O primeiro cadáver
"O assassinato de Marcelo Arruda em seu aniversário, em Foz do Iguaçu, é um crime previsível como a chegada do dia após a noite", escreve Paulo Moreira Leite
Basta recordar a postura de Jair Bolsonaro, através de estímulos verbais -- discursos e ameaças --, e materiais -- pela liberação geral da posse de armas -- para reconhecer que a morte de Arruda era um evento mais do que previsível.
O local talvez não fosse Foz do Iguaçu. A vítima não precisava estava comemorando o aniversário em companhia de amigos e da família. Mas é óbvio que o permanente estímulo do Planalto à violência política, ao longo de três anos e seis meses de mandato de Bolsonaro não poderia ter outro resultado.
Não custa lembrar que a palavra de um presidente da República sempre carrega uma promessa de impunidade.
"Aqui é Bolsonaro", gritou o policial-terrorista Jorge José da Rocha Guaranho, durante a primeira de duas investidas que terminaram na morte de Marcelo Arruda, capaz de mostrar valentia até o último minuto de vida.
Sob a ditadura militar, os cadáveres políticos jaziam no porão da tortura e da violência. Os criminosos vestiam uniforme e se dividiam entre dar ou cumprir ordens. No Brasil de nossos dias, a voz de comando é dispersa. Estimula e autoriza, fingindo que não se trata de uma ordem a operadores que à paisana.
Em julho de 2022, a situação do país é clara. Quando faltam três meses para uma eleição presidencial liderada pelo candidato em condições de dar um rumo ao país de acordo com as necessidades da maioria das brasileiras e brasileiros, atos como a morte de Marcelo Arruda, só interessam a parte ameaçada por uma colossal derrota nas urnas.
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