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    Roberto R. Martins

    Autor de Liberdade para os Brasileiros – anistia ontem e hoje

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    O conje ou a conja?

    "A justiça, como diz o populacho – que pode ser populacho, mas não é besta – às vezes tarda, mas não falha"

    (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

    O monarca de Curitiba que entrou na advocacia pela janela (foi uma dificuldade para ser aprovado na OAB, apesar de “especialista” em português), depois se fez juiz passando a ser conhecido como “juiz ladrão”, elaborou um esperto esquema político para galgar o poder. Seu objetivo era ser ministro do supremo, ou presidente da república. Qualquer um dos dois “carguinhos” lhe satisfaria, sendo obrigado a transitar primeiro pelo todo poderoso ministério da Justiça e da Segurança, nomeado pelo seu mui amigo a quem defendeu ardorosamente, o Bolsonaro. Para isso começou por montar um poderoso esquema político encastelado na 7ª Vara Federal do Paraná. Criou a Monarquia de Curitiba intitulada “Operação Lava a Jato”.

    Muitos ainda chamam o grupo de “República de Curitiba”, mas não podia ser república um grupo formado por monarquistas: tanto o senhor Sérgio, o Moro, quanto seu fiel escudeiro, Deltan,  o Dallagnol, chefe dos procuradores federais, sempre foram e agiram como monarquistas, nada possuindo de republicanos. 

    Assim, com o monarca reinando a sua monarquia e o fiel escudeiro controlando uma tropa de procuradores, foi fácil montar um poderoso esquema, com largo apoio da imprensa dita grande, que, além de saber primeiro tudo o que ia se passar, criava o clima necessário para que as ações suspeitas pudessem ser realizadas com êxito. E um grande número de colaboradores, pagos, não sei, mas chantageados, alguns, sim. Como foi o advogado refugiado na Espanha, Tacla Duran; o empresário Tony Garcia que foi feito agente infiltrado gravando até cenas da “festa da cueca” com desembargadores do IV TRF a fim de que Moro os pudesse ter em suas mãos; o advogado Roberto Bertholdo perseguido, preso, chantageado, e que agora também denuncia toda a trama. É um rosário de denuncias contra a Monarquia de Curitiba, tendo tudo começado com as investigações jornalísticas do Intercept Brasil, depois chanceladas em variadas decisões pelo Supremo Tribunal que considerou ilegais as decisões do senhor Moro.

    E ainda tem muito mais... São aguardadas “bombas” decorrentes da longa investigação realizada pelo Conselho Nacional de Justiça, especialmente no que se refere à “gestão caótica no controle de valores oriundos de acordos de colaboração e de leniência firmados com o Ministério Público Federal e homologados pelo juízo da vara federal de Curitiba”. São muitos milhõezinhos que ninguém sabe, ninguém viu, em quais bolsos caiu.

    Mas o que importa aqui, é a carreira política dos dois monarquistas principais, pavimentada nas suas ações na justiça “combatendo” a corrupção. O monarca maior tentou primeiro garantir uma vaga no supremo, dizem que prometida pelo seu chefe. Mas este o achou muito forte naquele duplo ministério, era preciso enfraquece-lo, então travaram uma luta de cachorro grande, como se diz na linguagem popular. E nesta, venceu o que tinha dentes maiores: fuzis, tanques e canhões e a caneta.  O monarquista foi defenestrado e ficou à procura de um porto onde se agarrar. Voltou a Curitiba, alugou um partido, seria candidato a presidente, com todo o apoio do Podemos (será que pode?) capitaneado no estado pelo senador Álvaro Dias (antigo “autêntico” do velho MDB) o qual seria traído e teria seu mandato roubado pelo “mui amigo”. Chegaremos lá. Impossibilitado por várias razões de ser candidato a presidente, resolveu então pegar um carguinho de senador: oito anos, nada mal. E a conja seria deputada, assim como o fiel escudeiro. Mas, pensou = isso eu imagino e os paranaenses também devem imaginar – pelo Paraná? Não, se não for presidente vou ser senador, mas é por São Paulo, o maior estado! E transferiu-se, com malas, bagagens, conja e “títulos” para o novo estado. Acontece, porém, que a justiça eleitoral não caiu na esparrela armada pelo costumeiro juiz armador de arapucas. Teve que se contentar em voltar ao Paraná onde, depois dos milhões gastos em sua promoção, foi fácil eleger-se, traindo o amigo que o acolhera, e gastando mais uns milhõezinhos que certamente já estavam reservados para tal. E a conja ficou em São Paulo, fez-se deputada por lá. O fiel escudeiro por cá, ele senador, a Monarquia de Curitiba ficou bem representada no parlamento, pois dinheiro não lhes faltou. Assim estava garantida a impunidade com base na imunidade parlamentar.

    Ledo engano. A justiça, como diz o populacho – que pode ser populacho, mas não é besta – às vezes tarda, mas não falha. Primeiro foi a vez do fiel escudeiro ter o mandato cassado. Agora está chegando a vez do julgamento do monarca principal. Mas prestem bem atenção ao raciocínio que ele faz: ora, sou monarca; este carguinho no senado é meu; se querem me tirar por umas “firulas” jurídicas, vá lá que seja, mas se o conje não pode, vem a conja para assumir! No patriato, ao impedimento do rei, sucede a rainha!

    Com a certeza da cassação de seu mandato, Moro já providenciou a transferência do título da conja (não é assim que ele fala no bom português?) para o Paraná e fim de concorrer a “seu” mandato de senador. Para os eleitores de São Paulo que a elegeram: uma banana! Os paranaenses, a gente enrola de novo. Será? Ficará impune? Que o diga a justiça e o povo do Paraná e de São Paulo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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