O 'time dos sonhos' sionista na administração dos Estados Unidos
"É difícil formar uma administração mais adequada à extrema direita sionista do que a anunciada por Trump"
Qualquer pessoa que fosse tão ingênua e imaginativa a ponto de acreditar que Donald Trump seria mais justo com o povo palestino do que Joe Biden e Kamala Harris deve ter ficado profundamente decepcionada. Especialmente aqueles que acreditavam nisso, como os dois indivíduos citados: o palestino-estadunidense Bishara Bahbah, presidente da “Associação Árabe- estadunidense de Apoiadores de Trump”, e o indiano-americano Rabih Choudhury, presidente da associação “Muçulmanos Apoiadores de Trump”. Isso porque as nomeações anunciadas até agora pelo presidente eleito para ocupar os cargos em sua próxima administração encheram Benjamin Netanyahu e seus aliados de felicidade e alegria.
De fato, o correspondente do jornal britânico The Guardian citou colonos e pessoas ao seu redor. Os membros da extrema direita sionista descrevem a administração cujas características vêm se consolidando nos últimos dias como um verdadeiro “Dream Team”. Essa mesma expressão foi utilizada por Matt Brooks, chefe da “Coalizão Judaica Republicana”, que apoia figuras judaicas nas fileiras republicanas, segundo o New York Times. Brooks expressou sua confiança de que Israel obteria apoio total da nova equipe para a liquidação do “Hamas” e do “Hezbollah”, além de conter as ambições nucleares iranianas.
A situação é que é difícil formar uma administração mais adequada à extrema direita sionista do que a anunciada pelo presidente eleito estadunidense. Entre os primeiros nomes revelados por Trump está o de Mike Huckabee, uma figura proeminente do movimento “Cristão Sionista” nos Estados Unidos, que será o embaixador de Trump em Israel. Huckabee afirmou à Rádio do Exército Israelense, após sua nomeação, que nenhum presidente estadunidense contribuiu mais para “garantir a soberania de Israel” do que Trump e que está completamente confiante de que isso continuará. Huckabee é conhecido por sua crença de que Deus deu a Cisjordânia a Israel (ele prefere chamá-la de “Judeia e Samaria”, em conformidade com o discurso sionista) e por sua oposição à retirada israelense de Gaza em 2005, com base em sua alegação de que a faixa “historicamente pertence aos judeus”.
Na verdade, em uma entrevista recente, Huckabee negou a existência de “palestinos” (segundo ele, seriam apenas árabes que habitavam a Terra de Israel) e vangloriou-se de ser “um sionista assumido e irremediável”.
Em apoio à guerra sionista de genocídio em Gaza, e acusando Biden e Harris de serem relutantes em apoiar Israel e em combater o “antissemitismo” que ela identifica na campanha de solidariedade com o povo de Gaza e no Movimento de Boicote (BDS), ela descreve os opositores da guerra genocida como “fantoches” nas mãos do movimento “Hamas”, que ela associa à organização ISIS e à Al-Qaeda.
Mesmo que o Senado dos EUA rejeite qualquer um dos homens e mulheres nomeados por Trump para compor sua próxima administração (e essa rejeição pode afetar Pete Hegseth e Tulsi Gabbard, em particular, além do indicado para o cargo de Procurador-Geral), é certo que aqueles nomeados para substituí-los não serão menos entusiasmados em apoiar o Estado sionista e seu governo de extrema-direita, como mencionado anteriormente. Como Trump é o “presidente dos sonhos” da extrema-direita sionista, é natural que sua administração forme uma “equipe dos sonhos” aos olhos desse grupo. Quanto ao povo palestino e outros povos do Oriente Médio, esses sonhos são verdadeiros pesadelos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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