possibilidade de adentrar esse espaço. Principalmente porque é o período de Evoé, quando a vida é festejada a exaustão, que é uma honra ocupar esse espaço em tempos de afirmação da vida depois de 6 longos exaustivos anos, que atacou profundamente, todas as possibilidades de humanização, entre elas a alegria, que tem na área cultural, a expressão organizativa das manifestações que afetam a nossa subjetividade, que impulsiona a nossa reflexão para as dinâmicas do mundo. Logo, o carnaval é essa síntese, acolhendo em grandes proporções as nossas resistências em sucumbir a esse mundo sorumbático, hipócrita, destruidor e desumanizador que a extrema-direita tentou e tenta nos impor, seu mundo “careta e covarde”!
Antes de passar para o segundo e misturado ponto dessas linhas canhota, quero agradecer o convite de ocupar esse espaço do Portal 247, a pessoa do Aquiles Lins, Secretário de Redação do 247, esperando cumprir o desafio em alcançar as expectativas de um grande público.
Voltemos então, para a tentativa de ser sintético, rompendo com a minha característica prolixa, que terei que duelar firmemente.
Nesse ano que se descortinou, vimos saltar aos olhos uma das maiores atrocidades desses tempos que estamos vivendo, a situação do povo Yanomami, o que infelizmente não chegou ao grande público, foi a reflexão de que essa tem sido uma característica histórica, do Estado contra os povos indígenas, sim do Estado, ou alguém tem dúvidas que o estado não atuou, deixou de atuar e estimulou para ocorresse o genocídio contra os Yanomami?
Pois então, temos aqui uma brutalidade que se repete há 523 anos contra o povo de Pindó-rama ou mais popular, Pindorama (conhecido como Brasil, que nos torna brasileiros ou seja, carregadores de pau-brasil).
A marcha da invasão, que a longo dos mais de 5 séculos, nos impôs várias ações genocidas como hoje assistimos aos Yanomami, o fez não sem resistência da nossa parte, desde o primeiro momento até os dias atuais, só lembrando de algumas, fomos os únicos protagonistas ou protagonizamos com outros setores: Cerco de Igarassu - PE (1549), Confederação dos Tamuyas RJ e SP 1554 -1567,Cerco de Piratininga - SP (1562), Guerra dos Aimorés - BA (1555-1673), Guerra dos Bárbaros - PB- RGN (1586-1599), Quilombos, sec 17 e 18, Levante dos Tupinambás-ES e BA (1617-1621), Confederação dos Cariris -PB e CE (1686-1692), Guerrilha dos Muras -AM (século XVIII), Resistência Guaicuru - Mato Grosso do Sul (1725-1744), Guerra Guaranítica - Região Sul (1751-1757), Cabanada - PE e AL (1832-1835) Federação do Guanais-BA (1832), Cabanagem - PA (1835-1840), Balaiada - MA (1838-1841, Motim do Mata-Mata - PE (1847-1848), Revolta do Ronco de Abelha – PB, PE, AL, CE e SE (1851-1854), Levante dos Marimbondos - PE (1852), Revolta do Quebra-Quilos-PB, PE, RGN e AL (1874-1875), Guerra de Canudos - BA (1896-1897). Revolução Acriana - AC (1898-1903),Guerra do Contestado - SC e PA (1912-1916). Sedição de Juazeiro - insurreição política, Ceará (1914), Caldeirão de Santa Cruz do Deserto - movimento messiânico que surgiu nas terras no Crato, Ceará (1937), Ligas Camponesas (1945-1964).
Mas que relação tem essas lutas com o carnaval afinal de contas?
Nesse triste processo histórico, mesmo sofrendo as dores e violência da invasão colono-capitalista, nunca deixamos de ofertar a nossa esperança no ser humano e oferecemos para alegrar essa vida de lutas e esperança: o Maracatu, o Coco, a Ciranda, o Caboclinho, o Frevo entre outros elementos que oferecemos juntos e misturados, para continuar a festejar o nosso esperançar popular, que o nosso dia vai chegar e que queremos bailar em homenagem aos nossos ancestrais, aos que lutaram e lutam e desejam lutar, sem perder a alegria de viver e de sonhar!
Evoé!
Oriba!
Mais um pouco dessa prosa:
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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