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    Marconi Moura de Lima

    Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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    O nazista do CFM e os três médicos heróis

    E que venha o julgamento derradeiro: o da história!

    Mauro Ribeiro (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

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    Vamos por tópicos:

    1. Vazou o vídeo em que o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Dr. Mauro Luiz de Britto Ribeiro, conversa com um representante do Conselho de Medicina de Goiás (CREMEGO) em que este primeiro admite [1]:

    • 1.1. que o CFM, na pandemia, tomou a decisão de descumprir suas próprias normas a fim de agradar ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e liberar o uso – desenfreado – da Cloroquina;
    • 1.2. que o CFM naquele momento já havia acessado com profundidade o estado da arte (a literatura existente) das pesquisas sobre estes medicamentos sem eficácia para a COVID-19;
    • 1.3. que, de fato, os medicamentos não tinham eficácia, todavia, enquanto os testes aconteciam (tipo, no Prevent Senior), usando cobaias humanas, o melhor seria liberar os médicos para irem vendo no que ia dar (o importante para o presidente do CFM era ser recebido por Bolsonaro e ver suas demandas atendidas pelo Chefe do Executivo Federal).

    2. Esse Mauro, ao mostrar frieza em sua fala sobre algo tão sério e, de forma criminosa, liberar drogas sem eficácia comprovada, e ainda estimular e comprar brigas ideológicas país afora em defesa da Cloroquina, ele se equipara, sem quaisquer ressalvas, aos médicos do nazismo – e suas experiências macabras –, de modo particular, ao principal agente de Adolf Hitler na “prevent senior” de lá: o Dr. Josef Mengele;

    3. Cabe a este presidente do CFM, ao lado de Jair Bolsonaro, responder no Tribunal de Haia por crimes, não apenas contra brasileiros, todavia, contra a humanidade. Ora, quanto mais o vírus se espalha – por ação ou omissão de alguém que tem o dever de lutar contra –, mais gente no Planeta Terra é contaminada e morta;

    4. Os três médicos a que me refiro no título deste artigo, ressalvo: não são heróis. O termo usado teve a intenção de acessar o inverso ao moço nazista mencionado. Qualquer um que lute contra o mal evidente, pode até não ser herói (ainda), entretanto e com certeza, é alguém necessário ao Planeta. Estes médicos que passo a citar foram (são) fundamentais a mitigar a pandemia (diminuir a hemorragia política da contaminação deliberada) e, muito provavelmente, salvaram (ou salvarão) milhões de vidas que morreriam em virtude do vírus de Governo (some coronavírus ao bolsonavírus e a tragédia está armada);

    5. Médico I: Marcus Vinícius de Lacerda. Esse ser necessário é o líder de uma equipe de pesquisadores que, com a riqueza de seus estudos, ajudou a que diversas agências e órgãos de saúde no mundo inteiro pudessem inibir (ou proibir) o uso de Cloroquina para tratamento de COVID-19. Em suas análises realizadas em Manaus (o cientista pertence aos quadros da Fiocruz Amazonas), Marcus e outros médicos brasileiros constataram que esse medicamento não apenas era ineficaz, como estava acelerando a morte, ou patologias outras nos pacientes testados no combate ao coronavírus; [2]

    6. Médico II: Bruno Caramelli. Outro no rol dos necessários, vem há alguns meses tentando, seja por meio de pedidos de ofício, abaixo-assinado, ou intentos litigantes, forçar a que o Conselho Federal de Medicina interrompa as recomendações de uso do chamado “Kit Covid” que tem como carro-chefe a Cloroquina e outras drogas inúteis e que não atingem a real cura ou tratamento das pessoas frente ao coronavírus. Caramelli, que é professor da USP, enfrentou todo o poder corporativo do CFM e as críticas de colegas e, diante das negativas do Conselho, precisou impetrar uma ação no Ministério Público Federal que começa a dar frutos e caminha para, possivelmente, depor o nazista que hoje ocupa a cadeira máxima da entidade; [3]

