O obsceno elogio de Bolsonaro ao depravado Paulo Guedes
Enquanto Guedes faz a roleta do cassino girar, o presidente toca a sua farra miliciana para frente, alimentando a corrupção do seu clã e agregados e, ao mesmo tempo, enquadrando a sua trupe de ministros tresloucados
A reunião ministerial dos palavrões e malandragens do governo Bolsonaro, divulgada em vídeo a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, teve um episódio pouco comentado, mas de uma obscenidade também horripilante. Foi a fala do presidente sobre interferir em todos os ministérios, sem exceção, com a ressalva de que nos bancos ele falaria antes com o Paulo Guedes, o seu ministro da Economia. “Nunca tive problema com ele, zero problema”, enfatizou Bolsonaro.
Guedes, por sua vez, se sentiu à vontade para também soltar palavrões como se estivesse numa roda de desocupados fazendo diagnósticos sobre os dilemas da humanidade. Quem acompanha seus pronunciamentos sabe que o seu linguajar é daquelas saídos dos porões do submundo frequentados por ébrios bravateiros, metidos a valentões. Sua depravação não fica nada a dever ao dicionário chulo de Bolsonaro.
Se ficasse apenas no palavreado, o problema seria dele e de sua laia. Soltar um palavrão aqui ou ali faz parte da cultura popular. Até o vetusto Jornal Nacional da Rede Globo abriu o áudio na sexta-feira (22) para transmitir o pior da depravação de Bolsonaro na fatídica reunião de 22 de abril em que ele se incriminou e foi dedurado pelo criminoso ex-ministro da Justiça e capo da Operação Lava Jato, Sérgio Moro.
Até aí morreu neves, diria o cronista Nelson Rodrigues com sua ironia cáustica. O problema está no mérito da questão. A obscenidade verdadeira está na tramoia de Guedes para entregar o país aos seus patrões, a oligarquia de Wall Street. Enquanto Bolsonaro se imagina o novo Mussolini do pedaço, com aspirações a ser Adolf Hitler, o lobão da turma da bufunfa vai passando o rodo nas finanças e no patrimônio público do país.
Esse crupiê do submundo do cassino global financeiro com trejeitos de quem está constantemente embriagado é o guru de Bolsonaro porque por trás dele tem um mundo de magnatas dando as cartas. Bolsonaro, que não nasceu ontem, sabe que sem ele o seu governo se despedaça da noite para o dia. Enquanto Guedes faz a roleta do cassino girar, o presidente toca a sua farra miliciana para frente, alimentando a corrupção do seu clã e agregados e, ao mesmo tempo, enquadrando a sua trupe de ministros tresloucados.
Claro que os donos do cassino ficam de olho nas farras do lobo de Bolsonaro. Eles trabalham com a hipótese de que Guedes e Bolsonaro possam se inviabilizar politicamente. O malandro mais malandro dessa cartada, o capo Sérgio Moro, já pulou fora do barco e espreita para ver como interagir com os lances que podem surgir das manobras do seu protetor e mentor político, o Grupo Globo, e tudo o que ele representa em termos geopolítico e financeiro.
Paulo Guedes é a âncora de Bolsonaro. Praticamente não se fala de suas obscenidades, até mais depravadas do que as do presidente. Há um claro movimento para evitar que ele se exponha para que a sua receita não se desmoralize. Num eventual fim de linha do bolsonarismo, Guedes pode até ser aproveitado; desde que se alinhe politicamente ao que surgir como segundo tempo do arranjo de poder eleito em 2018.
Seja como for, a deferência de Bolsonaro a Paulo Guedes revela o tamanho do buraco em que essas facções criminosas meteram o Brasil. Isolar e derrotar esse presidente criminoso é tarefa de primeira hora, mas não se pode ignorar que ele se apoia em um criminoso de porte internacional, assim como o outro, o malandro e corrupto de costas largas que tem servido de principal inimigo de Bolsonaro nas hostes da extrema direita, o capo Sérgio Moro.
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