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    Marco Damiani

    Marco Damiani é jornalista e consultor na área de comunicação

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    O milagre econômico de Haddad

    Nem euforia inútil nem depressão fabricada na economia em 2025 é o que Haddad persegue

    Fernando Haddad e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

    O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, fecha 2024 com resultados na economia que são verdadeiros milagres, porque inesperados e não previstos, frente à situação herdada do antecessor Paulo Guedes, apenas dois anos atrás. Eles parecem contar pouco, no entanto, espremidos entre o racha ideológico do País e o tarô de previsões nefastas dos ‘especialistas’ sobre como vai ser 2025. 

    Para muitos ‘experts’, o crescimento previsto pelo Banco Central de 3,4% do PIB no ano que se encerra hoje mostra, apenas, que o Brasil cresceu acima do seu potencial. A criação de 2,22 milhões de empregos nos primeiros 11 meses de 2024 também está fortemente em desacordo com o mesmo potencial. A retirada de quase 25 milhões de nacionais da situação de insegurança alimentar e a instalação de mais de 8 milhões acima da linha da pobreza, essas, então, são realizações absolutamente incompatíveis com o… potencial! 

    É proibido crescer, determinam. Suas cartas sobre a mesa preveem estouro das contas públicas, inflação nas alturas e dólar em modo tresloucado em todo o Ano Novo. Não haverá caminho sem cortes drásticos, choque de juros e sacrifícios de toda sorte. Retroceder é a ordem. 

    É o velho e gasto catastrofismo econômico que está de volta. Ele ressurge toda a vez que a economia brasileira reencontra a sua vocação de crescimento. Não falha uma. Nas regras desse jogo, os dados positivos têm um peso bem inferior em relação aos negativos. A recuperação em curso da indústria nacional, as altas na atividade do comércio e dos serviços e a resiliência do agronegócio são praticamente descartadas do baralho. Os tarólogos ocultistas desdenham da força do mercado interno e renegam a capacidade de a sociedade brasileira criar riquezas. Desacreditam nas dinâmicas saudáveis que têm elevado a arrecadação de impostos e a capacidade do Estado, a partir do crescimento, responder aos desafios fiscais em novas bases. Mal levam em consideração que a redução de desigualdades aumenta o tamanho do mercado, abrindo novas cadeias de desenvolvimento.

    Desta vez, no entanto, pode ser diferente. Com diálogo, paciência e noção precisa do que está em jogo - alguma dúvida? -, Haddad vem conseguindo qualificar o debate econômico. Não houve, nos dois anos de gestão até aqui, medida da Fazenda sem justificativa. Foram feitas refações diante de críticas consideradas procedentes e obtidos consensos, sem esperneios, em assuntos altamente complexos como, por exemplo, a reforma tributária. No caso da promessa de déficit zero, foi mantida como um norte e deixará de ser atingida por pouco, muito em razão de circunstâncias políticas conhecidas por todos. Por mais que tenha sido provocado, o ministro não comprou brigas políticas nem devolveu grosserias. É a antítese do falastrão que ditou a economia nos anos Bolsonaro. Essa postura contribui sobremaneira nos resultados concretos alcançados.

    Haddad considera que espamos de inflação, juros e dólar não irão durar para sempre e fazem parte das dores do crescimento. Por que considerar o ministro desde logo errado e o mercado absolutamente certo? Em matérias de previsões, os especialistas erraram todas sobre 2024, enquanto o titular da Fazenda apresenta números robustos. Até aqui, mesmo os críticos não sabem apontar alguma grande barbeiragem cometida na política econômica. Ao contrário, há elogios ao ministro por sua insistência em suavizar situações de tensão, como o relacionamento com um Congresso adverso. Nem euforia  nem depressão na economia em 2025 é o que Haddad persegue. A julgar pelo já feito, vale torcer a favor.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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