O fim de um ciclo de pensadores importantes ligados ao PCB
Fino analista de conjuntura, Werneck integrou uma geração de ouro dos formuladores da política do PCB
Morreu no Rio de Janeiro, o sociólogo Jorge Luís Werneck Vianna, ex-professor do IUPERJ, PUC, UFRRJ, fechando um ciclo de renovação teórico-política no interior do Partido Comunista Brasileiro, que nunca mais foi sucedido por ninguém, nem mesmo por José Paulo Neto , competente comentador e divulgador das obras de Marx no Brasil
Luís Werneck foi parte integrante de uma geração de pensadores da esquerda comunista no Brasil , da mais alta qualidade. Exímio analista de conjuntura (muitas publicadas em livro) Werneck conseguiu manter um diálogo permanente com a tradição liberal e defender a política de frente ampla no período da redemocratização, e depois dela. Quando se deu a diáspora dos comunistas , em razão da luta interna no partido comunista, organizou o que chamava de comunistas da sociedade civil ou comunistas sem partido e que se organizou em torno da revista Presença, cuja sede era um sobrado no bairro do Catete no Rio de Janeiro.
O ponto alto de sua trajetória foram os debates em torno do fim da ditadura militar, a polêmica com Francisco Weffort sobre a atuação dos sindicatos comunistas no pós-guerra e a longa pesquisa sobre o perfil do Judiciário brasileiro, em co-autoria com Maria Alice de Carvalho. A polêmica com Weffort está registrada no livro Sindicalismo e Liberalismo no Brasil, onde defende a posição dos comunistas na conjuntura do pós-guerra.
Os embates teóricos sobre o fim da ditadura militar através da Frente Democrática estão nas páginas da revista Presença, E finalmente a longa pesquisa pioneira sobre o perfil do Judiciário brasileiro que foi publicada em livro sobre os auspícios da Associação da Magistratura Brasileira. Trabalho original de pesquisa sócio-jurídica ou de sociologia jurídica.
Fino analista de conjuntura, Werneck integrou uma geração de ouro dos formuladores da política do PCB, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, Raimundo Santos, Ivan Ribeiro, Gildo Marçal, hoje já falecidos.
Deixa uma enorme lacuna no pensamento social brasileiro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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