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    Heba Ayyad

    Jornalista internacional e escritora palestina

    125 artigos

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    O estado ocupante: do sionismo racista ao fascismo

    De uma entidade sionista colonial, colonizadora e racista, aos piores sistemas de apartheid, até as doutrinas das milícias fascistas

    Exército israelense na Faixa de Gaza (Foto: Reuters/Ronen Zvulun)

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    Grandes canais de notícias, como a CNN, e os principais jornais estadunidenses, como o New York Times, foram forçados a dar seguimento a relatos contundentes sobre métodos de tortura brutais e hediondos adotados pelo exército de ocupação israelense durante a investigação de detidos palestinos em prisões e centros de detenção militares israelenses em geral, sendo o centro de detenção “Sde Timan” especialmente notório. As investigações revelaram que esses métodos incluem eletrocussão, amputação de órgãos e perturbação dos sentidos, levando à perda de audição ou visão, além de violação e diversas agressões sexuais.

    Dado que a administração estadunidense foi forçada, por sua vez, a pressionar o governo de ocupação para que tomasse medidas que pudessem encobrir os abusos, o procurador público do exército de ocupação foi obrigado a solicitar uma investigação sobre 9 soldados acusados de cometer práticas flagrantes de tortura, incluindo estupro. Vários ministros da extrema direita religiosa, racista ou nacionalista intervieram, mobilizando seus apoiadores para se manifestarem em frente à esquadra da polícia militar em Beit Lid, onde os soldados acusados estavam sendo investigados, e para invadi-la à força.

    Não foi surpreendente que a multidão tenha sido incitada por Itamar Ben-Gvir, Ministro da Segurança Nacional da coligação de Benjamin Netanyahu, e que o Ministro do Patrimônio, Amichai Eliyahu, e Zvi Sukkot, membro do Knesset pelo partido "Sionismo Religioso", estivessem presentes entre os atacantes. Também participou um membro do Knesset pelo partido "Likud".

    O elemento marcante na manifestação de assalto foi a participação de soldados que mantiveram seus uniformes militares, alguns dos quais portavam as armas que lhes foram atribuídas, e não se preocuparam em esconder suas identidades, a não ser colocando uma máscara no rosto. As implicações desse detalhe são muitas, talvez a mais proeminente das quais seja que a lealdade desses soldados já não é para com o exército ao qual pertencem, mas sim aos líderes dos partidos políticos e religiosos aos quais estão vinculados.

    Foi também digno de nota que o caráter fascista desse comportamento militar israelense não veio desta vez de um oponente do Estado ocupante ou de um crítico que poderia facilmente ser acusado de anti-semitismo, mas sim de Yair Lapid, o líder da chamada "oposição" israelense, que declarou que "este é um grupo fascista que representa uma ameaça à existência do Estado de Israel, e é a melhor coisa que poderia acontecer a Sinwar."

    O Ministro do Exército de Ocupação, Yoav Galant, escreveu a Netanyahu solicitando uma investigação sobre as alegações de que Ben-Gvir impediu a polícia de intervir para dispersar a manifestação dos extremistas e evitar o ataque a um centro militar israelense. Quanto ao Chefe do Estado-Maior da ocupação, fez sua declaração considerando o incidente do ataque como uma prova da "proximidade do caos completo."

    Se não há nada de novo na exposição das práticas de tortura brutais e fascistas do exército de ocupação, na intensificação dos confrontos diretos entre os partidos da coligação governante, e na exposição de mais mentiras sobre o "único oásis de democracia" no Oriente Médio, também não há nada de novo em um incidente que marca um passo adicional nos caminhos do Estado ocupante: de uma entidade sionista colonial, colonizadora e racista, aos piores sistemas de apartheid, até as doutrinas das milícias fascistas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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