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Valter Pomar

Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

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O Proifes é pelego?

"Quanto ao surgimento do Proifes, o que posso dizer é que já na época, muitos de nós criticamos a iniciativa", diz Valter Pomar

(Foto: Valter Campanto / Agência Brasil )

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Acabo de ler uma “carta aberta à sociedade”, assinada pelo presidente do Proifes.

A carta pode ser lida aqui: 

https://proifes.org.br/carta-aberta-a-sociedade/ 

A carta reclama das acusações que estariam sendo feitas contra o Proifes, segundo as quais a referida entidade não passaria de um “mero escritório de representação do Governo: o PROIFES-Federação”.

Infelizmente, o autor da carta não cita quem disse o que, nem quando.

Isso seria fundamental, pois no Andes, no Sinasefe e na Fasubra há de tudo. Na última eleição do Andes, por exemplo, a chapa de que a maioria dos petistas fez parte teve 41% dos votos, a chapa do PSTU teve 14% e a chapa que ganhou teve 43%.

Como é óbvio, as críticas ao Proifes feitas por nós que somos petistas são diferentes das críticas feitas por outros setores. Óbvio que misturar tudo num só pacote interessa a quem quer apresentar o Andes como se fosse 100% dominado pelo PSTU, mas isto simplesmente não é verdade.

Por exemplo: o Proifes é pequeno? É. É pouco representativo? É. Mas este é um problema do Proifes. O nosso (PT) problema é que o negociador do governo resolveu dar ao Proifes um status que o Proifes não tem. E ao fazer isso, complicou ainda mais a situação.

Quanto ao surgimento do Proifes, o que posso dizer é que já na época, muitos de nós criticamos a iniciativa. E nós petistas que seguimos no Andes tivemos em torno de 40% dos votos nas três últimas eleições. Ou seja: sozinhos, somos maiores do que o Proifes. 

Os que saíram do Andes escolheram um jeito de lidar com as divergências bem diferente do nosso. Quem está certo? Se o critério for quem tem mais presença em Associações Docentes, a resposta já está dada.

Vale dizer que a pretensão do Proifes, de representar os professores dos Institutos Federais, esbarra na realidade e na justiça.

E acrescento ainda o seguinte: parte das bases do Proifes está na greve, contra a orientação da direção da federação. Esses são fatos, que a carta não comenta.

A carta do Proifes diz, ainda, que “o Andes hoje é um verdadeiro braço de organizações políticas que se colocam no campo da esquerda e da extrema-esquerda”. 

Deve ter sido um ato falho do autor da carta colocar num mesmo plano “ultraesquerda” e “esquerda”. Mas vamos aos fatos: como já foi explicado, a chapa integrada majoritariamente por petistas teve 41% dos votos na última eleição do Andes. Por 2% não ganhamos a diretoria, que não adota o método da proporcionalidade.

A ultra-esquerda propriamente dita teve 14%. E na chapa vencedora, que teve 43% dos votos, há de tudo um pouco, inclusive gente do PSOL, partido hoje aliado do PT. 

Óbvio que nós do PT divergimos da linha adotada pela diretoria. E, mesmo que esteja fazendo um esforço imenso para se comportar como sindicato, esta diretoria ainda carrega uma herança horrorosa da época em que era braço do Conlutas.

Entretanto, o problema real neste dia 31 de maio de 2024 não são os crimes cometidos no verão passado. O problema real é que há uma pauta de reivindicações que é legítima; e há uma greve que é representativa. E, curiosamente, a carta aberta não fala nada da greve.

É incrível, mas a carta se gaba do papel do Proifes nas negociações com o governo, omitindo o papel que a greve de técnicos e professores jogou no sentido de melhorar a proposta do governo. É como se as melhoras se devessem ao gênio do negociador e a generosidade da outra parte!

Deste ponto de vista, os argumentos usados pela carta endossam a crítica segundo a qual o Proifes adota o ponto de vista do governo, acerca do que seria ou não possível.

Nós, petistas que atuamos no Andes, mas também na Fasubra e Sinasefe, achávamos e seguimos achando que é possível algo mais. Estamos certos? Ainda não há como saber. O que dá para saber é que o Proifes escolheu não insistir. E seus argumentos para justificar esta postura não incluem, em absolutamente nenhum momento, o estado de ânimo das categorias em greve (palavra que, salvo engano não aparece em nenhum momento na carta).

Pergunto: quem age assim dá ou não dá margem para ser criticado? E não pelo que fez no passado, mas pelo que está fazendo (ou deixando de fazer) agora.

Enfim, espero que o governo, na negociação marcada para 3 de junho, revele um pouco mais de sensibilidade política com os técnicos e professores. Tipo a que demonstrou ter com a PF e com os policiais rodoviários federais.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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