O mundo se une no combate à extrema-direita
"Felizmente, as forças progressistas comprometidas com os valores democráticos estão reagindo, escreve José Guimarães
A chegada da internet, e em seguida as redes sociais, despertou expectativas de que teríamos amplas avenidas para nos levar à consolidação da democracia. Avançamos, mas vimos também recrudescer e se multiplicar, nas redes sociais, movimentos obscurantistas, surgidos de porões autoritários.
Sem escrúpulos, militantes da extrema direita manipulam a opinião pública com mentiras, negacionismo, intolerância, movidos pelo conservadorismo, por ódio, violência generalizada, e ideais que remetem ao período anterior ao iluminismo (Século XVIII). Um retrocesso inadmissível, que atenta contra todos os valores democráticos, contra o estado de direito e o processo civilizatório.
A máquina extremista atua em rede global, conectada a diversos países, e está em disputa aberta contra a democracia. As manifestações ocorridas recentemente no Reino Unido, e em outros países da Europa, as eleições e a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, as tentativas de golpe no Brasil e em outros países da América Latina, dão a medida da gravidade da ameaça.
Mas, felizmente, as forças progressistas comprometidas com os valores democráticos estão reagindo, se articulam na formação de uma grande frente internacional em defesa da civilização, da democracia, e partem para o combate à extrema direita em vários países.
No Brasil, por iniciativa de um grupo suprapartidário, parlamentares do Congresso Nacional participam da construção dessa frente, com resultados animadores. Já estiveram nos Estados Unidos, no Chile e em outros países, reunidos com congressistas e lideranças locais.
Na OEA, está sendo articulada a criação de um grupo de trabalho permanente de acompanhamento de ataques aos regimes democráticos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos também foi acionada e passa a integrar o conjunto de instituições internacionais, que estão sendo mobilizadas num grande esforço de interação entre países, para atuarem no combate ao crime organizado contra a democracia,, patrocinador das violações e dos retrocessos.
As eleições de governos progressistas na Europa como França, Reino Unido, Espanha, e, na América Latina, Brasil, México, Bolívia, Colômbia, demonstram a vitalidade das forças democráticas e a disposição de luta contra as ameaças da extrema direita.
A tarefa é de dimensões globais e deve abarcar os parlamentos, movimentos sindicais e movimentos de outras categorias de ativismo político e social. A resposta deve ser dada à altura das grandes lutas históricas, nas quais o nazifascismo foi derrotado.
Faz parte, também desse movimento, o debate sobre a responsabilidade conjunta dos meios de comunicação na defesa da democracia. As regras e a ética na convivência social e política, na vida real e virtual, devem ser igualadas e os responsáveis pelos crimes de ataque à ordem constitucional e à democracia punidos com leis duras.. As grandes empresas de comunicação precisam fazer parte desse grande esforço internacional de combate a essa forma de crime organizado. As grandes empresas de comunicação também precisam ser responsabilizadas, por ser parte no apoio estrutural de sustentação das práticas criminosas dos inimigos da democracia.
O obscurantismo, a violência e a desinformação, esteios da extrema direita, não deveriam prevalecer nas redes, como tem acontecido, em detrimento dos valores democráticos. Esse debate deve ser aprofundado com mais diálogo, para que as redes sociais possam se tornar, de fato, as avenidas sonhadas para nos levar à consolidação da democracia e não ao fascismo.
A frente internacional em defesa da democracia ganharia ainda mais força se tivesse ao seu lado as chamadas Big Tech’s, nessa jornada de construção de uma sociedade global em rede democrática, solidária, civilizatória, iluminista, ecologicamente sustentável, socialmente justa e livre.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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