O desmonte da educação pública no RS
Já é tempo de o povo gaúcho aprender com as experiências vividas e perceber quem é quem nesta balança
Há algum tempo usei este espaço para tratar do tema da Educação de Jovens e Adultos - EJA no estado do Rio Grande do Sul durante os governos de direita de José Ivo Sartori – MDB e Eduardo Leite – PSDB. Naquela época, além dos fechamentos recordes de escolas, o governo Leite fechava turmas de EJA e impedia as rematrículas de seus estudantes.
Recentemente o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – CPERS realizou um levantamento sobre os dados da EJA no Estado. Os resultados não surpreenderam a quem conhece a política e o modo de governar tucano. Mas, demonstraram mais uma vez como o governo de Eduardo Leite segue desestruturando a EJA e a educação de modo geral no Rio Grande do Sul.
O estado do Rio Grande do Sul foi o que mais registrou queda no número de matrículas na EJA no ano de 2019, quando 40 mil inscrições foram extintas. Isso significava uma redução de 56% das matrículas no ano em questão. Analisando os novos dados recolhidos, o Centro destaca que “em 2019, havia 71.703 estudantes matriculados em aulas desta modalidade; já, em 2021, o número caiu para 31.552”.
Os estudantes que, por diversos motivos, não puderam completar a Educação Básica no período chamado “idade certa” (como se existisse uma idade certa para aprender) se veem agora com menos oportunidades ainda, visto que o governo Leite tem dificultado de forma extrema a sua volta às salas de aula.
Na última semana de fevereiro de 2022, Eduardo Leite encaminhou ofício às Coordenadorias de Educação comunicando o enxugamento dos Núcleos Estaduais de Educação de Jovens e Adultos – NEEJAs e o remanejo dos professores e professoras que trabalhavam nestes locais. A desestruturação da educação no Rio Grande do Sul nos últimos anos tem sido ponto de pauta com destaque para os governos do Estado. Uma desestruturação proposital e com um alvo certo: os filhos e filhas da classe trabalhadora que frequentam a escola pública e os trabalhadores e trabalhadoras que frequentam – quando conseguem uma vaga - a EJA.
Que educação não é prioridade para os governos de direita já sabemos, mas há um desmonte gravíssimo em curso e que precisa ser freado. As condições das escolas estaduais do RS têm sido denunciadas pelo CPERS através das “Caravanas da Verdade” e sabemos que o quadro é alarmante. Se somarmos a isso a falta de valorização dos profissionais da educação, a cena piora consideravelmente. Se, ainda, adicionarmos os fechamentos de escolas e as municipalizações de etapas da Educação Básica, temos uma realidade que grita por socorro.
E, do meu ponto de vista, temos apenas duas formas de frear este desmonte: lutando em defesa da educação pública e votando certo na próxima eleição em outubro de 2022. Um Estado que já viveu a experiência de ser governado pela esquerda e que depois ficou dois mandatos sendo governado pela direita já sabe bem quais são as principais diferenças entre estes governos. Empiricamente o povo gaúcho sabe quais projetos de sociedade cada lado defende, sabe quais são as principais diferenças entre eles e sabe quem foi que realmente agregou à educação pública deste Estado. Também sabem quem trabalhou contra e fez o máximo que pôde para acabar com a qualidade da educação da classe trabalhadora.
A educação pede socorro e para salvá-la é necessário que tenhamos novamente no Piratini (Sede do Governo do RS) um governante preocupado de fato com ela. Do mesmo modo na Assembleia Legislativa, que nestes últimos três anos foi base para Leite fazer e desfazer o que bem entendesse - vide a aprovação do novo Plano de Carreira do Magistério.
Já é tempo de o povo gaúcho aprender com as experiências vividas e perceber quem é quem nesta balança. Em defesa da educação pública, gratuita e com qualidade social, eu não voto na direita!
Para mais informações sobre o tema da EJA no RS segue o link do levantamento completo feito pelo DIEESE.
https://cpers.com.br/wp-content/uploads/2022/03/20222502_EJA-cidades-rede-estadual.pdf
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