O genocida Wilson Witzel e sua polícia assassina
O colunista Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia, chama a atenção para o recorde de mortes pela polícia no Rio de Janeiro. Ele diz: "entre o primeiro de janeiro e o trinta e um de outubro deste malfadado ano passaram-se exatos 304 dias. E foram mortas pela polícia do Rio de Janeiro 1.546 pessoas. Cinco por dia"
Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia - Entre o primeiro de janeiro e o trinta e um de outubro deste malfadado ano passaram-se exatos 304 dias. E foram mortas pela polícia do Rio de Janeiro 1.546 pessoas. Cinco por dia.
Nesses dez meses de 2019 houve mais vítimas fatais que ao longo de todo o ano passado, sendo que 2018 era o ano com mais mortes por intervenção policial desde 1998, quando começou a série levantada pelo governo do estado.
Se nada for feito para impedir o morticínio, vamos fechar o ano com mais de 1.800 mortos. Um detalhe espantoso: até agora, trinta por cento das mortes violentas registradas no estado do Rio foram obra da polícia.
Os dados foram divulgados pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, o ISP. Ou seja: são oficiais.
É esse o resultado da política de segurança implantada por Wilson Witzel, eleito graças ao apoio irrestrito da família Bolsonaro e, claro, das milícias. Na verdade, muito mais que de segurança é uma política genocida.
Witzel é o responsável por implantar no Rio a ideia tão cara ao clã presidencial de que a polícia deve atirar contra qualquer suspeito que estiver carregando armas ou algo que se pareça a uma.
Fuzil, nem pensar: apareceu com um na mão, a doutrina Witzel determina um imediato ‘tiro na cabecinha’.
Foi assim que um morador do morro da Babilônia, no Leme, foi baleado na cabeça por estar com um guarda-chuva na mão. Foi assim que um operário que levava uma furadeira na mão, num morro vizinho, foi despachado por um tiro na cabeça.
Além de mal preparada e mal paga, a polícia carioca – em especial a militar – é coalhada de núcleos de corrupção e de violência desenfreada. Essa violência agora conta com pleno respaldo oficial do governador de turno.
Não à toa, é no Rio que se espalharam as milícias, grupos paramilitares integrados por policiais aposentados (ou expulsos), gente das forças armadas e até do corpo de bombeiros. As milícias, tão elogiadas pelo clã Bolsonaro, que além de empregar vários parentes de milicianos em seus gabinetes parlamentares condecoraram alguns, sendo que um deles, na cadeia. Sim, sim: um Bolsonaro de verdade condecora miliciano preso...
Apesar do que mostram desde estudiosos de segurança pública até o próprio Ministério Público do Rio, Witzel é dos que acreditam que a violência policial é a mais eficaz das formas de combater o crime.
Se houve uma queda no volume de homicídios dolosos e outros crimes em outubro, não há ligação alguma com o aumento de vítimas fatais causadas pela violência policial, advertem e reiteram os que realmente estudam o assunto e buscam soluções.
Witzel, porém, é irredutível: ao conhecer os dados divulgados pelo ISP, correu para o twitter (é incrível como esse pessoal perde tempo nas redes sociais em vez de governar; ou, pensando bem, é até melhor que dediquem seu tempo a isso do que a destroçar ainda mais o que resta do país...) para derramar elogios a ele mesmo.
O mais grave, porém, é observar como esse tipo de argumento encontra eco em partes significativas da população carioca, mostrando o tamanho da ignorância não apenas das elites, mas a que se espalha por todas as classes sociais, e que tanto ajudou a levar um até então desconhecido defensor de políticas genocidas ao posto de governador do Rio.
Claro que não entre os habitantes dos morros e favelas. Claro que não entre jovens e negros.
Afinal, são eles as principais vítimas de uma política que, além de equivocada, além de genocida, tem fortíssimos componentes de limpeza étnica e social. E que, ao menos até agora, não tinha sido implantada de maneira tão explícita.
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