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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    O Sputnik de Putin

    "No dia 4 de outubro de 1957, a agência Tass, porta-voz oficial do governo Krushev anunciou que a União Soviética havia lançado ao espaço, com sucesso, 'o primeiro satélite artificial da Terra'. A reação do mundo foi do espanto à desconfiança e à incredulidade. O mesmo espanto e a mesma desconfiança tomam conta do mundo com o registro da primeira vacina contra o Covid-19", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    Vladimir Putin (Foto: Kremlin | REUTERS)

    Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    No dia 4 de outubro de 1957, a agência Tass, porta-voz oficial do governo Krushev anunciou que a União Soviética havia lançado ao espaço, com sucesso, “o primeiro satélite artificial da Terra”.

    O “Sputnik” era uma esfera de 83 quilos e 53 cm de diâmetro, com um transmissor de rádio em seu interior, cujo objetivo era cumprir trajetória elíptica, a 900 km de altura, dando uma volta à Terra a cada 1 hora e 35 minutos.

    Imaginem o impacto da notícia. A Terra tinha até então um satélite só: a Lua. Passara a ter um a mais, artificial. Os russos tinham conseguido colocar um objeto em órbita da Terra, o que possibilitou os voos cósmicos posteriores, a partir do de Yuri Gagarin.

    A reação do mundo foi do espanto à desconfiança e à incredulidade.

    A agência de notícias United Press, dos EUA, afirmou, a 5 de outubro de 1957, cheia de dedos, que “a BBC anunciou, nas primeiras horas de hoje, sábado, que havia captado sinais de rádio que poderiam ser do satélite artificial que a URSS anunciou ter lançado”.

    “Poderiam ser”… “anunciou ter lançado”…

    O mesmo espanto e a mesma desconfiança tomam conta do mundo com o registro da primeira vacina contra o covid-19, também batizada, propositalmente, de Sputnik, pois se destina a causar o mesmo impacto do xará espacial.

    Tal como em 1957, surgem dúvidas e questionamentos: foi muito rápido… não seguiu o protocolo… estudos não foram publicados.

    Não acredito que Putin seria irresponsável a ponto de lançar uma vacina que não funciona ou que tem efeitos colaterais só para ser o primeirão.

    Concordo que ele é um tzar e que busca se perpetuar no poder e, sem dúvida, a vanguarda no combate à maior pandemia dos últimos 100 anos é um trunfo indiscutível. Mas não iria mandar vacinar os russos se não tivesse certeza que os está protegendo e não expondo a riscos. Todo tzar para se perpetuar no poder precisa de povo porque sem povo não há arrecadação de impostos.

    Também penso que Putin não correria o risco de ser desmascarado, no caso de a vacina ser um placebo ou coisa pior.

    Mentira tem perna curta é um provérbio que ele conhece muito bem.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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