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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    O céu que nos protege (ou não)

    "As cenas de vulgaridade, autoritarismo e escárnio para com as leis e as liberdades individuais têm tornado o cotidiano do país um pesadelo, sem contar a entrega deslavada do patrimônio nacional", afirma Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia; "É o caso de se perguntar: haverá eleições? A resposta talvez esteja embutida em um comentário do próprio presidente. Ele aguarda “uma boa reforma política”. E aí é que mora o perigo. Que reforma será esta que nos aguarda? Somados os 30% de evangélicos, mais os que ainda hesitam em deixar de chamá-lo de “mito”, (basta um empurrãozinho e eles permanecem no reduto dos apoiadores), já há uma parcela considerável para manter tudo como está"

    (Foto: Isac Nóbrega - PR)

    Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

    Depois do desempenho do ex-juiz Sergio Moro no Senado, em que foi saudado como “vencedor” tanto pelo presidente, quanto por parte da mídia tradicional, o mercado se assanhou. Na mesma toada seguiu o presidente. Embalado pelos cânticos pentecostais entoados por cerca de três milhões de pessoas, em São Paulo, Jair Bolsonaro subiu ao palco, vestiu a camisa do segmento que ajudou a elegê-lo e segue lhe dando apoio, e anunciou o que negava na campanha. Sim, é a favor da reeleição. Sim, lançou-se candidato. Na falta de uma agenda para o presente, antecipou o futuro, para desespero dos que não estão suportando nem sequer aguentar até o fim o seu mandato.

    As cenas de vulgaridade, autoritarismo e escárnio para com as leis e as liberdades individuais têm tornado o cotidiano do país um pesadelo, sem contar a entrega deslavada do patrimônio nacional. Com o respaldo daquele jornalão que sempre acolchoa a cadeira dos que estão no poder, ele admitiu pela primeira vez que quer permanecer lá. 

    É o caso de se perguntar: haverá eleições? A resposta talvez esteja embutida em um comentário do próprio presidente. Ele aguarda “uma boa reforma política”. E aí é que mora o perigo. Que reforma será esta que nos aguarda? Somados os 30% de evangélicos, mais os que ainda hesitam em deixar de chamá-lo de “mito”, (basta um empurrãozinho e eles permanecem no reduto dos apoiadores), já há uma parcela considerável para manter tudo como está.

    A questão é que existem os generais. Em evento hoje, no Palácio do Planalto, Bolsonaro anuncia mudanças na estrutura de poder. Uma delas, a redução a praticamente zero, das atividades do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni. A relação institucional, até aqui feita (?) por ele, passa às mãos de um general da ativa. Sim, caros/as leitores/as. Eu disse da ativa (general da ativa do Exército e estava à frente do Comando Militar do Sudeste).

    Para exercer tal função, o general passa a titular da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares, substituta da Subchefia de Assuntos Parlamentares. A pasta que era de Onyx, já havia extinguido a secretaria voltada para o Senado, e se transmutou em uma que havia sido criada para dialogar com a Câmara, em Secretaria Especial de Relacionamento Externo. É bastante poder para quem tem atrás de si tropas prontas a obedecer, e voz de comando. Vai que num desses diálogos o tom sobe, e o general resolve fechar o Congresso? Aí a tal da “reeleição” será automática e indefinida. E seja o que Deus quiser. Ou melhor, Jesus.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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