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    Ben Norton

    Jornalista independente e editor do Geopolitical Economy Report

    47 artigos

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    O Presidente do Irã, Raisi juntou-se ao BRICS, pediu a eliminação do dólar dos EUA e defendeu um mundo multipolar

    O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que faleceu em um acidente de helicóptero, buscou unir o Sul Global contra o imperialismo ocidental

    O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fala em comício comemorativo do 45º aniversário da revolução (Foto: HispanTV)

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    O Presidente do Irã Ebrahim Raisi, que faleceu em um acidente de helicóptero em 19 de maio, deixou para trás um legado de trabalho para construir um mundo mais multipolar.

    Sob Raisi, o Irã juntou-se ao BRICS e à Organização de Cooperação de Xangai, instituições lideradas pelo Sul Global que ele observou poderem desafiar o unilateralismo e a hegemonia dos EUA.

    O falecido líder iraniano defendeu uma estratégia de "Olhar para o Leste", fortalecendo relações com a China, Rússia e outros países da Ásia.

    Raisi representou uma ala mais nacionalista da classe política em Teerã, que vê a futilidade de tentar ganhar aprovação ocidental, e reconhece que o futuro político e econômico do Irã está na integração mais profunda com o Sul Global.

    "Não vamos ... amarrar a economia do país e a vida das pessoas à vontade [do Ocidente]", declarou Raisi.

    Consequentemente, ele buscou laços mais estreitos com a América Latina e a África, enfatizando a luta comum contra o imperialismo ocidental.

    Em 2023, Raisi visitou Cuba, Venezuela e Nicarágua. Apesar de suas diferenças políticas, ele mostrou solidariedade com os governos socialistas dessas nações latino-americanas - que, como o Irã, sofrem com sanções unilaterais ilegais impostas pelos Estados Unidos.

    Em Havana, Raisi afirmou: "Uma das sérias semelhanças entre os dois países é resistir à voracidade do sistema colonial. Cuba tem resistido à hegemonia e voracidade estadunidense há muitos anos, e essa resistência do povo e governo cubanos é louvável".

    O Ministério das Relações Exteriores do Irã escreveu em sua descrição diplomática que, quando estava em Caracas, "o Aiatolá Seyyed Ebrahim Raisi elogiou os anos de resistência do povo venezuelano contra o imperialismo".

    Em Manágua, Raisi declarou: "Os EUA queriam parar a nossa nação com sanções e ameaças, mas a nossa nação não apenas não parou, mas sim, usou as ameaças e sanções para construir e progredir".

    "Estamos certos de que a Nicarágua também pode superar as ameaças e sanções dos EUA, pois hoje os EUA estão em declínio e ficam mais fracos a cada dia", disse o falecido líder iraniano ao presidente Daniel Ortega.

    Ao se encontrar com o ministro das Relações Exteriores do governo revolucionário de Burkina Faso, Raisi "elogiou a posição e resistência dos países africanos contra o colonialismo e o terrorismo, descrevendo-a como um sinal de despertar".

    "A África é o principal motor do desenvolvimento do Sul Global", disse Raisi na cúpula do BRICS em agosto de 2023. "Felizmente, o peso político e econômico da África, que é uma parte inseparável do mundo em desenvolvimento, está crescendo constantemente".

    O falecido líder iraniano também foi um defensor vocal da desdolarização, promovendo o uso de moedas locais no comércio bilateral, para fortalecer a soberania econômica e minar a dominância do dólar dos EUA.

    "A hegemonia do mundo ocidental contribui para a hegemonia do dólar", disse Raisi em uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai. "Para criar uma nova ordem econômica, é necessário remover esse instrumento de hegemonia na prática mundial, usar moedas nacionais em liquidações entre países".

    Em uma visita a Jacarta em 2023, Raisi assinou um acordo para o Irã e a Indonésia desdolarizarem e usarem suas próprias moedas no comércio bilateral.

    Ao aceitar o convite de Teerã para se juntar ao BRICS, o falecido líder afirmou: "A República Islâmica do Irã apoia decisivamente os esforços bem-sucedidos do BRICS na direção da desdolarização das relações econômicas entre os membros, bem como o uso de moedas nacionais e o fortalecimento dos mecanismos do BRICS para pagamento e liquidação financeira".

    Falando perante o BRICS, ele também enfatizou que "um dos desafios no 'Mundo do Sul' é a continuação das políticas racistas, inseguranças decorrentes da opressão, ocupação, hegemonia e terrorismo estatal, especialmente do regime sionista - que não apenas impediu o povo palestino de exercer seu direito à autodeterminação, mas também o privou do direito ao desenvolvimento".

    Acima de tudo, Raisi demonstrou o apoio inabalável de Teerã à luta de libertação nacional palestina contra o colonialismo israelense.

    Em dezembro, Raisi organizou uma conferência global para apoiar a Palestina, que contou com representantes de mais de 50 países.

    Na reunião internacional, o falecido líder iraniano condenou os Estados Unidos como o "maior e primeiro violador da democracia no mundo". Ele reconheceu que a guerra genocida de Israel contra Gaza só era possível por causa do substancial apoio que recebe do império dos EUA, que ele condenou como um "sistema hegemônico global" baseado na opressão imperial.

    Publicado iriginalmente em: https://geopoliticaleconomy.substack.com/p/iran-raisi-brics-dollar-imperialism?utm_source=post-email-title&publication_id=457596&post_id=144838636&utm_campaign=email-post-title&isFreemail=true&r=9lbhd&triedRedirect=true&utm_medium=email

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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