O midiático e os idiotas
A ascensão do fascismo midiático de Pablo Marçal revela o quanto vacilamos em não regular as big techs
A imprensa já foi chamada de Quarto Poder (saudades de Paulo Henrique Amorim) e a ascensão do fascismo midiático de Pablo Marçal revela o quanto vacilamos em não regular as big techs, nem em dar a devida importância a essa forma de comunicação/manipulação. Se a Justiça Eleitoral não barrar essa figura criminosa, a administração da maior cidade do país poderá ficar mais podre do que os rios que por ela correm. E fique a lição de que modernidades tecnológicas devem ser aprendidas também pela vanguarda intelectual.
Ou a capital paulista terá um midiático extremista de direita na Prefeitura, ou a Justiça Eleitoral atuará e São Paulo será governada por Antônia de Jesus, caso não casse a chapa antes do pleito. A candidata a vice parece ter um perfil mais próximo aos habitantes reais – e não virtuais – da cidade e, ainda, não possui a ficha criminal do titular. De qualquer forma, a maior e mais rica cidade brasileira em 2024 poderá imitar o mais poderoso país do mundo em 2016 e escolher o pior entre os ruins.
Infelizmente, articulistas estão dando a letra sobre a antipolítica atual, quando dizem que “Marçal é Bolsonaro ao cubo”. Ainda que declaradamente avessos à matemática, jornalistas expressam com as mais precisas palavras a rota da ascensão da extrema direita midiática. E alguns estão indo além, colocando o criminoso confesso no Palácio do Planalto lá na frente. Ou seja, independente da votação que terá para a Prefeitura de São Paulo, a tragédia já está em curso.
Por outro lado, o preço de se juntar a Bolsonaro não está trazendo valor algum, nem para candidatos, muito menos para a população, segundo algumas avaliações de intenção de voto atrelada a padrinho político. A nova associação com o influenciador, criminoso e condenado, mostra o mais do mesmo. Ao contrário do que preconizava outro “outsider”, pior fica.
A presença beligerante do influenciador tem consequências explícitas na própria segurança dos demais candidatos, que infelizmente, é reflexo da insegurança da população. Já que mudar a mentalidade das pessoas não acontecerá por ocasião do pleito, o jeito é andar com seguranças e carro blindado. Mas deveria haver organização e prevenção em comícios e outros atos, com controle de acesso e revista.
Por fim, na recente pesquisa Datafolha de intenção de votos para São Paulo, chama a atenção a volatilidade do eleitor, verificada pela migração de votos do primeiro para o segundo turno. Ricardo Nunes é o que mais se beneficia com a ausência de Guilherme Boulos e, de forma surpreendente, cerca de 75% dos votos dados ao psolista no primeiro turno vão para o atual prefeito no segundo. Além disso, com apenas dois candidatos, o índice de não saber/não responder é metade daquele com dez candidatos, considerando ser a mesma pessoa que responde o questionário para os dois turnos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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