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    Miguel Paiva

    Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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    O que aprendemos com a pandemia

    "A falta é enorme e ainda temos que acordar todos os dias, com um pouco de esperança renovada pelo avanço da vacinação, mas com a ameaça constante dessa presidência que persiste", escreve Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

    (Foto: Miguel Paiva)

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    Por Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

    Primeiro de tudo que esse governo é responsável por pelo menos a metade dos mortos pela Covid- 19. Estimulou o não uso de máscara, a aglomeração e a negação da vacina. Agora se diz responsável pela vacinação intensa. Mentira. Foi a ciência e o povo brasileiro que foi se vacinar. Essa carona e perversa. Aprendemos também que este governo não engana mais ninguém, só quem não precisa mais ser enganado. Pensa como ele e eles existem. Estão aí desde sempre só que agora o presidente da república abriu a porteira e eles saíram. Mas o povo não é bobo. Vai usar este aprendizado para dar um novo destino ao país.

    Aprendemos a um duro custo que o isolamento às vezes salva-vidas. Pode salvar também o contágio de más companhias apesar de ameaçar nossa saúde mental. Precisamos de companhia, mas essa companhia tem que ter significado de vida.

    Neste isolamento que fomos obrigados a viver aprendemos o valor dos livros, do conhecimento através da leitura e da troca de experiências com nossos pares também interessados através dos grupos de WhatsApp. As conversas às vezes são excessivas, mas o ganho é enorme. Nesses grupos trocamos também informações fundamentais sobre séries e filmes nas plataformas de streaming. A Netflix e outras quase foram beatificadas apesar das dúvidas sobre os milagres que causam. A Netflix é a mais bem estruturada, a que funciona melhor. Tem bons filmes e produções locais. Também tem muita bobagem, mas onde não tem?

    As outras, apesar dos bons catálogos sofrem de falta tecnológica para fazerem mais sucesso. Esse aprendizado todo também se deve ao tempo que passamos diante dos celulares, computadores e televisores. Nossos olhos devem ter se comprometido com tantas horas diante dessa luz eletrônica que ainda desconhecemos. Mas muita companhia foi feita nas madrugadas insones. Outras pessoas devem ter dedicado seu tempo aos jogos eletrônicos. Não sou um desses, mas reconheço a importância que tiveram neste período.

    As relações foram mexidas de modo radical. Muita gente se separou, mas achou melhor continuar morando junto. Medida de economia e de precaução sanitária. Alguns casamentos até foram reatados, outros se acabaram definitivamente. Acho que poucos novos começaram. Daqui pra frente, talvez, mas esse sossego forçado nos fez refletir sobre a vida, o que vale a pena ou não. Deve ter sido importante pra muita gente assim como acho que deve ter acontecido o contrário, um desbunde mais sério, um “desmadre”, como diriam os argentinos. Difícil manter a saúde mental ou o (des) equilíbrio sem um auxílio luxuoso, pelo preço, e nocivo pelos efeitos. Mas aconteceu, certamente. Muitos amigos e conhecidos morreram de covid. Nunca convivemos tanto com a morte como nesse período. Foi duro, dramático e revoltante. No início por desconhecimento e despreparo, mas depois por negação ou má- intenção. Foram muitas as perdas, algumas nunca mais vamos recuperar. A falta é enorme e ainda temos que acordar todos os dias, com um pouco de esperança renovada pelo avanço da vacinação, mas com a ameaça constante dessa presidência que persiste. Fruta ruim não cai do pé. Verdade. Mas também não aprende lições. Nós aprendemos e as conclusões que eu chego não conto pra eles. Uso como energia e combustível ainda a um preço controlável para seguirmos em direção ao futuro, e aí esse aprendizado vai ficar eternizado na nossa memória. Essa não morre. Resiste e vira História.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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