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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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O malhete à mão

O martelo está com a Justiça agora. Balança, espada, olhos vendados e... toda ouvidos

Jair Bolsonaro dando carona a Tarcísio de Freitas (Foto: Anderson Riedel/Divulgação)

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Bolsonaro encontra-se inelegível por conduta ilícita, abuso de poder econômico e interferência no processo eleitoral. Primou pela desinformação e por acusações sabidamente falsas e sem provas, disse um dos julgadores. 

O ex-presidente, na presença de embaixadores estrangeiros e perplexos, atuou para reclamar e deslegitimar as instituições no Brasil, quis colocar sob suspeição o processo das urnas, tal qual Trump nos EUA. Antes mesmo das eleições, Bolsonaro já punha em dúvida as urnas brasileiras pelas quais ele próprio fora eleito muitas vezes. Derrotado, contudo, em 2022, o seu partido PL estranhamente recorreu apenas do pleito de segundo turno em que havia perdido. 

Bolsonaro fez eleger o carioca Tarcísio ao Palácio dos Bandeirantes. Este pesa a mão no martelinho das privatizações, se a mesa fosse de vidro se quebraria antes dos contratos, e vai batendo, vai batendo, vai batendo mais e mais, mas... 

O governante  pode fazer tudo o que quer?! 

Não na democracia! 

Em São Paulo, na tarde do segundo turno da eleição à prefeitura paulistana, o governador Tarcísio também interferiu na eleição, e numa votação em andamento. Ele mesmo não quis terceirizar a fala, pois Nunes ficou meio desenchavido, candidamente ao lado do seu mentor, na vigência do Silêncio eleitoral. Infringiram a Lei Complementar Federal nº 64/90, de inelegibilidade. Na coletiva de imprensa, o governador “denunciou” indevidamente e sem provas o adversário Boulos. Tal crime eleitoral não pode ser minimizado como um “escapuliu”, de menino Chaves, cujo ato foi transmitido publicamente, de caráter notório e incontestável.

Regras e leis existem até em teocracias, pois quando Moisés desceu do monte trouxe dez leis, os mandamentos, para organizar a bagunça dos adoradores sem causa. Sem lei não existe nação, confiança, paz e ordem social. Se a lei não é cumprida, adeus República. Se a transgressão não é punida, saímos da democracia para a demagogia. A lei é para todos! Não importa quantos votos tenha. 

Se Bolsonaro foi condenado à inelegibilidade por transgredir a Lei, Tarcísio e Ricardo Nunes também o seriam?! O fato é notório. Vai passar batido?! Os jornalões vão tirar de pauta?

Se a lei não for cumprida as eleições no Brasil estarão comprometidas com essas “brechas” de última hora, pois já correm à boca pequena a possibilidade de amaciar para Tarcísio, uma multinha... não inelegibilidade. O martelo está com a Justiça agora. Balança, espada, olhos vendados e... toda ouvidos.

Fala-se de investigação, será que vai demorar oito anos? Políticos e juristas se manifestam, alguns de que o governador deveria ter sido preso no ato, em flagrante. 

A insegurança jurídica do pleito compromete os princípios republicanos. Tarcísio, do partido Republicanos, em sua posse, entretanto, prometeu observar as leis.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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