O nordeste de uma outra nação possível
O ataque ao nordeste pelos bolsofascistas, nesse sentido, é coerente com a concepção nominalista de nação das classes dominantes
De fato, o nordeste guarda a memória histórica de uma outra nacionalidade, inspirada nos eflúvios da Revolução de 1817, da Confederação do Equador, de uma brasilidade radicada na efetiva independência frente ao domínio metropolitano, mais aberto aos influxos populares e a necessidade da instauração de uma diversidade comunitária, federativa. O projeto " vencedor" de Brasil dos Bragança, de Dom Pedro I, de José Bonifácio sempre foi apassivador das energias internas, escravocrata, genuflexo às determinações coloniais.
Neste sentido, com os devidos ajustes temporais replica-se a velha clivagem entre aqueles que defendem uma nacionalidade crispada, vazia, capacha do imperialismo e por isso mesmo destrutiva dos espaços internos e violenta contra as maiorias populares; e uma leitura da nacionalidade, de cunho nacional-popular como caracterizava Gramsci, esta dinamizadora das forças internas, propulsora de um desenvolvimento integrativo das várias regiões, de suas peculariedades, fautora da emancipação via estímulo ao saber, à proliferação das universidades, precisamente em uma de suas mais importantes e notórias funções, o forjar da cultura e das identidades plurais brasileiras em interação com outros lugares e perspectivas.
O ataque ao nordeste pelos bolsofascistas, nesse sentido, é coerente com a concepção nominalista de nação das classes dominantes, posta que esta afigura-se como inane, sem alma, submissa, castrada, meramente caudatária do complexo de vira latas em relação ao imperialismo dos EUA.
Ao defenderem a destruição dos nordestinos propõe a erradicação do fértil processo de construção da nacionalidade como elemento ativo e contraditório na consecução de um verdadeiro internacionalismo, momento este que precede a formação de um autêntico universalismo histórico concreto.
A burguesia nativa putrefacta, covarde, vil, sempre esteve de costas para o país, como ainda desvinculada das preocupações com o mundo. São contra os nordestinos, contra os trabalhadores, contra o povo, contra a cultura, contra a democracia, contra o mundo.
A barbárie é o programa da burguesia brasileira e Bolsonaro é seu buldogue. Nunca ficou tão claro a urgência de derrotarmos o fascismo no Brasil.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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