TV 247 logo
    Mauro Nadvorny avatar

    Mauro Nadvorny

    Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

    202 artigos

    HOME > blog

    O general inverno

    A humanidade continua se comportando como na Idade da Pedra em se tratando de guerra

    Refugiados na cidade polonesa de Przemysl, na fronteira com a Ucrânia (Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Eu não sei quem mais, mas eu sinto há dias como se estivesse carregando um peso. As informações atualizadas do que acontece na Ucrânia chegam aqui em Israel a todo minuto. Como não poderia deixar de ser, trazem consigo as desgraças que se abateram sobre as pessoas. Me causam uma dor enorme.

    Para cada foto de um veículo militar destruído, são dezenas de imagens de casas e prédios destruídos. Civis mortos, ou aqueles que com alguma sorte e a roupa do corpo conseguiram escapar deixando a vida que tinham para trás.

    Em meio a destruição de lares, se vão as memórias junto com eles. Se a guerra terminasse neste momento, milhões de ucranianos já não teriam para onde voltar. A vida como ele era, acabou para sempre. Reconstruir vai levar muito tempo e exigir um esforço monumental da população e do governo. Algumas cidades foram arrasadas. E para que? Que ganho militar isto representa?

    A humanidade continua se comportando como na Idade da Pedra em se tratando de guerra. O desrespeito a vida é total e absoluto. Militares e cidadãos são tratados da mesma maneira. Mulheres e crianças, idosos e animais domésticos são alvos legítimos, não importa os tratados internacionais que foram assinados. Nem a Máfia faz isso.

    Ainda é cedo para se saber o número de mortos até agora. Quando as armar silenciares vamos ter inicialmente uma ideia aproximada, e mais tarde, a realidade. As vidas perdidas, os sonhos destruídos e junto com eles a falta de perspectiva para o futuro. A recuperação será lenta e gradual e vai depender em grande parte de ajuda internacional. 

    Neste momento as forças russas não conseguem avançar além de onde já chegaram. A resistência do exército ucraniano, a despeito de sua inferioridade, não era esperada, mas está sendo eficiente dentro do possível. Os generais russos foram surpreendidos no que acharam que seria uma Blitz que estaria resolvida em poucos dias com a ocupação do país. Muitos deles já foram destituídos de seus cargos, outros presos. Putin não perdoa.

    O fato é que a cada dia que passa, a situação piora para Putin. O general inverno venceu Napoleão e mais tarde Hitler quando invadiram a Rússia. Ao que parece ele não aprendeu a lição e suas tropas encontram enormes dificuldades para se locomoverem em meio a neve e o barro em um terreno desconhecido. Se tornam presas ideais para emboscadas e armadilhas plantadas pelas forças ucranianas. Alguns já dizem que a Ucrânia se tornou o Afeganistão Europeu para os russos. O general inverno mudou de lado.

    Prisioneiros russos entrevistados dizem que só ficaram sabendo do que iriam fazer, poucas horas antes de atravessarem a fronteira. A maioria deles não tem nenhuma motivação para esta guerra. Na primeira oportunidade se entregam ou se deixam capturar. São jovens recrutas metidos em fardas enviados para a batalha com pouca ou nenhuma formação militar. Os oficiais não conseguem elevar a moral das tropas, nada faz sentido para elas.

    As cidades russas permanecem intactas. Boa parte da população nem sabe do que está acontecendo. A censura é implacável e os meios de comunicação impedidos de usar a palavra guerra. No máximo algumas poucas linhas sobre uma missão na vizinha Ucrânia. Nenhuma sobre o número de baixas e fracassos. Contudo as pessoas se perguntam porque ficaram sem a vida que estavam acostumados de um dia para o outro.

    Centenas de companhias internacionais abandonaram a Rússia. Imagine sua vida se de uma hora para outra seu cartão de crédito deixasse de funcionar. Sua moeda não valesse mais nada. Seus produtos preferidos desaparecessem das gondolas dos supermercados, sua lanchonete preferida, sua loja preferida fechasse suas portas. Seu conforto, ao qual seu cotidiano existia, terminasse. É assim que os russos estão vivendo. Muitos estão abandonando o país levando o que podem. Alguns já compreenderam o que está acontecendo e passam a duvidar do seu futuro no país.

    Com dificuldade para efetuarem pagamentos no exterior, já começam a faltar produtos. Cenas de uma batalha campal por açúcar já foram mostradas. E isto é só o começo. O racionamento de itens básicos é só uma questão de tempo enquanto durarem os estoques. Depois disso, ninguém sabe. Normalmente nestes tempos de escassez, a inflação dispara. Para uma moeda já totalmente desvalorizada, é um pesadelo para a economia. Uma hiperinflação pode ser vista no horizonte.

    Ninguém sabe o que Putin realmente deseja, nem mesmo se já alcançou algum de seus objetivos. O que já se sabe é todo o mal que ele já causou aos dois povos, e ainda pode causar se esta guerra não tiver fim.    

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: