O mercado não pode ser o Todo-Poderoso
Está cada vez mais difícil para o ‘Deus Mercado’ esconder sua verdadeira vocação: a total indiferença ao destino da humanidade
Enquanto a economia mundial afunda em níveis preocupantes, trazendo enormes sacrifícios para todas as nações, continuamos a caminhar sob as ordens do Todo-Poderoso mercado.
Soberano e temível, sua onipotência é inquestionável. Surpreende como em nosso noticiário corporativo nenhum analista econômico ousa confrontá-lo, apesar da evidente piora no cenário mundial depois de sua beatificação por um sistema que só faz aumentar a concentração de renda.
De acordo com o fundamentalismo econômico que varreu o mundo, quem melhor atender aos sinais do mercado terá uma travessia de crise menos traumática.
Porém, está cada vez mais difícil para o ‘Deus Mercado’ esconder sua verdadeira vocação: a total indiferença ao destino da humanidade. Populações inteiras são lançadas à própria sorte em troca do bem-estar de uma entidade que só tem olhos para si.
Louvado e aclamado como o grande condutor da economia mundial, “Sua Santidade” tem como prioridade atender o sistema financeiro. O ser humano é mero detalhe nessa engrenagem.
O recente crash nas bolsas e a agonia por que passam as principais economias mundiais dão sinais de que o pior pode não ter ficado lá em 2008. Agora, os analistas financeiros projetam uma recessão ainda maior que dos anos 30.
Quer dizer, a lenga-lenga do noticiário dos últimos anos, de que eram necessários certos ajustes para a economia mundial retomar o crescimento, foi uma grande empulhação.
E a cantilena não cessa. Por aqui fomos obrigados a acreditar que sem o tal ajuste não havia salvação. Depois de meses tomando o remédio amargo que restabeleceria a confiança do mercado, trazendo investimento e retomada de crescimento, o quadro ficou ainda mais crítico.
Essa política restritiva nunca funcionou. Todos que seguiram a cartilha liberal à risca estão ainda mais encrencados. O melhor exemplo é a Europa. Para 2015, o déficit público da Zona do Euro será de 2,3% do PIB.
Para quem acaba de anunciar um déficit de 0,5%, resta-nos pressionar a presidente Dilma para que fuja o quanto antes dessa mesmice de governar e tomar decisões olhando prioritariamente para o mercado.
Ainda mais para quem só retribui com ingratidão. E quanto mais Dilma cede, menor é seu espaço de atuação para sair desse atoleiro.
Sob a tutela do ‘Deus Mercado’, o mundo tem vivido de crise em crise. Abandonamos o capitalismo clássico, baseado na produção e comércio, por uma globalização financeira que só traz instabilidade mundo afora.
E pensar que o velho capitalismo selvagem traria saudades!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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