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    Ângelo Cavalcante

    Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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    O essencial do Grupo de Lima

    A legitimidade do assim chamado 'Grupo de Lima' para mediar debates, propor soluções ou mediações em torno dos graves problemas e que envolvem a Venezuela é o mais absoluto zero e que se possa imaginar

    O essencial do Grupo de Lima

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    A legitimidade do assim chamado 'Grupo de Lima' para mediar debates, propor soluções ou mediações em torno dos graves problemas e que envolvem a Venezuela é o mais absoluto zero e que se possa imaginar.

    Não se espantem mas é que para esse tipo de coisa, não tem jeito, o papo tem de ser "reto" ou as questões não serão esclarecidas.

    Reparem... É como juntar os governos de Israel, dos Estados Unidos e do Brasil para analisar a causa palestina. O que acham que irá sair desse 'conclave de anjos decaídos'? Ora pois, o que há de pior, é claro, para o povo palestino e que bem sabemos, tem todos os direitos a um Estado livre, independente e soberano.

    Mas vamos ao 'G-Lima'! O que é esse sujeito coletivo e que, simplesmente, apareceu? Para que foi criado? Com que objetivos e pretensões? Como atua e qual seu vínculo com a direita latino-americana, logo, com o império dos Estados Unidos?

    A ver... O Grupo de Lima é iniciativa do Ministério das Relações Exteriores do Peru quando este se achava sob a gestão do muito conservador e 'fujimorista' chanceler Ricardo Luna Mendoza; trata-se de grupo ocasional e formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.

    Nada, nada... A 'fina flor' do que temos de mais conservador, submisso e caudatário aos interesses dos Estados Unidos no sub-continente latino-americano.

    Em outros termos, o 'G-Lima' é um ajuntamento político e circunstancial de chanceleres das Américas; fora constituído em oito de agosto de 2017 com o fim único de instabilizar a Venezuela. Nada além disso...

    A miúda 'Declaração de Lima', (considerando que não ultrapassa dez linhas de texto!) é uma ajuntada de termos genéricos, de platitudes e de perspectivas panorâmicas que nada diz, explica ou orienta.

    É assim: "Os Ministros das Relações Exteriores e Representantes de (blá-blá-blá!)... reunidos na cidade de Lima (blá-blá-blá!) para abordar a situação crítica na Venezuela e explorar maneiras de contribuir para a restauração da democracia naquele país através de uma solução pacífica e negociada; encorajados pelo espírito de solidariedade que caracteriza a região e pela convicção de que a negociação, com pleno respeito às normas do direito internacional e ao princípio da não intervenção, da não violação aos direitos humanos e da democracia, é a única ferramenta que garante uma duradoura solução para as diferenças".

    A "declaração" que nada declara de sério ou sincero "esqueceu" do essencial: de ouvir a "outra parte". A 'parte' dos venezuelanos e fustigada violentamente por uma direita criminosa e belicista; a 'parte' de um país e que tem total autonomia por fazer a própria história; de uma gente que tem a vida e o cotidiano sabotados durante vinte anos pela ação imperial dos Estados Unidos.

    Dentre alguns reclamos do G-Lima destacam-se: 1 - "Sua condenação a ruptura da ordem democrática da Venezuela". "Ruptura democrática"? Como assim? A Venezuela é o país que mais realiza eleições no mundo; possui uma mídia integralmente independente, não por acaso, grande parte dela faz oposição aberta e militante contra o chavismo e; com um judiciário operando autonomamente e dentro das leis nacionais.

    2 - "Sua decisão por não reconhecer a instauração da Assembléia Nacional Constituinte". Mas, reparem... A 'Assembléia Constituinte' é um marco democrático, além de ser notável estratégia de estabilização social e política para o país. Mesmo tendo ampla participação de todos os segmentos sociais; com apoio da população e com envolvimento direto da sociedade civil organizada. Não tem legitimidade? É espantoso...

    3. "Apoio e solidariedade à Procuradora-Geral Luisa Ortega Díaz e aos membros do Ministério Público da Venezuela, e exigem a aplicação das medidas cautelares emitidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos". Bom... Sobre temas a envolver o Ministério Público, nós, os brasileiros, temos alguma experiência em matéria de perseguição e eletividade investigativa.

    Em breves palavras, 'Luisa Ortega Díaz' é ex-procuradora e foragida da justiça venezuelana; é acusada de compor uma rede de corrupção, juntamente com o marido, Gérman Ferrer, deputado da Assembléia Nacional.

    Díaz ganhou notoriedade na imprensa burguesa quando anunciou aos quatro ventos que possuía provas de corrupção contra o presidente Nicolás Maduro e seu governo. Dois anos se passaram e... Nada de provas.

    Finalmente, o Grupo de Lima é uma ocasião; é inteligência política e diplomática, um ardil a serviço dos interesses geopolíticos da direita americana/latino-americana e com ares de diplomacia e integridade. Não consta em qualquer organograma da ONU ou mesmo da OEA, uma sucursal da Secretaria de Estado dos EUA.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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