Givanildo-Giva M. da Silva avatar

Givanildo-Giva M. da Silva

Educador, Indígena do contexto urbano, articulador da 1ª Conferência livre popular nacional de indigena do contexto urbano, idealizador da Tv Imbaú, organizador do livro Desmilitarização da Polícia e da Política: uma resposta que virá das ruas.

7 artigos

HOME > blog

O Etnocídio e o não lugar das e dos indígenas que lhes tem sido negado o direito à memória e identidade

“Mas como? O Joãzinho é índio? Não brinca! Ele nunca me disse nada. Ao contrário, ele mesmo nega” - “Os Óculos dos brancos”, Jornal Porantim do CIMI, 1979

(Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil)

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Um novo velho debate, que se faz necessário e vem ganhando forma e força, que é o debate do Etnocídio indígena, esse que tem massacrado a subjetividade-alma-história e identidades de milhões de pessoas, que tiveram as suas identidades negadas, uma boa parte sequer tiveram o direito de acessá-la, já que por medo de ser pego a laço, de ser caçados, ou sofrer diversos preconceitos, seus ancestrais negaram as suas identidades, negando a diversas gerações, o direito à memória e a história por segurança, outra o colonizador aplicou sua política assimilacionista, que impõe a permanente negação de quem nós somos, ou ainda a burocracia do estado colono-capitalista, decidiu desde sempre que uma de suas tarefas é apagar as identidades daquelas e daqueles que podem se perceber.

Diversos foram as ações realizadas para esse intento, as inúmeras guerras foram a mais explícita determinação de subjugar as centenas ou mais de  mil de povos, que não se curvaram e lutaram ferrenhamente para não se submeter aos interesses do invasor, que sofisticou as suas ações e encontrou no Etnocídio uma de suas ações mais eficaz no processo de subjugar os povos, utilizando táticas diferente, que começa nas ações eugenista e assimilacionistas do Marquês de Pombal,passando pela criminalização das línguas, proletarizando os indígenas em longos processos de deslocamentos forçados dos seus territórios e na manipulação do Censo, retirando a contagem da categoria indígena do Censo por 100 anos, já que em 1940, o IBGE introduz a cor parda e explica que foram contados como pardos, índios, caboclos, os descendentes de índios, os cafuzos e os mamelucos, avançando em seu projeto de apagamento Só voltando a figurar a categoria indígena no Censo de 1991., o último Censo que apareceu a categoria indígena , foi no fim do século XIX.   

O trecho do artigo de 1979, trata de uma hipotética conversa criada entre dois funcionários público e a sua surpresa de ter um grande número de indígenas em Manaus, que surpreendia a população Manauara, ou na verdade setores, que já sabemos quais, a serena resposta do interlocutor foi:

É verdade, e respeitável senhora, ele nega, eles negam, nós negamos por eles. O que acontece com Joãozinho e os seus 10 mil irmãos espalhados por Manaus é que colocaram óculos neles  os mesmos óculos que colocaram em nós. Então, com esses óculos, eles não se podem ver como índios 

Esse processo que rasga  a alma e o lugar de muitas e muitos, não ocorre sem resistências, só nesses últimos 50 anos, com o inicio do processo de articulação da União das Nações Indígenas, que teve papel central para mudar o status de tutelados pelo estado dos povos indígenas e fortalecimento das identidades, autoafirmação e retomadas, que ganhou impulso e se fortaleceu desde então, muitos foram os povos que passaram a se afirmar e retomar seus territórios ancestrais,  que teve no nordeste uma das principais regiões das auto afirmação das identidades, chegando aos dias atuais quando diversas identidades silenciadas pelo colono-capitalismo, passam a reivindicar as suas memórias ancestrais, para voltar a caminhar guiado pelo farol de suas histórias, podendo fazer escolhas de caminhos,,  a luz do passado e do presente.

No dia 28 de agosto, a I Conferência Livre e Popular de Indígenas do contexto urbano, inicia um seminário para aprofundar esses processos, será o Seminário para discutir o Etnocídio Indígena, que terá na abertura o Antropólogo João Pacheco de Oliveira, um dos grandes pensadores dos povos indígenas.

Link para mais informações  https://www.instagram.com/conferenciapopularindigena/

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: