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    Ana Maria Baldo

    Professora da Rede Pública, Mestranda em Educação pela UERGS

    24 artigos

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    O neonazismo está entre nós

    A quantidade de pessoas e de grupos na clandestinidade que pregam as mesmas ideias do genocida Hitler é assustadora.

    Cartazes com ameaças de neonazistas estão sendo espalhados por Blumenau (SC) (Foto: Charles Nisz)

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    Nos últimos tempos, os meus escritos têm sido pautados por temas que chegam até mim no dia a dia. Os temas que estão em alta na mídia e que levam as “pessoas comuns” a opinarem sobre o assunto. Muitas vezes por ignorância (no sentido de falta de conhecimento) do assunto, ou na maioria das vezes por ignorância, as pessoas opinam sem nenhuma fundamentação teórica ou empírica, deixando transparecer (para além da ignorância) preconceito, discriminação e até mesmo mau-caratismo. O tema que abordarei nestas próximas linhas é o neonazismo. 

    Primeiramente acho importante destacar que o neonazismo não é um tema exclusivo de Monark’s e Adrilles; o neonazismo é onipresente, ele está entre nós. Células (e também importante aqui destacar que célula é composta de 3 a 40 pessoas - se mais de 3 pessoas se reúnem sob o mesmo ideal e pela mesma causa já são uma célula. Acho necessário frisar isto posto que esta é uma palavra que gera equívocos e distorções), voltando ao tema, células neonazistas existem e existem mais próximo de nós do que pensamos.  Éderson da Rosa Pereira, em sua dissertação de Mestrado pela Universidade de Santo Amaro, estudou a fundo a existência de grupos neonazistas no Rio Grande do Sul, e destaca que “o movimento neonazista está no Brasil desde 1980. A maioria das células neonazistas está na região Sul”. O autor afirma também que na capital do Estado, Porto Alegre, existe uma das maiores células neonazistas do país.  A antropóloga da Unicamp, Adriana Dias, que pesquisa o neonazismo no Brasil, afirma que no ano passado – 2021 – foram identificadas 530 células neonazistas no país, sendo que em 2019 eram 334 as células identificadas. Essas células se concentram em maior número na região Sul do país, que conta com 301 das 530 células identificadas pela pesquisadora. Segundo a pesquisadora, em 2013 havia cerca de 150 mil neonazistas no país, a maioria também na mesma região; destes 150 mil, 100 mil estavam nos Estados do Sul, 45 mil eram de Santa Catarina.

    Entretanto, se o número de células cresceu nesse patamar, a probabilidade é de estes números de neonazistas terem crescido, consequentemente, também de forma assustadora.  A pesquisadora ainda afirma, analisando os dados, que no governo de Jair Bolsonaro houve um crescimento espantoso do número de adeptos e de células neonazistas no Brasil.

    A situação é muito preocupante, porque apesar de apenas um grupo sem noção vir a público realizar uma defesa explícita do neonazismo, a quantidade de pessoas e de grupos na clandestinidade que pregam as mesmas ideias do genocida Hitler (tem outro genocida que também defende este discurso, mas isso já é uma outra história), é assustadora. Assustadora e reflexo de um governo extremista, intolerante e violento: desde o momento em que o então Deputado, e hoje Presidente, Bolsonaro saudou um torturador da Ditadura civil-militar brasileira em pleno Congresso Nacional e não saiu de lá algemado, deu voz e liberdade para os tipos mais escrotos de pessoas começarem a se manifestar abertamente sobre todos os seus preconceitos, discriminações, e crimes (como no caso da defesa do nazismo, ou no caso do racismo e da homofobia).

    Tudo isso que hoje acontece é um retrato do governo que este país possui. E o governo que este país possui é um retrato da população brasileira. Os discursos que nos apavoram, atormentam e irritam profundamente são apenas vozes públicas que representam o pensamento de milhares de pessoas. Monark não está só, e quem o acompanha está entre nós, infelizmente. Não podemos nos enganar acreditando que são falas isoladas ou distantes demais da gente, os dados mostram – e nem mostram tudo, posto que estas células e seus membros estão na clandestinidade – que eles são mais comuns do que pensávamos e estão mais próximo do que imaginávamos. 

    Dito isto, gostaria apenas de dizer, para finalizar, que nazismo, neonazismo, fascismo, racismo, homofobia, etc., não se discutem. COMBATE-SE!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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