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Ivan Guimarães

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O PT Digital e o Analógico

"O PT precisa compreender que a TV mudou e estamos na era do smartphone, onde as informações e a propaganda se misturam o tempo todo", escreve Ivan Guimarães

Lula em debate na Globo em 1989 e Lula nos dias de hoje (Foto: Reprodução/Youtube | Ricardo Stuckert)

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O PT analógico era muito mais divertido que o Digital.  Lembremos da eleição de 1989, a primeira campanha presidencial desde 1960. A TV foi o principal palco da disputa. Onipresente nos lares brasileiros, cada minuto era visto por milhões de Pessoas.  

Havia 21 candidatos da oposição e 1 da situação, Paulo Maluf, e o PT se destacou muito. A oposição tinha gente competente como Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, Mário Covas, Lula da Silva e até mesmo  Collor de Mello, todos antagonistas de José Sarney.  

Todas as técnicas foram usadas, as memoráveis e as nem tanto. Fake News? Narrativas tortas? Existiam de todo o tipo. Isso para não falar de todos os truques sujos, daqueles que nunca pedimos perdão. 

Contando com 10 Minutos por dia (em dois horários), Lula partiu de 7% no Ibope para 14,2% nas urnas. Já Collor partiu de 39% para pouco mais de 26%. Esse foi o primeiro turno. 

Eram tempos analógicos. Fotos eram em papel, toda a TV era em fita (tape), toda filmagem exigia uma equipe de duas dezenas de pessoas.  E a Internet só começou a funcionar no Brasil em 1996. E era muito diferente de hoje. 

Nesse cenário analógico, o PT ia de vento em popa. Baseado numa premissa que para comunicar rapidamente com a população, O PT se referenciou em modelos de comunicação consagrados e próximos da população. Surgiu então a Rede Povo, uma versão Bem-humorada da Rede Globo. Nela, os jovens atores interpretavam paródias de programas da emissora, na qual muitos trabalhavam. Egressos do grupo carioca Asdrúbal trouxe o trombone, faziam caricaturas cruéis, piadas ácidas, críticas na ponta da língua e algo que definirei como a boa e velha sacanagem carioca. Eram as armas da geração 80.  Foi um sucesso de arrepiar, que incentivou muitos outros artistas a apoiar a candidatura .E se Repetíssemos esse modelo, quais seriam os resultados?  Provavelmente nenhum.    

Na comunicação atual vigora outra lógica. No reinado da TV era uma mensagem passada para toda a audiência.  Agora mudou, cada cidadão busca a sua verdade na Internet. 

O genial Orson Welles, em 1938, fez os EUA acreditar que os marcianos estavam invadindo a Terra. Com “A Guerra Dos mundos” mostrou como é possível uma narrativa construir um simulacro de verdade, mesmo que sem uma gota de realidade. Ele não tinha nenhum recurso tecnológico, mas dominava a narrativa melhor que qualquer um. 

Esse é o mundo digital, onde a comunicação se torna sob demanda, atemporal e sem controle.  Nesse Ambiente, o PT perde de lavada.    O recente protagonismo de Haddad, atacado pela reforma fiscal por diversos aspectos secundário (blusinhas), mostrou um PT que divulga uma “nota oficial” e espera que seja lida enquanto a tempestade passa,  

O PT analógico não compreende o mundo digital. Já tentou comprar “influencers”, mas não resolveu nada. Acho que não saber sobre algo não deve ser motivo de vergonha, mas não querer saber sim. Já está mais do que na hora das “capas pretas” (expressão anos 80) assumirem que não sabem e chamarem o Janones  para dar umas aulas. Não só ele, mas há muita gente no campo da Frente Única que também devem ser chamados. O PT precisa se digitalizar se quiser ter um lugar no futuro. Compreender que a TV mudou estamos na era do smartphone, onde as informações e a propaganda se misturam o tempo todo. 

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