O general Heleno pediu, o Supremo atendeu
Para Paulo Moreira Leite, colunista do Jornalistas pela Democracia, "ao adiar o julgamento de Lula, que iria se realizar sob o escândalo das denúncias do Intercept, o Supremo ganha tempo para escapar dos argumentos irrespondíveis sobre a parcialidade de Sérgio Moro. O adiamento, diz ele, "não tem o menor fundamento jurídico, mas é um sinal político.
Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - Não vamos nos iludir. A decisão de adiar o julgamento do recurso de Lula, que poderia abrir caminho para sua liberdade, não tem menor fundamento jurídico, mas é um sinal político.
Lula deve ser condenado à "prisão perpétua", disse o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, num café da manhã no Planalto, na presença de Bolsonaro e de jornalistas que fazem a cobertura da presidência.
Num país onde legislação não prevê a pena de prisão perpétua, a única forma de a Justiça atender a vontade do general é obrigar um réu -- Lula, no caso -- cumprir um conjunto acumulado de condenações, de tal modo que nunca tenha chance de sair da cadeia.
O adiamento cumpre essa função. O julgamento marcado para amanhã aponta 7 razões para o STF declarar a nulidade da condenação de Lula no caso do triple. A denúncia é contra Sergio Moro, suspeito de parcialidade.
Alivanhados há meses pela defesa, a ação reúne motivos sólidos e bem fundamentados, criando chances reais da causa de Lula ser vitoriosa por 3 a 2 -- o voto de minerva é de Celso Mello.
Somadas às revelações divulgadas pelo Intercept, que mostram uma promiscuidade inaceitável entre Sérgio Moro e o chefe da força tarefa da Lava Jato, os argumentos da acusação se tornam irrespondíveis.
Neste caso, o melhor é adiar -- no cálculo de que uma segunda condenação, pelo sítio de Atibaia, permita manter Lula em Curitiba, cumprindo-se assim a vontade do general.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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