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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    O terrorista que se atrasou para a "festa da Selma"

    "O cenário e o modus-operandi lembram o 8/1", avalia Alex Solnik

    Viaturas policiais em frente ao Supremo Tribunal Federal (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

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    Até às 19h30 de ontem, a expressão “homem-bomba” designava, entre nós, no jargão jornalístico, alguém que iria revelar informações cabeludas, daquelas que poderiam abalar a República, gente como Eduardo Cunha, Pedro Collor, Roberto Jefferson e outros.

    Homens-bomba de verdade, de carne e osso, eram os terroristas da Al Qaeda, aqueles que se autoexplodiam muito longe do Brasil.

    Para quem é rato de cinemateca, “homem-bomba” era o Pierrot de Jean-Paul Belmondo, que se explodia no fim de “O demônio das 11 horas”.

    Ontem foi o dia em que o Brasil conheceu seu primeiro “homem-bomba” ao pé da letra.

    A primeira impressão que eu tive foi que ele chegou à Praça dos Três Poderes com dois anos de atraso. Ou esperou dois anos para fazer uma “festa da Selma” sozinho.

    A conexão com o 8/1/2022 é evidente, os alvos foram os mesmos: o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF. O modus operandi, tipicamente terrorista, também. A diferença é que os vândalos do 8/1 queriam matar a democracia, mas sobreviver, e esse cara queria matar a democracia e se matar.

    “Maluco”, “suicida” ou “terrorista”? Os três epítetos cabem nele.

    Porque ele fez isso é uma pergunta que nunca será respondida, ele não está mais aqui para dizer. 

    Mas há outras perguntas no ar, à espera de respostas. 

    Como e de quem ele comprou os explosivos? Ninguém compra bombas em supermercado.

    Agiu sozinho ou faz parte de uma célula terrorista?

    Há outros “homens-bomba” anônimos em cidades aparentemente bucólicas e pacatas?

    O efeito mais funesto de atos terroristas como esse é disseminar o pânico, apavorar todo mundo, não só no local onde foi cometido, mas em todo o país.

    Se aconteceu naquela que deveria ser a cidade mais protegida do país, pode acontecer em qualquer lugar.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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