O maravilhoso mundo de Mirian Leitão
Ela jamais fala da banca rentista-financeira e que abocanha metade do orçamento da União; nunca cita a ciranda dos bancos onde, sempre sedentos, se apropriam das rendas públicas; não conta do fracasso das privatizações e que vem potentes desde os amargos anos FHC; nada disso... O problema são os funcionários! "É mole!?!"
No café da manhã de hoje, em uma cantina perto da minha casa, não pude não ouvir os comentários de Mirian Leitão acerca da crise fiscal e orçamentária dos estados da União.
Nunca consigo passar dos dois primeiros minutos... E confesso que me esforço! Diz Leitão com ares de reprimenda: "gastam mais do que arrecadam"; "fazem investimentos mai realizados", "Foi o Espírito Santo o estado que melhor ajustou as contas". E por aí vai...
Lembra de dadivosa professora de finanças públicas ensinando sábia e pacientemente, como arrecadar, investir, fiscalizar e medir, em seguida, o "milagre do crescimento".
O bastante curioso é que ela vai contando dos "bons", dos "ruins" e dos "muito ruins". "Minas Gerais está no subzero"; "Goiás acumula rombos de mais de vinte bilhões"; "O Rio Grande está com dívida inadministrável". Na sequência surgem os tais "especialistas"; o economista tucano Raul Veloso é figurinha tarimbada.
A solução, por fim? A reforma da previdência. Tinha de ser... É assim: o pessoal tem de trabalhar mais; contribuir mais e, é claro, ganhar menos e justamente, nos tempos derradeiros da vida. Esse é o recado!
Ela jamais fala da banca rentista-financeira e que abocanha metade do orçamento da União; nunca cita a ciranda dos bancos onde, sempre sedentos, se apropriam das rendas públicas; não conta do fracasso das privatizações e que vem potentes desde os amargos anos FHC; nada disso... O problema são os funcionários! "É mole!?!".
O fracasso orçamentário dos estados do país é o fracasso objetivo do neoliberalismo e que nos fora imposto goela abaixo; é a expressão fenomenológica de um modelo econômico que se mostrou inviável de fio a pavio.
Um aperitivo do que tento dizer? Vejamos... Aqui em Goiás a central elétrica se chamava CELG; fora entregue como quem dispensa no lixo, ataduras usadas de um leproso; às pressas, na agonia e no afogadilho. Fora vendida para uma potência italiana de nome ENEL.
O discurso dos tucanos e que, reparem, transferiram um patrimônio da população constituído em mais de sessenta anos de trabalhos e inteligências ininterruptas é velho e cronicamente massante: "Vai melhorar!"; "É para Goiás seguir avançando!"; "Tudo será modernizado... Vocês vão ver!".
No mundo concreto, tem-se uma das energias mais caras e precárias do Brasil; as interrupções são frequentes; a qualidade da energia é notavelmente pior e as falhas de tão corriqueiras já fomentam anedotas. Com a boa palavra, o Sindicato dos Urbanitários de Goiás (STIUEG).
Miriam Leitão faz jornalismo como se estivesse contracenando na novela das oito... Com muita performance, malemolência e fantasia. Tem que o mundo da economia não aceita gracinhas, tampouco desaforos... Não mesmo!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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