O retorno dos Omnívoros
Há o paradoxo do sentimento da igualdade entre humanos e animais. Principalmente os veganos utilizam razões éticas e morais
Muitas vezes somos interpelados com discursos morais que nos igualam a verdadeiros monstros por consumirmos produtos advindos do reino animal. Quem ainda não foi interpelado principalmente pelos veganos da brutalidade de comer um pedacinho de carne, uma coxinha de galinha ou mesmo até um bom ovo frito.
Eu sempre que sou questionado por minhas condutas alimentares, simplesmente digo que fazer experiências sociológicas mudando hábitos alimentares que nossos antepassados possuem há mais de 10 mil anos (falando do homem sapiens, se formos para espécies que nos procederam esse tempo no mínimo pode ser multiplicado pelo milhar. Além dos aspectos da tradição milenar do consumo de produtos de origem animal, há o paradoxo do sentimento da igualdade entre humanos e os animais. Principalmente os veganos utilizam razões éticas e morais para dizer que não devemos por solidariedade aos animais, não sujeita-los ao nosso domínio, porém verifico que há nesse raciocínio um verdadeiro paradoxo da síndrome divina dos veganos, ou seja, eles negam a nossa condição de um animal omnívoro, para dizer que os humanos se afastaram tanto dos animais que criamos uma consciência divina de tal forma que não temos a mesma condição dos outros animais que se alimentam sistematicamente de tudo que a sua natureza permite. É um paradoxo, pois se temos que nos diferenciar dos carnívoros e omnívoros porque como somos todos animais sencientes ao mesmo tempo que nos colocamos num grau superior de consciência para não seguir a tendência de todos os outros animais. Resumindo, se somos iguais para respeitá-los não somos iguais para ter o mesmo comportamento.
Mas o último argumento que é utilizado pelos adeptos dessa religião (no momento que nos colocam num grau de superioridade, nos tornam semideuses da religião vegana) é a saúde. Há uma verdadeira lenda urbana que coloca os veganos como sendo pessoas mais saudáveis física e mentalmente, porém esse argumento cai como uma pedra ao lermos o trabalho de revisão intitulado “Meat and mental health: a systematic review of meat abstention and depression, anxiety, and related phenomena”, Urska Dobersek e seus colaboradores, pesquisando mais de 7.102 artigos científicos sobre o assunto, filtram cuidadosamente essa plêiade de opiniões científicas, retirando todos aqueles que por um motivo ou outro, poderiam resultar num viés nas suas conclusões ou não poderiam ser comparáveis entre si. O filtro foi tão rigoroso que só restaram 18 artigos e mesmo com essa filtragem eles qualificam os artigos em termos de rigor científico.
A equipe sentiu a necessidade de elaborar esse trabalho pelos seguintes motivos: Trabalhos anteriores não mostraram diferença em termos de expectativa de vida quando retirado dos dois grupos (os não comedores de produtos animais versus os humildes seguidores de práticas milenares) fatores como tabagismo, obesidade e outras características que naturalmente encurtam a vida dos humanos, logo restou a eles estudar fatores psicológicos que podem levar esse tipo de diferenciação na alimentação, fatores primários como depressão e ansiedade e secundários como automutilação e tendência ao suicídio. Também um motivo que levou ao estudo foi o aumento desses problemas de saúde psicológica, que segundo dados da OMS 300 milhões de pessoas sofriam de depressão (4,4% da população global) e mais de 260 milhões de pessoas (3,6% da população global) sofriam de ansiedade, chama-se atenção segundo a própria OMS é que as doenças mentais vem se tornando a maior causa de incapacidade em todo o mundo. Também os autores chamam atenção que os discursos sobre a vantagens de dietas vegetarianas e veganas foram lançados numa época em que o estudo da nutrição humana ainda engatinhava e as evidências dessa pseudo alimentação mais saudável era mais propagandístico do que científico.
Com os 18 artigos selecionados, provenientes de diversos continentes e pareados segundo critérios bem definidos para idades de 10 a 99 anos chegou a uma amostra extremamente significativa de 160 mil pessoas resultando em 149 mil comedores de carne e 8,5 mil abstêmios. Dos trabalhos considerados a priori de melhor qualidade os autores verificaram que as pessoas que foram diagnosticadas clinicamente com depressão houve um aumento de 15% das taxas de depressão dos não comedores de carne e aproximadamente o dobro para os com ansiedade.
Porém o resultado mais preocupante é vindo de dois trabalhos extensos um australiano e outro norte americano, o primeiro somente com mulheres e o segundo com adolescentes onde no primeiro caso a tendência a automutilação deliberada (tentativas de suicídio) em 9113 mulheres era três vezes maior nas que não comiam carne do que as que comiam, já nos adolescentes norte-americanos (4746) a diferença entre os abstêmios de carne para os carnívoros era de 18,3% versus 8,6%, ou seja, um pouco mais do que o dobro.
Já itens mais subjetivos, como percepção ao humor, não foram tão conclusivos os estudos feitos, havendo uma situação de percepção a um melhor humor de um grupo de adventistas do sétimo dia, onde por razões teológicas levam aderir ao vegetarianismo uma correlação na direção contrária, mas tem que se levar em conta que é uma opção religiosa e a percepção é descrita pelas próprias pessoas. Em outro grupo separado de um grupo maior as tentativas de suicídio foram 25% nos abstêmios de carne contra 17% dos carnívoros.
Os autores chamam a atenção que a tendência à depressão maior nos não comedores de carne poderiam ser anterior a dieta, coisa que não foi estudado de forma sistemática em nenhum dos estudos, ou seja, que os deprimidos por motivos pessoais tem tendência maior a aderir a pautas de consciência do sofrimento dos animais, ou seja, pode em parte haver uma inversão na causa-efeito, porém eles chamam a atenção também que quem adota dietas veganas e vegetarianas tem grande tendência de retornar a um consumo de carne, isso poderia ser causado tanto por necessidades orgânicas ou mesmo por condicionamentos sociais.
Apesar de mostrar números surpreendentes, com a maior tendência a automutilação voluntária (tentativas de suicídio) em mulheres e adolescentes, não se pode dizer enfaticamente que alimentação vegetariana e vegana fazem mal a saúde, porém dizer que elas são mais saudáveis do que se alimentar com carne, isso fica claro que é uma imensa falácia, ou seja, por favor, quando estiver comendo meu bifinho, não me venham fazer preleções morais e religiosas e se não gostarem da imagem vão comer em outro local.
Antes de terminar vou colocar aqui um dos objetivos principais do estudo, o estabelecimento de POLÍTICAS PÚBLICAS sobre alimentação. O que conclui o trabalho é que políticas de incentivo ao vegetarianismo e ao veganismo são desaconselháveis para os governos, sugerindo que sejam implementadas políticas de alimentações equilibradas que não sejam baseadas e crendices modernas sobre o incentivo dessas “religiões” baseadas em achismos fruto de uma concepção errônea que o não consumo de carne seja uma opção geral para implementação de políticas de alimentação, pois essas crenças podem em adultos aumentarem a depressão e em jovens e mulheres aumentarem significativamente a automutilação deliberada (tentativas de suicídio) principalmente em idades que as pessoas são mais sujeitas a seguir influências exóticas.
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