    7. Médico III: Walter Correa de Souza Neto. Embora ainda saibamos pouco sobre a vida e a história deste médico, Walter se tornou necessário no Brasil, particularmente, na evidência trazida na última semana (dia 07/10/21), junto à CPI da Pandemia no Senado Federal. Trata-se do ex-médico da Prevent Senior que não aguentava mais a pressão imposta pela diretoria da empresa em obrigar os profissionais a prescreverem Cloroquina e outras medicações vulgares à COVID-19, a realizarem estudos “clandestinos”, e resolveu “botar a boca no trombone”. Fez chegar a todo o povo brasileiro os atos macabros que aconteciam dentro da Prevent Senior. Sua coragem, arriscando mesmo sua reputação e profissão, sua família e tudo mais que lhe pertence, provavelmente já esteja salvando milhares de brasileiros da morte direta (com a prescrição covarde deste “Kit Covid”), ou da mortificação indireta, que ocorre pela desesperança de um povo; [4]

    8. São três vozes: uma que vai ao palco da ciência mundial; a outra que vai ao palco da justiça brasileira; e outra que vai ao palco do centro do poder político, ambos para denunciarem que injetar Cloroquina (e outros paliativos) sem a conclusão séria de estudos responsáveis é assassinar pessoas e disseminar a desinformação que só retroalimenta as angústias impostas pela pandemia. Seus nomes estarão na história dos que sobreviverão; na história da Brasil; na história da humanidade; e no rol dos grandes; dos bons.

    9. Quanto ao nazista dos trópicos, o Dr. Mauro Ribeiro, este será lembrado como um lixo tóxico a ser descartado das cognições médicas. Nas cátedras de formação dos profissionais de saúde do futuro, esse ser precisará ser revisitado, com o asco educativo, a fim de que jamais brote de nossas universidades outro imundo como esse que, de um lado, legitima (e forja narrativas) para autorizar a matança de pessoas, e de outro repugna a população do serviço médico, mostrando que um dos mais lindos ofícios da(s) civilização(ões), na cabeça desse doente, deve ser apenas para as elites, subjugando os demais humanos aos seus interesses e experimentos, para erguer-se cada vez mais ao luxo e à riqueza incontroláveis.

    10. Fecho o texto com o verso e o avesso à vida. Três lutas pela vida em dimensões diversas, mas que se encontram no mesmo horizonte; e uma luta pela morte que se vê refratada pela nobreza que ainda existe e resiste na ágora da mesma jurisdição: a profissão médica. [5]

    11. E que venha o julgamento derradeiro: o da história!

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    [1] Veja o vídeo completo a partir do minuto 16'46’’, a fala lamentável do presidente do CFM, no link da TV Brasil 247: https://www.youtube.com/watch?v=LEwN08CsEys

    [2] Leia mais sobre o trabalho e o sofrimento por que passou o Dr. Marcus e sua equipe após os estudos verdadeiros versus as fake news e ameaças espalhadas por inúmeros líderes políticos, a exemplo do deputado Eduardo Bolsonaro.Acesse: http://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/51215

    [3] Sobre a luta do Dr. Caramelli, saiba mais em: https://jornal.usp.br/atualidades/bruno-caramelli-cobra-posicionamento-do-conselho-federal-de-medicina-sobre-kit-covid/

    [4] Para saber detalhes do depoimento do Dr. Walter na CPI e o legado histórico que dali brotou, veja: https://www.cartacapital.com.br/politica/medico-diz-a-cpi-que-nao-havia-autonomia-na-prevent-senior-e-que-uso-de-remedios-ineficazes-era-obrigatorio/

    [5] Se os omissos não vencerem essa disputa civilizatória e ética, tudo indica que a maioria se faz amostragem neste texto – ao bem: 3 x 1!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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