O céu que nos protege (ou não)
"As cenas de vulgaridade, autoritarismo e escárnio para com as leis e as liberdades individuais têm tornado o cotidiano do país um pesadelo, sem contar a entrega deslavada do patrimônio nacional", afirma Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia; "É o caso de se perguntar: haverá eleições? A resposta talvez esteja embutida em um comentário do próprio presidente. Ele aguarda “uma boa reforma política”. E aí é que mora o perigo. Que reforma será esta que nos aguarda? Somados os 30% de evangélicos, mais os que ainda hesitam em deixar de chamá-lo de “mito”, (basta um empurrãozinho e eles permanecem no reduto dos apoiadores), já há uma parcela considerável para manter tudo como está"
Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia
Depois do desempenho do ex-juiz Sergio Moro no Senado, em que foi saudado como “vencedor” tanto pelo presidente, quanto por parte da mídia tradicional, o mercado se assanhou. Na mesma toada seguiu o presidente. Embalado pelos cânticos pentecostais entoados por cerca de três milhões de pessoas, em São Paulo, Jair Bolsonaro subiu ao palco, vestiu a camisa do segmento que ajudou a elegê-lo e segue lhe dando apoio, e anunciou o que negava na campanha. Sim, é a favor da reeleição. Sim, lançou-se candidato. Na falta de uma agenda para o presente, antecipou o futuro, para desespero dos que não estão suportando nem sequer aguentar até o fim o seu mandato.
As cenas de vulgaridade, autoritarismo e escárnio para com as leis e as liberdades individuais têm tornado o cotidiano do país um pesadelo, sem contar a entrega deslavada do patrimônio nacional. Com o respaldo daquele jornalão que sempre acolchoa a cadeira dos que estão no poder, ele admitiu pela primeira vez que quer permanecer lá.
É o caso de se perguntar: haverá eleições? A resposta talvez esteja embutida em um comentário do próprio presidente. Ele aguarda “uma boa reforma política”. E aí é que mora o perigo. Que reforma será esta que nos aguarda? Somados os 30% de evangélicos, mais os que ainda hesitam em deixar de chamá-lo de “mito”, (basta um empurrãozinho e eles permanecem no reduto dos apoiadores), já há uma parcela considerável para manter tudo como está.
A questão é que existem os generais. Em evento hoje, no Palácio do Planalto, Bolsonaro anuncia mudanças na estrutura de poder. Uma delas, a redução a praticamente zero, das atividades do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni. A relação institucional, até aqui feita (?) por ele, passa às mãos de um general da ativa. Sim, caros/as leitores/as. Eu disse da ativa (general da ativa do Exército e estava à frente do Comando Militar do Sudeste).
Para exercer tal função, o general passa a titular da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares, substituta da Subchefia de Assuntos Parlamentares. A pasta que era de Onyx, já havia extinguido a secretaria voltada para o Senado, e se transmutou em uma que havia sido criada para dialogar com a Câmara, em Secretaria Especial de Relacionamento Externo. É bastante poder para quem tem atrás de si tropas prontas a obedecer, e voz de comando. Vai que num desses diálogos o tom sobe, e o general resolve fechar o Congresso? Aí a tal da “reeleição” será automática e indefinida. E seja o que Deus quiser. Ou melhor, Jesus.
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