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Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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O silêncio é cúmplice do holocausto

"Sob a alegação de combater o terrorismo, Israel espalha o terror", dispara Reimont Otoni

Ataque de Israel em Khan Younis, sul de Gaza (Foto: REUTERS/Mohammed Salem)

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Em seu discurso, na 16ª Cúpula do Brics, transmitido por vídeo-conferência, o presidente Lula conclamou o mundo em defesa de um cessar-fogo efetivo em Gaza e no Líbano, que reconheça o estado Palestino e coloque um fim ao extermínio daquele povo. Disse Lula: “Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.

O apelo emocionado é urgente, frente à aceleração da voracidade de Israel. 

Os últimos dias trouxeram mais imagens, declarações e informações repugnantes e que comprovam a intenção genocida do governo israelense em relação, hoje, a Palestina e ao Líbano, mas com ameaça a todo o Oriente Médio e à paz mundial.

Essa intenção fica muito evidente nas palavras de Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional do governo de Benjamin Netanyahu, que defendeu abertamente a ocupação da Faixa de Gaza por assentamento de israelenses. 'A terra de Israel é nossa', disse ele no evento 'Preparando para Reassentar Gaza'. Para eles, a “terra de Israel” inclui os territórios palestinos, que desde 1948 vêm perdendo suas fronteiras para o sionismo.

Na última semana, vimos pessoas ardendo em chamas, em Gaza, vimos prédios residenciais demolidos a bomba, em Beirute, capital do Líbano. Uma ferocidade sem precedentes na História. Ontem, 25/10, Israel abriu novas frentes de guerra, com ataques ao Irã e a Síria.

Gaza, uma das cidades mais antigas do mundo, está devastada – não há mais escolas, hospitais, universidades, templos, museus, cinemas, vida. A ONU calcula que a reconstrução do país demandará 350 anos! 

Toda a população palestina vaga de um lado pra outro, em uma tentativa desesperada de fugir dos ataques e sobreviver. Quase nunca é possível. 

As mortes identificadas se aproximam da casa de 43 mil, quase 2% da população palestina! Mais da metade das vítimas é de crianças, mulheres e idosos. Há ainda milhares e milhares de soterrados nos escombros dos bombardeios, que talvez nunca venham a ser encontrados.

E os números têm trágicas atualizações diárias. Na quinta-feira, 24/10, um ataque israelense atingiu uma escola no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. Ao menos 17 pessoas morreram, a maioria mulheres e crianças, entre elas, um bebê de 11 meses. Ontem, 25/10, um bombardeio atingiu duas casas no bairro de Al-Manara, no sul da cidade de Khan Younis, uma das mais populosas do enclave palestino; pelo menos 38 pessoas morreram, incluindo 14 crianças sufocadas pela fumaça provocada pelos mísseis israelenses. 

No norte de Gaza, onde uma área ao redor da cidade de Jabalia tem sido alvo de uma cruel ofensiva há semanas, as forças israelenses invadiram o Hospital Kamal Adwan, um dos poucos ainda em atividade. Cercaram e bombardearam o local.

Da legião de mais de 100 mil palestinos feridos de todas as idades, a maioria sofreu amputações pelas bombas e quase sempre pela falta de acesso a hospitais e a insumos básicos para atendimento e tratamento, bloqueados pelo exército israelense de ocupação. Mais uma vez, as crianças são as principais vítimas.

Uma reportagem do site A Pública, de 3 de outubro, denuncia que, só até junho, um total de pelo menos 2 mil crianças em Gaza teve uma ou ambas as pernas amputadas, de acordo com as Nações Unidas: é o equivalente a aproximadamente dez crianças amputadas por dia. Muitas delas precisaram ser operadas sem anestesia, sem instrumentação e assepsia adequadas, em locais inapropriados. Leiam a reportagem e tentem não chorar.

No Líbano, o terror se repete. Em setembro, um ataque cibernético atribuído a Israel explodiu centenas de pagers e walkie-talkies, no Líbano e também na Síria, vitimando 3.500 libaneses, com 42 mortes, incluindo de crianças. Trezentas pessoas perderam os dois olhos, 500 perderam um dos olhos, várias tiveram as mãos amputadas. 

Desde 1º de outubro, quando o exército de Netanyahu invadiu o Líbano, 1,2 milhão de libaneses foram deslocados, o número de mortos se aproxima da casa de 2 mil pessoas e há mais de 10 mil feridos. Mais de 500 mil pessoas fugiram do Líbano para a Síria.

Nem mais velar os mortos parece possível. No último dia 23, um caça israelense bombardeou a casa da família Ezzeddine, na vila de Tefahta, no sul do Líbano, onde mais de 20 pessoas estavam reunidas para um funeral, 19 delas morreram.

Nas últimas 24 horas, 125 ataques aéreos e bombardeios foram registrados em várias áreas do Líbano, concentrados principalmente no Sul e na cidade de Nabatiyeh, elevando o número total de ataques para 11.085, desde o início da agressão. O Ministério da Saúde libanês informa que pelo menos 41 pessoas foram mortas e outras 133 ficaram feridas.

Sob a alegação de combater o terrorismo, Israel espalha o terror. Não começou agora. O que Israel faz hoje, sob o comando de Netanyahu e com o apoio dos Estados Unidos, é acelerar um processo em curso há mais de sete décadas e que envolve interesses no petróleo e no domínio de fontes de água potável, especialmente da Bacia do Rio Jordão, que abastecem Israel, Líbano, Síria e Jordânia.

Gaza é a porta de entrada estratégica nessa disputa cruel. A paz tem que passar por Gaza.

Entre 1947 e 1949, mais da metade da população palestina foi expulsa de suas casas. Atualmente, Israel ocupa mais de 20 mil quilômetros quadrados do território (76% da área), aos palestinos cabem apenas 6 mil quilômetros quadrados (24%), em Gaza e na Cisjordânia, também ocupada. Em 1947, uma lei internacional, destinou 55% do território que pertencia a Palestina à criação do Estado de Israel; os 45% restantes caberiam à criação do estado palestino independente, soberano, o que jamais ocorreu e que precisa acontecer, em nome da Humanidade. É urgente!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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