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    Hely Ferreira

    Hely Ferreira é cientista político

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    O lado direito da arte

    Paulo Rafael foi componente da maior banda de rock psicodélico do Brasil, a incomparável Ave Sangria

    Paulo Rafael (Foto: Reprodução)

    Natural da cidade de Caruaru, Paulo Ramiro Rafael Pereira. Conhecido por Paulo Rafael, desde tenra idade teve contato com a música. Sempre contava que por ser afilhado do maestro da banda musical da cidade, tinha acesso aos ensaios e aos poucos aqueles dobrados que eram executados adentraram em seus ouvidos e fixaram em sua mente. 

    O tempo foi passando, e o garoto da capital do forró foi morar na Veneza brasileira e se encantou com os rios e as pontes da grande cidade, sem jamais abandonar suas raízes. Não é por acaso que o som da guitarra e a execução de Paulo Rafael tinham um pé no rock e ao mesmo tempo de maneira magistral pelo som dos violeiros e aboiadores do Nordeste brasileiro.

    Paulo Rafael foi componente da maior banda de rock psicodélico do Brasil, a incomparável Ave Sangria da qual também fez parte Israel Semente Proibida, Agrício Noia, Ivson Vanderley (Ivinho), além dos remanescentes Almir de  Oliveira e Marco Polo. Infelizmente, o primeiro disco da banda foi retirado de circulação pelo governo de exceção que o Brasil vivia no ano de 1974. Mas em 1975, nascia uma parceira  musical que iria marcar para sempre o trabalho de Paulo Rafael. O mesmo passou a integrar a banda que acompanhava o cantor Alceu Valença. 

    Aos poucos, sua execução virtuosa e exclusiva, foi ganhando destaque pelo mundo, aprimorando sempre de maneira refinada ao trabalho do cantor de São Bento do Una. Ao ponto que se tornou impossível escutar as canções de Alceu, sem lembrar da guitarra, da viola, ou do violão de Paulo Rafael. Sempre discreto, desconheço um músico que tenha passado tanto tempo como integrante da banda de um cantor brasileiro, como Paulinho. Ao longo dos anos formou parcerias com Laílson, Zé da Flauta e Márcio Lomiranda.

     Recordo-me das vezes em que ele, Israel, Ivinho, Tito Lívio e tantos outros, apareciam na saudosa loja Disco 7. Localizada na Rua Sete de Setembro, no centro do Recife. A mesma era ponto de encontro para quem curtia música de qualidade. Além das conversas agradáveis com Osmário, Leão, Geraldo e Eliane. Tempos bons que não voltam mais. Agora fica a lembrança e a saudade do guitarrista que fazia seu instrumento cantar, como diria Joe Pass. Com sua arte sempre esteve no palco do lado direito do cantor Alceu Valença. 

    Viva Paulo Rafael!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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