TV 247 logo
    Manoel Dias avatar

    Manoel Dias

    Ex-ministro do Trabalho e Emprego

    18 artigos

    HOME > blog

    O fim do Ministério do Trabalho e o ataque contra o trabalhador brasileiro

    Agora com a eleição de Jair Bolsonaro, cuja ideologia é ultraconservadora e um legítimo representante do que há de mais reacionário em conceito político e social, antes mesmo de sua posse, decreta o fim do Ministério do Trabalho. Um verdadeiro crime de lesa-trabalhador; uma afronta inominável aos direitos daqueles que, verdadeiramente, fecundam nossas riquezas

    O fim do Ministério do Trabalho e o ataque contra o trabalhador brasileiro

    Uma das primeiras ações da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, foi a compreensão, pela primeira vez no Brasil, sobre a luta de classes.

    Enfim a oposição, entre diferentes classes da sociedade brasileira, fora incluída no debate nacional; o conflito, não apenas econômico, mas também cultural e social de imposição de uma classe dominante sobre a outra, ganhara um equilíbrio.

    Em 26 de novembro de 1930, através do Decreto 19.433, Getúlio Vargas cria o Ministério do Trabalho, com claros objetivos: a geração de emprego, o apoio ao trabalhador, a modernização das relações do trabalho - o que seria, futuramente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e a política salarial.

    Ação esta que enfrentara, firmemente, e contrabalançara, de forma mais honesta, o conceito de mais-valia; ou seja, aquilo que subjuga os indivíduos à venda de sua força de trabalho. Um antagonismo à nossa cultura escravagista da época.

    Incontáveis avanços e direitos foram conquistados na Era Vargas sob a proteção do Ministério do Trabalho. O trabalhador brasileiro tinha nesta área a sua proteção e a sua relação capital-trabalho mais equânime.

    Este sentimento perdurou por décadas, e nem mesmo os golpes de Estado, em especial, o de 1964 ousou retirar esta instituição. Temer agrediu gravemente as conquistas trabalhistas com sua reforma deformadora de direitos, mas não arriscou acabar com o Ministério.

    Agora com a eleição de Jair Bolsonaro, cuja ideologia é ultraconservadora e um legítimo representante do que há de mais reacionário em conceito político e social, antes mesmo de sua posse, decreta o fim do Ministério do Trabalho.

    Um verdadeiro crime de lesa-trabalhador; uma afronta inominável aos direitos daqueles que, verdadeiramente, fecundam nossas riquezas.

    Dividir o Ministério do Trabalho entre Economia, Justiça e Cidadania é deixar órfãos milhões de trabalhadores; é desequilibrar, ruinosamente, a relação capital e trabalho; é não compreender a luta de classes e suas conseqüências, em um país de imensa dívida social.

    Nós, trabalhistas, somos herdeiros da criação do Ministério do Trabalho.

    Repudiamos e denunciamos este crime.

    Conclamamos as forças progressistas, o Congresso Nacional, a denunciar esta atrocidade contra a classe trabalhadora.

    Conquistas e direitos estão sob forte ameaça diante desta decisão que só beneficia o capital, em detrimento do trabalho. Avizinham-se tempos tortuosos ao povo brasileiro.

    Inicia-se o governo de Jair Bolsonaro agredindo e destruindo direitos; entre eles, o dos trabalhadores.

    Deixo aqui o nosso mais veemente repúdio.

    Estamos e estaremos sempre na resistência e na luta da defesa intransigente dos trabalhadores do nosso país.

     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: