O chefe das rachadinhas tentou liderar o rachadão da vacina
"Flavio Bolsonaro, um homem sempre em busca de resultados, não perderia as oportunidades oferecidas pela iniciativa dos empresários que tentam obter a própria imunização e a de executivos, familiares, amigos e protegidos", escreve o jornalista Moisés Mendes sobre a informação de que o filho de Jair Bolsonaro teria se envolvido em negociações para compra de vacinas da Índia por empresas
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia
Tem vazamento de conversas entre a turma de empresários e executivos brasileiros que pretendem ou pretendiam comprar 33 milhões de doses de vacina e furar a fila de espera.
Um vazador de dentro do grupo contou que Fabio Spina, diretor da Gerdau, seria um dos interlocutores das empresas junto ao governo, para que Brasília tentasse ajudar nas negociações com o laboratório AstraZeneca.
O vazador disse que Spina espalhou entre outros integrantes da turma de compradores que Flavio Bolsonaro se meteu na intermediação das tratativas dos milionários e de seus prepostos com o laboratório fabricante na Índia.
Flavio é o cara dos grandes negócios dos Bolsonaros. Ele não se mete em política, intromete-se onde há dinheiro, seja com chocolate ou com vacina.
A informação sobre a mediação de Flavio está na coluna de Lauro Jardim no Globo. Cabe agora ao jornalismo tentar descobrir qual seria a tarefa dele, quem ele representa e quais são seus interesses.
Poderia estar sendo criado pelo filho empreendedor de Bolsonaro o grande rachadão da vacina, o esforço imoral de ricaços para ter acesso privilegiado a um imunizante que deve ser público e para todos. Por enquanto, a empreitada não deu certo.
Os participantes do grupo já sabem que tem um vazador na turma. E que um chefe de quadrilha, assim definido por denúncia do Ministério Público do Rio, é um dos negociadores.
É uma turma eclética, com subalternos que negociam em nome dos patrões para comprar vacinas escassas e pular na frente de todos, e um sujeito que os investigadores das rachadinhas e da lavagem de dinheiro no Rio entendem que já deveria estar preso.
É interessante que o emissário ponta-de-lança de Bolsonaro, o cara jogado na arena das conversas arriscadas sobre a compra das vacinas, era inicialmente seu chefe de comunicação, Fábio Wajngarten. Esse é bem-mandado, mas não tem o poder do filho.
O filho mais velho entrou na jogada porque multiplica por 10 o faturamento de uma lojinha de franquia de chocolates e poderia, quem sabe, produzir o milagre de multiplicar vacinas para os bacanas do setor privado.
Flavio Bolsonaro, um homem sempre em busca de resultados, não perderia as oportunidades oferecidas pela iniciativa dos empresários que tentam obter a própria imunização e a de executivos, familiares, amigos e protegidos.
O primogênito sabe que uma peste mundial também é um desafio a quem se submete aos riscos de qualquer tipo de empreendimento. Para muita gente, a pandemia e a morte são apenas parte do cenário de grandes negócios.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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