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    Rubens Otoni

    Deputado Federal (PT-GO), vice-presidente da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura - Câmara Temática de Mobilidade Urbana

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    O potencial da ciclologística

    "Ciclologística tem potencial para uma solução versátil e sustentável na última milha, usando bicicletas e triciclos para a entrega de mercadorias"

    Ciclovia da Avenida Paulista, em São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

    Em uma visão geral e de longo prazo da logística em território nacional, por meio do Decreto nº 12.022/2024, o Governo Federal instituiu o Planejamento Integrado de Transportes (PIT), estruturado em níveis estratégico, tático e operacional. Este planejamento visa contribuir com a competitividade, o desenvolvimento regional e a integração nacional, orientando as decisões governamentais quanto à priorização dos empreendimentos de infraestruturas e servindo de referência para atração de investimentos do setor privado. 

    De forma complementar, cabe aos municípios planejar a logística urbana em seu território, sendo o Plano Municipal de Mobilidade Urbana um instrumento adequado para essa finalidade, no qual o próprio gestor poderá explorar os princípios e as diretrizes contidas na Política Nacional de Mobilidade Urbana, bem como os instrumentos de planejamento e gestão voltados para a circulação efetiva de pessoas e cargas.

    Pelo lado da cadeia de suprimentos, visando soluções para a  chamada última milha, conceito que se refere ao trecho final da entrega de um produto, geralmente em área urbana,várias empresas têm investido consideravelmente em tecnologia e inovação para otimizar os custos de logística e superar as barreiras do tráfego intenso e as complexidades de acesso aos destinos. 

    Nessa linha, a ciclologística tem potencial para uma solução versátil e sustentável na última milha, usando bicicletas e triciclos para a entrega de mercadorias. Além de ser uma medida ambientalmente correta, tem-se como vantagens:  a redução de congestionamentos, o baixo custo de aquisição e manutenção das bicicletas, a facilidade no acesso a determinados espaços e a promoção da saúde do trabalhador. Por outro lado, são exemplos de dificuldades: a pouca capacidade de carga dos veículos e a circulação em condições climáticas e topográficas adversas. 

    Desenvolvido pelo LABMOB-UFRJ e pela Aliança Bike, o estudo “Ciclologística: entregas por bicicleta na última milha” contribui para reflexão sobre o tema. Grandes empresas que entregam ao consumidor final produtos cosméticos, eletrônicos, alimentícios, entre outros responderam à pesquisa. Constatou-se que cerca de 40% dessas empresas realizam entregas por bicicleta na última milha. Em relação às que não entregam, ao menos 64% planejam incluir a ciclologística em suas operações. O estudo apresenta ainda desafios e traz sugestões abordando aspectos regulatórios, operacionais, de infraestrutura, de segurança e de aceitabilidade. 

    Enfim, diante desse interesse e por meio do diálogo, é possível estabelecer diretrizes e incluir medidas no Plano Municipal de Mobilidade Urbana que incentivem a ciclologística nos municípios, a exemplo: investimentos em infraestrutura cicloviária, paraciclos e bicicletários; adoção de instrumentos de gestão visando efetividade na circulação; campanhas voltadas TV à segurança dos ciclistas e à preferência pela sustentabilidade e capacitação para ciclistas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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